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MACROECONOMIA CLÁSSICA

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Por:   •  8/12/2014  •  Relatório de pesquisa  •  3.963 Palavras (16 Páginas)  •  678 Visualizações

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A MACROECONOMIA CLÁSSICA

A macroeconomia clássica, como toda a teoria econômica clássica, parte do pressuposto fundamental de que o mundo econômico é governado por leis naturais, as quais, se forem deixadas a funcionar livremente, produzirão sempre os melhores resultados possíveis. Esta fé na "lei natural", fruto do racionalismo dos séculos XVIII e XIX, não obstante seu caráter quase místico de crença e de mistério (afinal, o que há de mais misterioso e indefinido do que a "lei natural"?), tem bases ideológicas nítidas. Não vamos, porém, agora discuti-las. São por demais conhecidas as relações do naturalismo com a emergência da burguesia e com seu interesse por uma política econômica baseada no laissez-faire.

Além deste pressuposto geral, a macroeconomia clássica partia ainda de dois pressupostos importantes: o de que os preços e salários eram sempre flexíveis e o de que a moeda não era utilizada com fins de ente entesouramento. Estes dois pressupostos permitiam o desenvolvimento dos dois modelos centrais da macroeconomia clássica: a "lei do mercado", de Say, segundo a qual a oferta cria sua própria procura; a teoria quantitativa da moeda, que, partindo da equação de trocas, concluía que, sendo a velocidade da moeda constante, e dada uma determinada quantidade de moeda, a produção variava em relação inversa e proporcional aos preços. Além destes dois modelos, para equilibrar a poupança e o investimento, a macroeconomia clássica fazia estas duas variáveis dependerem de taxa de juros, a qual era, por sua vez, determinada pela oferta de poupança e a procura de investimentos. O resultado de todo este processo era o pleno emprego no longo prazo, ou, o que dá no mesmo, a impossibilidade de haver crises de longa duração, indefinidas, de subconsumo ou superprodução. E assim, a conclusão exigida pela filosofia da lei natural ficava assegurada.

Examinaremos mais detidamente os elementos que acabamos de enumerar do modelo macroeconômico clássico.

O primeiro pressuposto, da existência de preços flexíveis, é importante para a macroeconomia clássica, embora não absolutamente essencial. Veremos que este pressuposto permite a garantia do pleno emprego sem qualquer intervenção do governo. No momento em que uma queda momentânea na procura agregada levasse à redução da atividade econômica e ao desemprego, os salários (o preço do trabalho) seriam reduzidos, os preços das mercadorias produzidas com o respectivo trabalho cairiam, a procura aumentaria, a produção voltaria a aumentar, e o pleno emprego seria restabelecido.

O segundo pressuposto da macroeconomia clássica é o de que a moeda não é utilizada para entesouramento. A moeda para os clássicos é uma unidade de conta e um meio de troca. Além de servir para se somarem mercadorias diferentes, a moeda é fundamentalmente um meio de troca. Os homens só teriam interesse em mantê-la em seu poder na medida em que dela necessitassem para realizar suas transações. Segundo os clássicos, portanto, existiria apenas um motivo para a procura de moeda: o motivo transacional. O outro possível uso do dinheiro,

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como um meio de reserva de ativos líquidos, e portanto seu conseqüente entesouramento, era considerado irracional. Conservando o dinheiro em forma líquida, nos bancos, sem que haja tomadores de empréstimos ou debaixo do colchão, o capitalista estaria perdendo os juros que poderia ganhar se houvesse aplicado seu dinheiro em ativos fixos ou em títulos. O entesouramento, portanto, era considerado inexistente.

A respeito da expressão "entesouramento" cumpre aqui um esclarecimento. Há economistas que limitam o uso deste termo para os casos em que os indivíduos guardam dinheiro em forma líquida dentro de sua casa, embaixo do colchão, em um cofre, escondido em qualquer parte, implicando, portanto, o entesouramento na retirada do dinheiro de circulação. Nós, porém, seguindo a tendência mais recente, estamos aqui usando o termo entesouramento em um sentido mais amplo, incluindo o dinheiro que mantemos em forma líquida nos bancos, em forma de depósitos à vista, além das nossas necessidades transacionais e de precaução. Nesses termos, o entesouramento identifica-se com a moeda resultante da procura especulativa de moeda de Keynes, que examinaremos mais adiante.

A Lei de Say

Os dois pressupostos que acabamos de examinar estão intimamente relacionados com o esquema teórico central da macroeconomia clássica, consubstanciado na lei de Say. Jean Batiste Say foi o mais importante discípulo francês de Adam Smith. Era um defensor apaixonado do liberalismo, e marcou todo o desenvolvimento do pensamento econômico francês do século XIX. Publicou seu Traité d'Economie Politique em 1803, antes de irem à luz as duas obras fundamentais de Malthus e Ricardo. Com este último, Say manteve uma discussão acirrada, pois não aceitava sua teoria do valor-trabalho. Mas, curiosamente, a teoria de Say que o tornou famoso, a "lei do mercado", ganhou bastante aceitação a partir do momento em que Ricardo a endossou.

A lei de Say, partindo do pressuposto de harmonia universal que existiria no sistema capitalista liberal, afirma que as crises de superprodução ou subconsumo são impossíveis, a não ser muito transitoriamente, e no mais das vezes, setorialmente. Isto porque toda produção implica em uma remuneração que vai se transformar imediatamente em procura. As pessoas não produzem e oferecem suas mercadorias no mercado pelo simples prazer de fazê-lo. Elas têm em mira produzir para, com isso, obter recursos que lhes permitiam comprar outros bens (de consumo ou investimento) que desejam. Quando a produção aumenta, ou seja, quando a oferta aumenta, a procura também aumenta concomitantemente. Em outras palavras, a oferta cria sua própria procura. A economia de mercado possuiria assim um mecanismo de controle automático, que a levaria sempre para o equilíbrio, tornando a superprodução geral impensável. Desequilíbrios setoriais poderiam ocorrer com freqüência, quando,por exemplo, os produtores de um determinado artigo superestimassem sua procura, mas tais desequilíbrios seriam rapidamente corrigidos pelo mecanismo dos preços.

A lei de Say guarda uma certa correlação com a identidade fundamental existente, no campo da contabilidade social, entre produto agregado e despesa agregada. A despesa é sempre idêntica ao produto. A Despesa Nacional Bruta, por exemplo, é idêntica ao Produto Nacional Bruto. A única diferença é que no primeiro caso, examinamos o fenômeno em termos de consumo e investimento (despesa), enquanto que no segundo caso, o problema é visto em termos do valor

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