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Epistemologia e Metodologia da Economia

Por:   •  7/6/2016  •  Relatório de pesquisa  •  1.656 Palavras (7 Páginas)  •  607 Visualizações

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CURSO:  Ciências Econômicas   PROFESSOR:  Roberta Muramatsu                 

PROVA DE:  Epistemologia e Metodologia da Economia Turma / Etapa – 5V Data: 05/05/ 2014

Nota                                                                                                                          

TIPO DE PROVA: Prova Final                                     

Nome do Aluno

Código de Matrícula

Vista à prova - Data: 12/12/2013

GABARITO

Visto:

Orientações ao aluno para realização da prova:

A prova é feita no horário de aula e nenhum tipo de consulta será permitido. Telefones celulares deverão ser desligados e alunos não poderão utilizar borrachas, marcadores de texto ou qualquer outro material do colega de sala. Qualquer violação de código de ética (como tentativa de ‘cola’) ou desrespeito ao ambiente de prova poderá envolver processo da Comissão Disciplinar do CCSA.

Você deverá responder questões da parte 1 e 2. Questões dissertativas valem 3,0 pontos (total 6,0)  e as objetivas (4,0 pontos)

Parte 1 – Questões dissertativas

Questão 1 Inspirado(a) pelos fundamentos da metodologia Lakatosiana, examine a seguinte afirmação: ‘O programa de pesquisa Keynesiano contribui para o avanço a análise econômica na medida em que revelou sinais de progresso e posteriormente de degeneração’. (Dica: apresente e discuta a perspectiva lakatosiana, seus componentes para discutir a aplicação)

RESPOSTA PADRÃO:

A metodologia de Lakatos é aquela que sintetiza as perspectivas popperiana e kuhniana para fazer uma análise história e racional sobre o progresso ou avanço da ciência. Para tanto o autor considera a necessidade de ter uma unidade de análise maior e mais complexa do que uma teoria isolada e se inspira na visão ampla de Kuhn para propor o conceito central de programa de pesquisa (uma rede de teorias e hipóteses, acompanhadas de conceitos e protocolos e até mesmo convenções sobre como proceder e evitar durante a prática efetiva de ciência). Todavia, Lakatos examina a lógica ou racionalidade do avanço da ciência até mesmo porque propõe um critério de demarcação, seu falseacionismo sofisticado – um ppc1 é superior a outro ppc2  se tiver ganho de conteúdo empírico e corroborado (que o torna progressivo dos pontos de vista teórico e empírico). Neste caso o PPC2 é tido como degenerativo porque a análise de demarcação é sempre comparativa. O autor destaca que isso depende da articulação dos componentes de um programa de pesquisa (PPC), chamados de núcleo duro (hard core – proposições não testávei, itens metafísicos fundamentais do ppc), cinturão protetor (protective belt, conjunto de pressupostos revisáveis de um ppc para que o progresso possa ser perseguido e atingido), heurísticas positivas e negativas (conjunto de orientações, protocolos para efetuar os ajustes do cinturão protetor e elementos que se devem evitar para desafios colocados pelo mundo empírico e as chamadas anomalias). Tal complexidade e a perspectiva histórica que marcam a visão lakatosiana implicam o reconhecimento de que programas de pesquisa podem ser degenerativos e progressivos temporariamente. Isso instiga debate de pluralismo (provavelmente subjacente á própria visão  kuhniana) e de racionalismo crítico (herança de Popper). Logo, podemos pensar que a adesão a programas de pesquisa tem um critério racional antidogmático e ao mesmo tempo sem compromisso com o relativismo e incomensurabilidade das abordagens. Pode-se dizer que análises sobre a prática efetiva de economia em termos dos rumos da pesquisa poderiam ser inspirados pela metodologia do programa de pesquisa científica lakatosiano. Em nossa ciência sabemos da pluralidade de modelos e teorias e muitas vezes nos faltam elementos para dizer o que nos faz optar por uma abordagem em detrimento de outras. No caso lakatosiano, tudo depende do ppc em questão ser capaz de prever novos fatos e ser como tal progressivo. Isso nos leva a pensar no programa keynesiano (MACROECONOMIA DE KEYNES). Independentemente da tarefa de explicitar todos os componentes de um estudo de caso sobre o ppc de Maynard Keynes, podemos dizer que os fatores explanatórios fundamentais como o princípio da demanda efetiva e o papel das expectativas na formação das decisões de gastos dos agentes privados (investidores e consumidores) foram capazes de inspirar vários modelos e pressupostos (modelo básico de determinação de renda,ISLM, modelos de consumo, investimento, estudos do mercado de trabalho, mercado de moeda, etc) e mais importantemente compor sistema de análise que se mostrou progressivo a partir da década de 1930 quando o desemprego involuntário, o alto hiato de recursos e a baixa confiança mostraram que os mercados têm desafios para se regularem sozinhos. A armadilha de liquidez também se mostrou fator empírico (anomalia) que pode ser prevista/explicada pela abordagem keynesiana. Sendo assim, é razoável dizer que houve progresso até o final da década de 1960 e início da década 1970, a inflação primeiramente resultante dos rumos da política fiscal expansionista e subsequentemente dos choques do petróleo o colapso do regime de Bretton Woods sinalizaram as direções de degeneração do sistema keynesiano, ainda que temporariamente. Todavia, isso não tira a importância do programa keynesiano que foi capaz de ampliar a análise macroeconômica dos séculos XX e XXI. Ademais, não se pode subestimar o fato de que a tradição lakatosiana não é perfeita para nos fazer compreender a trilha de evolução das ideias econômicas.

Questão 2 Leia o seguinte trecho do recente Metodologia do Pensamento Econômico e identifique o autor a quem Barbieri e Feijó fazem referência e discuta sua visão de economia e método:

Assim como a geometria parte de hipóteses iniciais que não são derivadas da observação, como pontos e retas (os triângulos do mundo real raramente se parecem com os triângulos ideais da geometria), também a economia científica partiria de hipóteses e não de fatos... (BARBIERI; FEIJÓ 2014, p. 182)  

Resposta: O autor é Stuart Mill, que tem uma visão de metodologia a priorista devido à incapacidade da economia ser uma ciência experimental ou de laboratório. A despeito da simpatia empiricista de Mill, o autor define o método de investigação próprio à sua ciência da Economia Política como sendo aquele alinhado com a dedução. Isso porque as conclusões dependem de premissas dadas (pela natureza humana por exemplo e não exatamente pelos fatos brutos sobre a motivação de riqueza (uma tarefa impossível de ser controlada no laboratório). Tal trecho representa o reconhecimento da inevitabilidade das abstrações em economia que não necessariamente implicam a impossibilidade de estudo empírico. Para Mill, a dedução parece ser necessidade para teorizar e representar rigorosamente os fenômenos e tirar conclusões que primeiramente são válidas no abstrato, mas com concessões dadas aos desafios das tarefas empíricas (acomodação de causas perturbadoras, por exemplo) podemos tentar verificar se o que vale no abstrato se verifica no concreto (mundo empírico). Os teoremas dos modelos e teorias econômicas são como os da geometria e várias hipóteses e pressupostos são apenas recursos analíticos poderosos assim como os pontos e retas sem qualquer contrapartida imediata de observação dos fatos mensuráveis).

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