A Sedução do lugar
Por: Nathália Manzutti • 4/4/2016 • Resenha • 634 Palavras (3 Páginas) • 384 Visualizações
A SEDUÇÃO DO LUGAR
O crescimento dos subúrbios (incontrolável e não planejado) foi um problema pragmático que levou vários reformadores a propor a fundação de novos assentamentos. Enquanto as cidades possuíam limites ou fronteiras, existiam subúrbios além desses limites.
Europa ( Idade Média )-> estalagens que acolhiam viajantes desgarrados, taxas de importação, impostos -> induziram o aparecimento de atividades ilícitas, que geraram suas próprias povoações.
Com o crescimento das cidades medievais, muralhas cada vez mais altas apareciam para, de certa forma, segregar a área do subúrbio.
Bairros da nobreza, como o Faubourg Sain’t Germain, se tornava um “hospedeiro” da área suburbana. Mesmo com administração própria, o subúrbio nunca será um centro de poder, não possui também quaisquer qualidades agrícolas e industriais.
No século XVIII passaram por melhorias, adquirindo um aspecto burguês. Ainda que alguns cidadãos munidos de recursos se mudassem para os limites da cidade, em busca de ar puro e tranquilidade, não se distanciariam dos seus locais de trabalho. Visto isso, empreendedores passaram a construir loteamentos ao redor das cidades para atender à demanda. Ferrovias e melhorias nas estradas e nos transportes influenciaram de tal forma, que outras regiões passaram a ser povoadas, transformando-se em enclaves da classe média.
Percebe-se que grande parte das cidades, bairros e/ou macrorregiões se desenvolvem e são povoadas a partir da conurbação de municípios, possibilitada pelas ferrovias e estradas ampliadas, consequentemente seguidas de melhorias na infra estrutura, redes de distribuição de água e canalização do esgoto.
Porém, esses atrativos trouxeram, de forma descontrolada, muitas pessoas, transformando certas áreas em “vilas industriais”, no sentido pejorativo, com muitas casas geminadas para operários, regulamentadas por códigos cada vez mais severos. A fábrica era o “centro” da mesma forma que a cidade era o centro do subúrbio.
Entre urbanistas empenhados em frear este crescimento e desorganização absurdos, surgiu Ebenezer Howard, um dos mais influentes reformadores, fortemente estudado, que propôs a forma das Cidades-Jardim. Considerava que a posse da terra fosse pública, municipal ou cooperativa, mas não nacional. Preocupava-se com a relação entre espaço urbano e agrícola. Organizava a cidade em forma concêntrico-radial ao redor de uma “cidade-central” e rodeada por seis “cidade-jardim”, de modo que cada uma dessas cidades possuísse cinco vezes mais área cultivável e comum. Os limites seriam por ferrovias ao entorno com cinturões industriais mantidos por energia elétrica, ao invés de a vapor. Duas zonas concêntricas de habitação separadas por uma larga avenida para equipamentos institucionais ( escolas, igrejas ).
No centro, espaço público que era separado das zonas habitacionais por parques. Dentre os projetos iniciais de cidades-jardim, Letchwork foi consolidada com sucesso e assim está até hoje.
Todo esse ar de tranquilidade e infra-estrutura qualificada tornava os locais muito sedutores, convencendo o público dos encantos do modelo de cidade-jardim, e levando os conceitos e execuções para outros países e municípios do mundo.
Com o decolar da ideia de cidades-jardim, surgiram muitos projetos paralelos e ideias de outros arquitetos, que propuseram formas diferentes e readequações nos subúrbios, porém, surge Garnier, um reformador urbanista que quebrou os paradigmas e tradicionalidades do plano e dos projetos antigos, nos mostrando uma arquitetura de caráter mediterrâneo. Apresentou locais inusitados para projetos, maneiras diferentes e inovações de organização da cidade, como a energia hidroelétrica, recém inventada e bastante eficiente. Nos seus projetos a densidade populacional proposta era superior à original. Não havia igrejas, delegacias, tribunas. Era uma nova forma de reformar a cidade.
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