A História do Urbanismo
Por: Filos Empresa Júnior - Barra do Bugres • 7/11/2017 • Trabalho acadêmico • 1.154 Palavras (5 Páginas) • 237 Visualizações
Disciplina: História do Urbanismo
Discente: Thalysson Paulo A. Pacheco.
O processo pelo qual passou a aceitação da transferência da capital do país para o interior, também foi um tanto quanto contraditório. Enquanto deputados, Juscelino Kubitscheck e Israel Pinheiro defendiam a proposta de transferência da capital, desde que se fosse transferida para Minas Gerais, mais especificamente o Triângulo Mineiro, ironicamente a origem eleitoral de ambos. Entre outras situações de negação da transferência da capital para o interior, Brasília deixou de ser uma utopia em Jataí, em 4 de abril de 1955, quando em um discurso Kubitscheck é questionado por um cidadão sobre a veracidade da transferência da capital para Goiás, e Juscelino afirma pela primeira vez em um discurso público que sim.
A NOVACAP ”Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil” viabilizou a realização do concurso e a construção da nova capital. Os pontos fulcrais da criação desta companhia eram, por exemplo, o planejamento e a construção da nova capital, a coordenação de todos os projetos e obras necessárias para a construção da cidade e ainda as negociações de posses e empréstimos de imóveis da área. No decorrer do processo, mesmo com o interesse declarado de Le Corbusier em participar do projeto, em 1956, até pelo caráter ufanista da obra, JK nomeia Oscar Niemeyer como Diretor do Departamento de Arquitetura da Companhia Urbanizadora. Assim, JK confere a Niemeyer ainda toda a responsabilidade de projetar toda a cidade, mas, o mesmo se nega e sugere a implementação de um concurso nacional e que ficaria sobre sua responsabilidade apenas os projetos dos edifícios de caráter administrativos.
Um aspecto importante do concurso é que dentro da proposta do IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil – entre outros tópicos, havia um modelo base para formar a comissão julgadora com sete integrantes. Dentro desta comissão julgadora, três dos integrantes seriam arquitetos urbanistas estrangeiros, e a lista com os possíveis nomes para compor estas três vagas, continha apenas adeptos do modernismo. Logo, era possível compreender que o projeto vencedor seria escolhido baseado nos preceitos modernistas e estrangeiros para ser mais específico. A partir das propostas do IAB, a NOVACAP mobilizou-se a fim de efetivar o edital do concurso que foi organizado por Israel Pinheiro, Ernesto Silva, Oscar Niemeyer, Raul Pena Firme e Roberto Lacombe e, publicado em setembro de 1956, porém, previa mínimas soluções para uma ideia urbanística, contendo informações rasas. Assim, como ficou muito confusa a compreensão do edital, gerando várias críticas, houve em resposta uma carta de Israel Pinheiro e uma circular de Oscar Niemeyer que traziam informações adicionais.
No total foram inscritos 62 concorrentes no concurso, dentre eles Paulo Antunes Ribeiro que tornou-se membro do júri, Lúcio Costa que havia negado diversas vezes a participação no concurso e que foi inclusive o autor da proposta vencedora desvinculado de qualquer equipe, uma única mulher, Sonia Marlene de Paiva, algumas equipes de arquitetos e algumas construtoras especializadas em engenharia. Em meio a isso tudo, há a polêmica negação de Afonso Eduardo Reidy de se inscrever no concurso, visto que ele e R. Burle Marx foram os proativos da vinda de Le Corbusier para coordenar os planejamentos da nova capital, sugestão negada pelo presidente da república, dessa forma, negou-se a participar, visto que o quadro que se formava era apenas a favor de Oscar Niemeyer. Mais tarde, um depoimento de uma das pioneiras no planejamento da nova capital, Carmem Portinho, justifica uma série de fatores, inclusive a não participação de Reidy, onde a mesma refere-se ao concurso como um jogo de cartas marcadas.
Outro ponto é que houve discordância na escolha do projeto vencedor, visto que, já no primeiro dia de avaliação há uma oposição de ideias, onde o francês Vine sugere que dentro dos 26 projetos, com tantas variedades, apenas 10 fossem selecionados primeiramente para serem analisados mais a fundo. Paulo Antunes Ribeiro em contrapartida sugere que todos fossem analisados, sem muito sucesso, já que a proposta do francês foi acatada pelo restante. Como a análise destes 10 projetos seria feita de maneira mais aprofundada, Antunes sugere que o dia 14 fosse destinado a avalições individuais de cada jurado e que o relatório com a decisão final fosse dissertado apenas no dia 15, por todos. Entretanto, no dia 15, Oscar Niemeyer apresenta à Antunes um relatório já finalizado com a lista de ganhadores, relatório este realizado pelos estrangeiros, mas por discordar dos métodos adotados, Paulo Antunes Ribeiro se nega a assinar e abandona o local.
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