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Biografia De Eliezer Batista

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Por:   •  19/3/2014  •  1.828 Palavras (8 Páginas)  •  1.002 Visualizações

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Eliezer Batista

1 INTRODUÇÃO

O mundo antigo consagrou algumas profissões que o mundo moderno derrogou. Outras que surgiram e desaparecerão - algumas por serem supérfluas, outras por serem essenciais, essas sufocadas pelo universo de irrelevâncias que compõe o pensamento contemporâneo.

No Rio de Janeiro mora uma dessas figuras que podem ser chamadas de essenciais, adepta de uma profissão raríssima, e que tende à extinção: a de construtor de uma nação, mesmo nunca tendo se ocupado da atividade política.

Perto de seus 90 anos, poliglota autodidata, aprendeu sozinho russo, inglês, alemão, francês, italiano e espanhol, e adquiriu noções básicas de grego.

2 BIOGRAFIA E VIDA PROFISSIONAL

Eliezer Batista da Silva é um engenheiro e administrador de empresas brasileiro, nasceu em Barra Mansa no Rio de Janeiro em 2 de maio de 1924. Filho de José Batista da Silva e de Maria da Natividade Pereira. É formado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Paraná, onde se graduou em 1948. Eliezer se notabilizou na presidência da Vale que a exerceu por duas vezes, e por sua atuação no Programa Grande Carajás, a primeira iniciativa de exploração das riquezas da província mineral dos Carajás, abrangendo áreas do Pará, Tocantins (na época ainda pertencente a Goiás) e Maranhão.

Em 1949, foi contratado pela Companhia Vale do Rio Doce, então uma empresa inexpressiva, como engenheiro ferroviário e graças ao seu desempenho na construção da ferrovia Vitória-Minas, tornou-se durante muito tempo o principal estrategista da companhia. Tornou-se o primeiro presidente da mineradora oriundo dos quadros da empresa, tendo assumido sua presidência em 1961.

Em 1962, durante o governo João Goulart, a Companhia Vale do Rio Doce, à época uma acanhada mineradora, deu a arrancada para a construção do porto de Tubarão, no Espírito Santo, que marcaria a abertura de uma nova fase nas relações externas do Brasil. A obra foi capitaneada pelo engenheiro Eliezer Batista, primeiro presidente da Vale do Rio Doce oriundo dos quadros da empresa.

Tubarão não só garantiu o crescimento futuro da Vale do Rio Doce, construindo uma ponte entre a mineradora e o resto do mundo, como permitiu aumentar significativamente as exportações brasileiras. O empreendimento deu credibilidade ao Brasil, à época 'desmoralizado' frente à comunidade internacional. Batista anteviu no projeto uma chance estratégica para o país. Ele conseguiu fechar contrato entre a Vale e 11 usinas de aço do Japão. O acordo previa a construção de um porto no Brasil (Tubarão) e de três grandes portos no Japão, os quais receberiam navios acima de 100 mil toneladas, inexistentes até então.

O Brasil tinha minério em abundância, mas ninguém queria comprá-lo. O Japão precisava do minério para reerguer a sua indústria siderúrgica, quase destruída na II Guerra. Europa e Estados Unidos viam com preocupação a reconstrução do parque siderúrgico japonês, pois ainda prevalecia um clima belicoso. Foi nesse contexto que o então presidente da Vale viu a oportunidade para o Brasil: viu a necessidade dos japoneses de expandir a siderurgia, praticamente destruída na segunda guerra, e criou o conceito inédito de "distância econômica", o que permitiu à Vale entregar minério de ferro ao Japão, a maior distância possível do Brasil, a preços competitivos com o das minas da Austrália, bem mais próximas dos nipônicos.

A empresa tinha, na época, um programa anual de produção de 1,5 milhão de toneladas, mas no fim dos anos 50 produzia 3 milhões a 4 milhões/ano, o que ainda era muito pouco dado o baixo valor do minério de ferro.

O primeiro contrato assinado com os japoneses era válido por 15 anos e previa a venda de 5 milhões de toneladas por ano. Os japoneses compraram 40% do minério CIF, o que permitiu à Vale criar a Docenave, empresa que chegou a ser a terceira maior companhia de navegação marítima de granéis do mundo.

Com o contrato assinado, Eliezer muniu-se de coragem e foi aos Estados Unidos pedir empréstimo ao Eximbank para construir o porto de Tubarão. Voltou de mãos vazias, pois o banco americano não dava crédito nem ao Brasil, nem à Vale, muito menos às usinas japonesas.

Ao retornar dos EUA, encontrou apoio do então ministro da Fazenda, Santiago Dantas. O porto de Tubarão foi inteiramente financiado pelo governo brasileiro, que àquela época já tinha necessidade de exportar para melhorar suas contas externas.

O porto ficou pronto em 1966 e produziu uma grande confiança do Japão em relação ao Brasil. A consequência foi uma enxurrada de investimentos japoneses no país nas décadas seguintes, incluindo a construção da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), a instalação no país de usinas de pelotização, de várias companhias de mineração, como a Mineração Serra Geral com a Kawasaki, além da Albrás e da Alunorte (alumínio) e da Cenibra (celulose).

Um dos legados do projeto de Tubarão, na visão de Batista, foi a revolução que causou no mundo da navegação. A parceria com os japoneses levou à construção de navios de grande porte (180 mil toneladas na primeira fase), mudando o paradigma logístico dos graneleiros em escala mundial.

Novas oportunidades surgidas na navegação marítima levaram a Vale a construir um porto em Bakar, na Iugoslávia, com dinheiro do governo iugoslavo, para atingir o centro da Europa com cargas graneleiras. O marechal Tito esteve no Brasil e encontrou-se com Batista, que ficou com pecha de 'comunista' por falar em russo com o líder iugoslavo. Batista fala sete idiomas (português, espanhol, francês, italiano, alemão, inglês e russo).

Foi ministro das Minas e Energia do gabinete Hermes Lima (1962 - 1963) no governo do presidente João Goulart (1961 - 1964). Ainda como ministro, exerceu o cargo de presidente do Conselho Nacional de Minas e Energia e da Comissão de Exportação de Materiais Estratégicos. Com a deposição de João Goulart, em 1964, ele escapou por pouco da cassação, teve de deixar a Vale e foi dirigir a MBR, mineradora ligada à Caemi, na qual foi gestado o projeto do porto de Sepetiba, no sul fluminense, outra de suas paixões profissionais. Em 1968, já no governo Costa e Silva, retornou à Vale pelas mãos do então presidente da mineradora, Antônio Dias Leite, o qual lhe encarregou a tarefa de reconstruir o mercado da empresa na Europa.

Só voltaria ao Brasil em 1979, quando assumiu pela segunda vez a presidência da CVRD a convite do então presidente da República, João Batista Figueiredo. Na presidência da Vale pela segunda vez, Eliezer, após duras e complexas negociações,

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