O PONTO DE MUTAÇÃO

PONTO DE MUTAÇÃO

O filme "Ponto de Mutação" gira em torno de um longo diálogo travado entre uma cientista (física), um poeta e um político americano, que discutem sobre suas diferentes visões de mundo e resoluções de problemas da sociedade. A história tem como senário um castelo medieval situado em uma ilha no interior da França, e a medida que a discussão vai progredindo, as diferentes regiões do castelo vão interagindo com as cenas e fazendo parte do assuntos tratados, como por exemplo o relógio antigo que funciona há séculos participa da cena que trata do mecanicismo cartesiano, a sala de tortura representa a crise de percepção humana, a pedra encontrada na sacada do castelo pela cientista é jogada até a praia para mostrar as leis de Newton.

A sala do relógio permite que os três protagonistas se conheçam e dá início à crítica da visão mecanicista cartesiana. Descartes acreditava que poderia analisar cada parte do mundo separadamente para entender o todo e os cientistas daquela época afirmavam que todos os animais, plantas e pessoas não passavam de máquinas, iguais ao relógio, e esse pensamento é falso. A cientista faz então uma comparação entre os políticos tanto de esquerda quanto de direita com o relógio antigo e mecanicista, pois a sociedade evoluiu muito, e os políticos não podem mais olhar para problemas isolados sem entender que tudo está interligado. Como exemplo, o filme citou o problema da superpopulação, e que não podemos achar que existem formas de contracepção isoladas, pois o contraceptivo mais eficaz são os ganhos econômicos e sociais. Portanto, é preciso compreender que os problemas globais não são fatos isolados, e não devem ser resolvidos separadamente como partes de um relógio, mas os fatos se relacionam diretamente, e as soluções para os problemas é a mudança dos ideais, instituições e valores de uma só vez, precisamos mudar nossa maneira de ver o mundo, e não como Descartes dizia, que cada coisa deve ser resolvida separadamente.

A medicina atual é intervencionista e não preventiva, ela não acaba com o mal que está causando as diversas doenças, mas tenta resolver microproblemas que sempre irão surgir se a visão mecanicista perdurar na ciência. Houve um avanço em tecnologia, mas o custo aumentou, e a medicina de qualidade tornou-se medicina para ricos, além da saúde pública não ter melhorado. A física também avançou muito com as viagens espaciais, criação de lasers, bombas e máquinas, porém boa parte dessa tecnologia é usada para fins militares, e o que poderia ser usado para o bem, como por exemplo o avanço da medicina, é usado para o malefício e aumento do poderio militar das nações dominantes.

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