Ensaio sobre o filme "O Advogado do Terror"
Por: Eduardo Queiroz Rocha • 23/5/2015 • Ensaio • 1.064 Palavras (5 Páginas) • 472 Visualizações
O Advogado do Terror
O advogado do terror (L’avocat de la terreur), mostra a história de Jacques Vergès, anticolonialista, advogado, Francês, ficou famoso por defender “terroristas”, criminosos de guerra, entre outros casos que poderíamos considerar “indefensáveis”. Filho de mãe vietnamita e pai da Ilha da Reunião, “nascido na guerra” Vergès ganhou destaque internacional ao defender pessoas como Pol Pot (Khmer vermelho), Carlos “o chacal” (Terrorista), entre outros casos que poderiam ser citados, está também o caso de Djamila Bouhired “terrorista” argelina, que viria a ser esposa de Vergès, e se tornou o símbolo feminino na revolução da Argélia.
Vergès teve fundamental importância na “revolução” da Argélia, onde conheceu, e defendeu vários terroristas. Afirmou que “simpatizava totalmente com a luta dos argelinos, e não condenava sua violência”. Disse estar “obcecado” com o caso de Djamila Bouhired (acusada de explodir um milk-bar), que havia sido ferida e presa em uma emboscada, essa obsessão viria do fato dela ter sido torturada em seu leito de hospital.
Como advogado, não tentava obter a simpatia dos juízes, o escritor Lionel Duroy afirmou que Vergès “falava violentamente e insultava os juízes” e que ele (Vergès) “ficou profundamente afetado” com a situação de Bouhired. Djamila havia se tornado o símbolo da revolução, o rosto, e exemplo para o povo argelino (principalmente as mulheres). Vergès defendia seus clientes de maneira ofensiva, não buscava compaixão dos juízes, é onde nasce o conceito de “defesa de ruptura” que visa contradizer os acusadores acusando-os de crime parecido ou o mesmo crime do réu, a defesa de ruptura inviabilizava o diálogo e atrasava o julgamento. Quando Djamila foi condenada à pena de morte, ela riu, o juiz disse “Não ria, senhorita, isso é sério”. Ao saber que a vida de seus clientes estava em jogo Vergès vê que a única maneira de salva-los é “apelando”, modificando a opinião pública francesa e internacional. Então vários países se manifestaram pedindo o perdão de Djamila Bouhirad. Quando foi perdoada, a pena de Djamila foi trocada de pena de morte, à prisão perpétua e trabalhos forçados.
Vergès diz que para ele o grande debate era “em nome do que estamos agindo?”, e afirma que a grande diferença da FLN e alguns outros movimentos na França, é que a FLN tinha o apoio do povo, e que a opinião pública foi pró-terrorista.
Quando teve inicio a batalha de Argel, todos os advogados da Argélia foram presos. Michel Debré, primeiro-ministro, disse que “o trabalho dos advogados nos causa mais dano que uma divisão inteira”. Após isso, Debré ordenou ao serviço secreto matar os quatro advogados responsáveis pela defesa do grupo, após a morte de Ould Aouidia (um dos advogados), Vergès recebeu uma carta onde havia escrito “você também” e nela também estava o número dois, o que deixou claro que a próxima vítima seria ele. Levando a ameaça de morte a sério, vez por outra Vergès ia dormir na casa de Maurice Sinet, para não chamar atenção, Sinet diz que Vergès tinha “alegria de viver”.
Vergès afirma que teve a decência de esconder qualquer sentimento por Djamila, até que ela fosse livre. Em 1961, teve sua licença suspensa por um ano, então foi ao Marrocos aconselhar o ministro marroquino em assuntos africanos. Quando Djamila e outros prisioneiros que haviam sido transferidos para a França foram libertos, voltaram para a Argélia via Marrocos.
Quando a Argélia se tornou independente Vergès, Djamila e Zohra formaram um jornal denominado “Revolução Africana”, que foi o que o levou à china pela primeira vez, onde conheceu o presidente Mao, e o informou sobre a existência de grupos pró-chineses na África, quando estava de saída foi surpreendido pelo presidente Mao, que indicando Djamila, perguntou “vocês pretendem se casar?”, e Vergès respondeu “Nós estamos pensando”.
Após ser demitido pelo então presidente Ben-Bella, Vergès foi convidado a defender palestinos, ao chegar a Israel foi recebido por um policial que disse “você é persona non grata. Passe a noite aqui e deixe o país amanhã”, no outro dia voou para Zurique. Foi chamado para defender os palestinos presos em Atenas por um ataque a um avião, chegaram a um acordo, soltando os palestinos 13 dias depois. Em 1969 foi a Zurique, onde enfrentou um caso parecido com o de Atenas, só que dessa vez teve que argumentar , e sua famosa “defesa de ruptura” foi posta em prática novamente.
Vergès teve um sumiço repentino e não explicado, desapareceu do público, de amigos, e da família, por 8 anos (1970 à 1978), e ele recusava comentar esses anos que passou desaparecido. No filme ele chama esse período de “longas férias”. Houve boatos de que ele pudesse estar com o Khmer vermelho no Camboda, ajudando na causa palestina, mas nada foi provado. Vergès foi visto em paris em durante o período que estava “desaparecido”, e o próprio confirmou que esteve morando em paris.
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