Resenha do filme - O Abutre

RESENHA DO FILME “O ABUTRE”

O filme “O Abutre”, de 2014, conta a história de Louis Bloom, um homem desempregado que roubava metais para vender e arranjar dinheiro para sobreviver e, mesmo com sua boa lábia, não consegue arrumar um emprego.

Um dia, ao testemunhar a atuação de um cinegrafista freelance filmando um acidente de carro e acreditar que aquela era uma maneira de ganhar dinheiro fácil, ele decide comprar uma câmera e um rádio de polícia para que possa tentar ganhar dinheiro também. Apesar de encontrar algumas dificuldades nas primeiras tentativas ele logo consegue se ajeitar em seu novo serviço e encontra um jornal disposto a pagar por seus vídeos.

Assim que começa a ganhar um pouco mais de dinheiro ele contrata um funcionário para lhe ajudar e começa a explorar mais ainda o lado sombrio e sangrento dos acidentes e crimes que presencia, sempre de forma a conquistar mais dinheiro e mais destaque no meio dos negócios e da televisão.

Ele tem sua oportunidade de ouro quando chega em uma cena de crime antes da polícia, de maneira que consegue filmar tudo e montar seus “tapes” da forma que acha melhor. É com esse “furo de reportagem” que ele consegue chantagear a sua entrada para o mundo dos bem-sucedidos, criando uma empresa e ganhando bastante dinheiro ás custas da tragédia que assolou uma família inteira.

Não satisfeito, ele esconde da polícia que havia conseguido capturar imagens dos culpados pelo crime e monta uma trama própria para que consiga ter mais um “furo inédito”, ainda que isso signifique que pessoas poderão morrer, bem como seu próprio funcionário.

O desenrolar do filme nos faz passar a odiar aquele por quem torcíamos nos primeiros minutos, pois o personagem principal faz jus ao título da trama e se torna um verdadeiro Abutre, que, desprovido de sentimentos, se aproveita das tragédias com que se depara pelo meio do caminho para fazer dinheiro e fama para si, sem se preocupar com quem vai atingir ou com os sentimentos das pessoas que encontra em seu caminho.

Aproveitando-se de uma jornalista que para manter seu emprego começa a apostar em reportagens e abordagens mais sensacionalistas de forma a conquistar audiência, Louis Bloom explora bastante o lado sangrento e sombrio dos acidentes e crimes que encontra pela rua sem se preocupar com a maneira que seus atos e seus vídeos, que serão exibidos em rede nacional, afetarão a vida da sociedade e das pessoas próximas a ele. Tudo o que ele é capaz de enxergar é a si próprio e o caos que ele poderá criar através de seu “trabalho”.

O filme, como um todo, relata muito bem o modo como o sensacionalismo é criado e explorado por aqueles que fazem as notícias circularem, deixando de ser informação para se tornar a propagação do caos: através de pessoas desesperadas para manter seus empregos e seu status no mercado, bem como por meio daquelas que não possuem escrúpulos ou sentimentos que as impeçam de transformar uma história que deveria informar e alertar a sociedade em uma verdadeira cena de horror que causa caos e temor em todos que a ela tem acesso.