EVOLUÇÃO DA RESTAURAÇÃO
Por: Lorena Costa • 16/7/2016 • Resenha • 870 Palavras (4 Páginas) • 719 Visualizações
A evolução da restauração
*Lorena Costa Lima Nunes
Eugéne Emmanuel Viollet-le-Duc iniciou sua carreira de arquiteto em 1830, trabalhando com os colegas Huvé e Leclére. Em 1836, envolveu-se na obra de restauração em Saint Chapelle, que teve grande importância sobre o restauro e o estilo gótico. Mais tarde, em 1840, atuou na restauração da Igreja de Vézelay e Notre Dame de Paris em 1844. Em seguida, em 1846, através do projeto de Saint- Sernin de Tolouse foi reconhecido como um grande especialista na restauração.
E paralelamente ao seu reconhecimento e valorização no campo da restauração, sua obra teórica ganhava destaque com o Dictionnaire Raisonné de l’Architecture Frnaçaise du XIe au XVIe, publicado em dez volumes entre 1854 e 1868, e com Entretiens sur l’ Architecture, publicado entre 1863 e 1872, difundindo sobre o papel do arquiteto e suas condições de trabalho, elaborando técnicas medievais, formas de levantamento e especificações de técnicas de como restaurar um edifício.
A partir desses escritos, Viollet–le–Duc criou um sistema teórico ideal que proporcionou a formação de um “modelo” base para seus projetos de intervenção e restauração. Para isso, fazia uma reconstituição e uma análise profunda de como teria sido feito o projeto original caso possuísse todos os conhecimentos e experiências de sua própria época, em outras palavras, ele procura entender minuciosamente as características originais da obra e impor sobre ela um esquema idealizado.
Porém, percebe-se o desencontro entre a teoria e a prática de Viollet-le-Duc, pois, muitas vezes, as obras de restauro resultaram em intervenções incisivas, alterando partes originais que considerava “defeituosa”. Diante disso, a sua falta de respeito e prudência pela matéria e pelas modificações sofridas pelo edifício ao longo do tempo deixou seu conhecimento sobre a arquitetura criar perspectivas completamente irreais, alterando as edificações no estado que se encontravam.
Desta forma, as teorias e os projetos de Viollet-le-Duc criaram muitas polêmicas e questionamentos, aceitos por alguns e repudiados por outros. Pode-se citar John Ruskin como um dos pensadores contra as idéias de Le-Duc, pois não defendia nenhum tipo de restauração, considerava impossível reparar a beleza e a grandiosidade arquitetônica de um edifício.
John Ruskin foi escritor, crítico de arte e um dos precursores na preservação das obras do passado, enriquecendo o conceito de patrimônio histórico. Sua obra mais conhecida foi o livro As Sete Lâmpadas da Arquitetura de 1849. Colocou-se contra a restauração, advogando em favor da conservação e da manutenção constante, como a melhor maneira de preservação dos monumentos.
Acreditava que através da história das construções antigas pudesse garantir o desenvolvimento cultural, a relação entre os estilos arquitetônicos e as técnicas construtivas. Além disso, esses monumentos históricos tornam-se marcos referenciais de identidade e memória de determinadas sociedades que ali viveram.
Para Ruskin, as moradias deveriam ser construídas para durar e as suas características deveriam ser mantidas por seus herdeiros, evitando, assim, atos de descaracterização e abandono. Ele valorizava as ruínas, a vegetação crescente, a pátina, as rachaduras, o processo de envelhecimento dos materiais, como características ideais para o reconhecimento ou valor da edificação.
Em 1884, Camillo Boito que se destacou como arquiteto, restaurador, historiador, professor e teórico, publica Os Restauradores, uma obra que traz o amadurecimento dos princípios do restauro, as experiências e os conceitos associados à restauração, servindo como embasamento para a teoria das intervenções contemporâneas.
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