A Restauração
Por: cbeventos • 5/11/2018 • Trabalho acadêmico • 2.984 Palavras (12 Páginas) • 240 Visualizações
Introdução
Oportuno assim essa iniciativa de edição de um instrumento transmissor de cultura que explicita, aprofunda, sistematiza e aclara ao morador de Pacujá esses valores que lhe são próprios e que estão impressos na materialidade que compõem seus edifícios e sua estrutura urbana. É a consciência que faz com que não só uma comunidade exista, como persista e dure. Visitemos este texto reverentemente, com a mesma reverencia que nos merece em conhecer nossas origens e tendo conhecimento de nosso patrimônio histórico.
Apresentação
Essa é uma cartilha com orientações aos moradores de Pacujá, onde nos orienta como preservar o nosso conjunto arquitetônico e até mesmo para aqueles que não são filhos de Pacujá, mas adotaram como sua cidade, conhecer nossa origem, de como tudo se inicia e nos garante uma riqueza e orgulho de saber que nosso pequeno pedaço de chão existe uma história e que dela temos uma visão do desenvolvimento. Assim viajamos no tempo e temos a sensação do pertencimento, sentimos as nossas raízes, revivemos os
nossos mitos nossas heranças e crença.
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Criação da Freguesia
A povoação de Pacujá ocorreu através de confrontos e conquistas de pessoas recém-chegadas para a colonização do Estado do Ceará, no vale do Acaraú e ribeiras do Jaibaras, sendo que antes destes, existia aos redores da futura cidade índios da tribo tabajaras que habitavam toda a serra da Ibiapaba.
A história relatada através de depoimentos dos antigos moradores foi sendo repassada de geração a geração, o que leva a acreditar que o povoamento da fazenda Belmonte e dos arredores são provenientes da descendência dos índios Tabajaras e de Portugueses, mais especificamente, de uma índia chamada Lucrécia, que foi levada a Portugal para ser educada e tempos depois volta ao Brasil, casada com um Português chamado Belchior. A índia detinha de 30 léguas de terra que abrangia as terras de Graça e Pacujá até a serra da Ibiapaba. Com a posse de Pe. Vicente Jorge na igreja da Sé em Sobral em dezembro de 1867 e tendo como freguesia as capelas de Graça e Lapa e sendo cumpridor de seus deveres religiosos, resolveu fazer uma viagem as margens direitas e esquerda do Rio
Jaibaras, montado a cavalo chega até a fazenda Belmonte. A partir desse momento começa a integração com a pequena comunidade que ali habitava e pouco tempo depois ele reza a primeira missa debaixo de um juazeiro, nascendo daí, entre o padre e os moradores daquele lugarejo, um relacionamento de confiança.
Maria Nepomuceno, conhecida como Maricas dos Tinguis foi a herdeira das terras da fazenda Belmonte nos anos de 1881, onde se formava ao redor um núcleo de povoamento, que mesmo dispersos demonstravam um desejo de ter uma capela, já que em Graça e Lapa já existia uma cura uma vez e outra, fazia sua desobriga. A fazenda Belmonte recebia sempre a visita de uma mulher de nome Úrsula, que tinha problemas mentais, a mesma deixava todos os dias ramos de flores frente a um curral, dizendo que ali seria uma Igreja.
Mediante o desejo do povoado e o imaginário de Úrsula, Maria Nepomuceno detentora de muitos bens resolve doar 30 braças de terra para a construção da capela de São João Batista.
Para iniciar a construção da capela, Pe.Vicente Jorge vende um imóvel em Sobral e pede contribuição a várias pessoas. A capela foi construída justamente no curral onde, conforme imaginário de Úrsula. O assentamento da pedra fundamental ocorreu em 21 de janeiro de 1883, em seguida deu início a construção da capela. Com a construção da capela foram também construídas casas residenciais e quartos comerciais, visto que, antes de 1883 a região era povoada por fazendeiros que tiveram uma visão longínqua sobre o futuro daquele povoamento, que tempos depois viria a ser cidade. A capela era tosca e mal-acabada, geralmente como acontecia nas capelas do interior naquele tempo, o pavimento era formado por grandes lajes, pois era muito abundante na cercania do povoamento e usado como soleira nas casas ricas de Sobral.
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A capela quando benta foi marcada a primeira festa em 24 de junho de 1883, por ocasião da festa Maria Rodrigues Nepomuceno mandou construir uma casa de pedra (hoje capela de São Vicente de Paula) para alojamento dos músicos a que vinha animar os festejos do padroeiro. Devido à doação dos terrenos para a construção da capela, Maria dos Tinguis ficou na lembrança viva dos moradores do povoamento como ponto de partida para o crescimento e desenvolvimento sócio cultural.
No ano de 1946 realizou-se a tradicional festa a São João Batista de Pacujá, com grande brilho e excepcional concorrência de fieis. Houve aproximadamente 1000 comunhões. No Mesmo ano foi inaugurado o salão paroquial de Pacujá, construído com contribuição da conferência dos vicentinos e do povo geral, cumpre-me por evidencias a árdua colaboração do senhor Inácio Lopes onde tomou por frente à construção do salão paroquial. O espaço era ocupado também para os grupos que se faziam parte da capela, como também servia para a comunidade, segundo os mais antigos que também foi por algum tempo a câmara municipal, quando Pacujá tornou-se emancipada em 22 de setembro de 1957. Era um local que passou a ser usado como espaço de apresentações, onde dava aquela pequena cidade alguma atratividade.
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Tive o grande privilégio de ter tido o salão paroquial como o primeiro palco de apresentações da minha vida, éramos um grupo de adolescentes que servia a igreja, fazendo daquele espaço um local de apresentações musicais e teatrais, onde dava à cidade um atrativo. Ficou também registrado no dia 09 de dezembro de 1984, deu se início a construção da torre da igreja de São João Batista, realizada pelo saudoso Sr. Miguel Gonçalves Damasceno, meu avô, Mestre de Obras e Ofícios, fabricava seus próprios instrumentos musicais, homem sem escolaridade, mas enorme sabedoria, popularidade e talentos, que juntamente com seus Filhos, segundo relata os familiares que um de seus filhos chegou a cair de cima da construção da torre tendo fraturas na costela.
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