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Resenha Filme My Uncle (Meu Tio)

Por:   •  3/4/2017  •  Trabalho acadêmico  •  524 Palavras (3 Páginas)  •  916 Visualizações

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Universidade Sociesc

Teoria e História da Arquitetura Contemporânea - AUR151

Orientação: Fárida Mirany

Anna Carolina F. Santoro - 114003878

Análise de filme

MEU TIO. Dirigido por Jacques Tatis. Paris. 1956.

Distribuição Filways Productions INC, 1 DVD

(116min): son. (leg.) color, ( NTSC ).

Mon Oncle (Meu Tio), dirigido por Jacques Tatis, é um filme francês de 1956 e foi considerado revolucionário à época de seu lançamento, e por possuir uma crítica social consistente ao progresso é até hoje um convite à reflexão sobre a modernidade da sociedade. Aparentemente simples e direto, o enredo mostra como o modernismo se reflete na vida cotidiana e doméstica da sociedade da época, resumindo muito bem a arquitetura e a cidade de meados do século XX, e faz uma crítica à busca da máxima eficiência e sofisticação de tudo, mostrando o contraste entre dois mundos, duas formas de viver e compreender a cidade.

Uma delas é o mundo da modernidade exagerada e futurista e a outra é representada pela cidade tradicional. Estas são representadas em três níveis diferentes: o habitante, sua casa e o entorno cotidiano, ou o contexto que o envolve. O personagem principal que interliga esses dois mundos é Gerard, um garoto que vive em um bairro bom, numa casa moderna automatizada e tem uma família bem estruturada. O outro personagem do mundo tradicional é o tio do garoto, Hulot, que vive numa parte mais pobre da cidade em uma casa antiga.

A Villa Arpel, como é chamada a casa onde o menino mora, é uma bolha super moderna fechada para o exterior, através de um muro que a separa do resto da vizinhança. Já a casa de Tati está em meio a um complexo labirinto de casas, escadas e corredores, mantendo um forte contato social com a vizinhança, ou seja, a casa está incluída no bairro e faz parte dele. O jardim meticulosamente desenhado e fechado pelos muros da casa moderna impede a liberdade de usos do espaço, refletindo o tédio constante do menino que não gosta da casa. Em contraste, o quintal da casa de seu tio é o próprio bairro, as crianças se reúnem e brincam em terrenos baldios ou entre os carros na rua, denotando uma maior liberdade tanto nas atividades quanto nos espaços.

A importância do filme para o ensino da arquitetura e do urbanismo se deve à interação entre personagens e espaço físico, a casa insere-se como um personagem no filme, fria e impessoal, e Tio Hulot representa o lado afetivo e subjetivo da trama. Enquanto a eficiência parece ser a palavra que expressa a casa moderna, com seus aparelhos eletrônicos controlados à distância, Tati exalta a importância da espontaneidade, do orgânico e da liberdade.

Além disso, o longa é enriquecido de pequenos detalhes que passam despercebidos, como por exemplo o muro que Hulot atravessa para ir até a casa de sua irmã, representando a divisão modernidade x tradição, que poderia até mesmo ser um prelúdio da atual desigualdade social das cidades. O processo de desenvolvimento urbano apresentado no filme é contraditório e o diretor Tati consegue abranger, com sutileza e humor, um dos traços marcantes da alta-modernidade: sua transitividade, isto é, sua capacidade de sofrer intervenções e ser inteiramente mutável.

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