Resenha sobre o filme Acusação

ACUSAÇÃO

        O filme acusação conta um caso real que aconteceu nos Estados Unidos,  na década de 80, onde uma família, proprietária de uma escola infantil, é acusada de abuso sexual que teria sido cometido contra vários alunos.

        Após a denúncia de uma das mães, sobre eventuais abusos praticados contra seu filho, inúmeros outros casos vieram à tona e, durante as investigações, a promotoria utilizou boa parte daqueles casos para construir um tese de acusação, mesmo com a veemente afirmação de inocência por parte de todos os membros da família McMartin.

        Quando o episódio ganha vulto na mídia, um advogado se interessa pela caso e inicia uma árdua batalha para elaborar a defesa dos membros da família, cuja imagem havia sido dilacerada pelas fortes acusações que pesavam sobre eles.

        O caso ganha grandes proporções e se torna um escândalo nacional. A família McMartin, em razão disso, se torna alvo de uma população enraivecida e indignada.

        As acusações de abuso sexual prosseguem e, ao longo das investigações, uma suposta psicóloga realiza entrevistas com cada uma das crianças da escola, utilizando-se de técnicas supostamente inovadoras, onde eram usados bonecos nus numa tentativa de se arrancar a verdade das crianças.

        Tal psicóloga caiu nas graças do público e o marketing em torno do seu trabalho foi dando suporte à tese de acusação por um longo período.

        As acusações se tornavam cada vez piores e os membros da família foram todos recolhidos à prisão, sendo mantidos presos a fim de aguardarem o julgamento.

        O caso se arrastou por anos e, no curso das investigações, inúmeras contradições nos depoimentos das crianças foram omitidas pela promotoria, como também foram omitidas provas importantes que apontavam para a insanidade mental e para embriaguez habitual da mãe que fez a denúncia inicial. Foram omitidas ainda provas que indicavam a real autoria do delito inicialmente divulgado, o qual, certamente, fora praticado pelo pai da criança durante um banho conjunto, conforme relatado pelo próprio menino violentado aos auxiliares da promotoria.

        A atuação da promotoria foi repugnante, visto que, ao omitir provas importantes que apontavam para a inocência dos réus, acabou por expor os McMartin a um assédio moral de largas proporções, bem como a tratamentos desumanos que sofreram durante o período em que foram mantidos presos.

        Soma-se a isso a irresponsável atuação da imprensa que acabou impondo uma “sentença” àquela família, expondo-a à crucificação pública antes mesmo que o judiciário proferisse qualquer julgamento.

        A imagem da família McMartin foi dilacerada, destruída, enquanto a promotoria prosseguia firme nas acusações, visando não a justiça, mas a “vitória política” que o caso podia gerar.

        No entanto, a brilhante atuação do advogado de defesa foi, aos poucos, derrubando as mentiras e as trapaças adotadas pela acusação e os membros da família McMartin foram sendo soltos gradativamente, a fim de aguardarem o julgamento em liberdade. Foi mantido preso apenas o rapaz, alvo principal das acusações.

         O advogado da família, que, inicialmente, foi impulsionado a agir apenas pelo dinheiro, se tornara agora um outro tipo de defensor, comprometido com a verdade e se utilizando de provas que pudessem levar fatos verdadeiros para o tribunal.