A NOVARQUITETURA
Por: Ita Carvalho • 18/11/2020 • Resenha • 830 Palavras (4 Páginas) • 205 Visualizações
Bauhaus: Novarquitetura, por Walter Gropius
Itanara Muniz de Carvalho Lima[1]
GROPIUS, Walter. Bauhaus: Novarquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1977.
Walter Gropius foi um arquiteto de origem alemã que imigrou de forma forçada para os EUA em 1937 e se dizia estadunidense desde então. Considerado um dos principais arquitetos do século XX, foi o pai da Bauhaus, por ter sido fundador e diretor dessa escola que foi um marco na arquitetura, design e no movimento moderno.
A obra apresenta uma diversidade de questões relacionadas à arquitetura e ao urbanismo, às visões, conclusões, percepções e bases práticas-teóricas de Gropius sobre o tema. Visto que a Bauhaus, o tema tratado, pode ser entendida como um resumo das suas ideias ao longo do seu caminho adjacente à arquitetura.
O livro possui uma estrutura bastante didática. Divide-se em vários capítulos com temas específicos, que podem ser lidos isoladamente como uma consulta, sem necessidade do contexto dos capítulos anteriores. Entretanto, para entender sobre a didática proposta pela Bauhaus para as demais escolas acadêmicas dos cursos relacionados às artes, os primeiros capítulos são os indicados para entender minuciosamente como funciona essa inovação no meio acadêmico estéril e estagnado, assim como define o autor, como era em tempos antigos antes da ruptura do modernismo.
Possui uma leitura simples e, ao mesmo tempo, densa em conteúdo, críticas e reflexões bastante destinadas aos estudiosos da área, com uma contribuição de G. Warchavchik[2] em sua breve homenagem a Gropius, a qual contextualiza o leitor sobre quem foi Gropius e quais foram os seus feitos. Permitindo, assim, que não só os estudiosos possam lê-lo, mas também que curiosos sobre o tema possam se informar sobre as questões tratadas apenas com a leitura do livro e entender um pouco como funciona cada parte dividida em tópicos à respeito da arquitetura, em especial a moderna, dita por Gropius como sendo "a nova arquitetura".
Os primeiros capítulos, tão mencionados, introduzem os leitores leigos e curiosos sobre a temática, os quais se interessam pela criatividade no mundo das artes e design. Isso se exemplifica quando o autor trata sobre a linguagem visual, as percepções teóricas de experiências humanas em determinado ambiente, como, por exemplo, ao falar sobre a influência das cores em cada ambiente específico para um público alvo ou sobre a utilização da ilusão de óptica, explicando inclusive, a anatomia da visão para uma melhor compreensão sobre o que ele pretende passar de conhecimento ao leitor enriquecendo a obra.
Esses dados mostram as suas principais ideias e intenções reais para acrescentar à sociedade, nas quais o autor acredita que sejam válidas nesse ramo artístico, introduzindo um método de ensino mais livre, prático e necessário que induzam ao processo criativo e façam o aprendiz refletir sobre como a sua produção influencia o meio no qual será inserida e os meios em que ele pode trabalhar.
Assim, contrapondo a visão restrita que muitos tinham e têm do Movimento Moderno e seus princípios como os chamados “estilo internacional”[3] ou “estilo Bauhaus”. Gropius faz essa ressalva em sua obra explicando que a intenção da Bauhaus não era criar um “estilo arquitetônico”, isso era, na verdade, o oposto do que pretendiam. Suas reais intenções com toda a ruptura obtida com o Movimento Moderno e a criação da Bauhaus, eram justamente ir contra o academicismo rígido e exercer forte influência no design, a fim de incrementar uma nova postura para desenvolver uma consciência criadora e levar a uma nova concepção de vida. Apesar de bastante funcionalistas, não fazia parte dos ideais modernistas a restrição apenas a isso. Dentre essas, há várias outras questões reflexivas e polêmicas levantadas na obra que realmente introduzem o leitor na discussão e acrescenta um conhecimento válido para quem o lê.
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