RESENHA FILME: REIDY A CONSTRUÇÃO DA UTOPIA

Influência na Construção da Metrópole Moderna

Reidy tem primordial importância no processo de construção da nova cidade do Rio de Janeiro, seus princípios foram pautados em ideais modernos brasileiros, deixando de lado a então paisagem europeia vigente. Foi o primeiro arquiteto brasileiro a ter contato com o urbanismo, aos 19 anos, como estagiário do arquiteto Allfred Agache,  foi convidado a participar na colaboração do Plano de remodelação, extensão e embelezamento do Rio de Janeiro proposto pela prefeitura da cidade, conhecido como Plano Agache (1927). Através de Agache, Reidy desenvolve a ideia de que arquitetura e cidade devem andar em conjunto, apesar de descordar de certos pontos do Plano Agache, sem sombra de dúvidas foi sua principal influência no modo de como pensar a cidade. Em 1929, Le Corbusier chega ao Brasil com propostas de intervenções urbanísticas que formularam suas principais características quanto a linguagem formal. Le Corbusier, defendeu princípios de uma cidade que negasse o passado e se voltasse para o futuro, fazendo analogia a "Cidade Viaduto" que respondia a ordem estética e funcional da nova era da máquina e da rápida Industrialização, e que principalmente exaltasse a beleza natural da cidade. É influenciado também, no âmbito das habitações populares, tendo como partido os Conjuntos Habitacionais, como a Habitacion de La Marselha, onde irá estudar suas características de modo a modelar sua própria arquitetura e forma de intervenção na cidade a partir da releitura dessas características.

Depois, como diretor do Departamento de Urbanismo do Rio, Reidy a partir das influências citadas, começa suas intervenções na chamada "Nova Cidade", realiza projetos de intervenções que abordavam questões como a democratização do uso so solo, integração entre diferentes partes da cidade ( Zona Sul - Centro e Zona Norte ) através de um eficiente sistema viário. Abrange temas como o transporte, as áreas livres, e a questão habitacional. Em todos seus projetos, Reidy percebe a necessidade de enquadrar a  paisagem natural da cidade como direcionador do novo espaço, ou seja a Cidade existente e o contexto natural como principais remodeladores dessa nova metrópole de conjuntura mundial.

 Reidy se destacou na melhor organização espacial para o Rio de Janeiro, procurou desenvolver um diálogo sobre os principais problemas da cidade, por isso, desenvolveu, uma arquitetura social que colocasse em pauta o problema de habitação, onde fizesse inclusão dessa classe excluída na cidade.  O projeto da Esplanada do Castelo (1938) que mais tarde formaria os princípios para a Esplanada de Santo Antônio,  compartilham características principais como: Melhor organização do tráfego através da separação de vias para fluxo rápido e local, e também as auto-estradas elevadas a 5 metros acima do solo ou passagens com mudança de nível de acordo com a velocidade do tráfego. Assim como, melhor sistema de trânsito, com diminuição no número de cruzamentos e liberação do espaço das ruas com estacionamentos e garagens subterrâneas. Concomitantemente, nos conjuntos habitacionais: Pedregulho (1946), Catacumba (1951) e Gávea (1952), desenvolve a criação de espaços públicos, de modo a proporcionar o bem estar coletivo que ligasse a cidade com seus edifícios e ruas a áreas de lazer, arborizadas de contato direto com a natureza.

Aterro do Flamengo - Rio de Janeiro: Cidade, Território e Paisagem

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Affonso E. Reidy, Urbanização da Esplanada resultante do desmonte do Morro de Santo Antônio, Rio de Janeiro, 1948. Área do conjunto de construção do parque no Aterro Glória-Flamengo. (REIDY, 1948)

“…uma extensa área conquistada ao mar, no coração da cidade, onde num futuro próximo surgirá um parque público, à beira mar, rodeado por uma belíssima paisagem.” (REIDY, c. 1953)

Na área da Esplanada de Santo Antônio, resultante do desmonte do Morro de Santo Antônio, Reidy tem a possibilidade de colocar todos seus princípios de urbanismo até então conquistados - A ideia de centro cívico, unidade de vizinhança e parque. Reidy faz o primeiro plano para urbanização da área ainda em 1948, com ideias de integrar por meio do eixo viário as zonas Norte e Sul; O projeto não é executado, mas volta a ser discutido em 1949 quando Reidy aborta a urbanização da área, uma vez, que o atual prefeito havia pedido que a área servisse de espaço para seis arranha-céus de uso residencial. Em 1953 o projeto foi retomado, com as mesmas características do plano proposto em 1948 - sistema viário composto por uma auto-pista elevada que conecta a cidade a uma rua de trânsito local dentro do parque. Mas somente em 1962, o projeto é iniciado, quando com a oportunidade de realização do projeto do MAM a se construir na área do Aterro do Flamengo, Reidy vê a oportunidade de interligar o parque ao museu, que com a intervenção do paisagismo de Burle Marx, essa ligação fica nítida, composta pelas linhas retilíneas e grandes vãos do MAM e a vegetação geométrica de caráter quadriculado do paisagismo próximo a área do museu. Os principais componentes do parque são portanto, o sistema viário e a paisagem, o resto fica para segundo plano.