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Biografia Eliezer Batista

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Por:   •  11/7/2014  •  1.752 Palavras (8 Páginas)  •  932 Visualizações

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Eliezér Batista

1 INTRODUÇÃO

O mundo antigo consagrou algumas profissões que o mundo moderno derrogou. Outras que surgiram e desaparecerão - algumas por serem supérfluas, outras por serem essenciais, essas sufocadas pelo universo de irrelevâncias que compõe o pensamento contemporâneo.

No Rio de Janeiro mora uma dessas figuras que podem ser chamadas de essenciais, adepta de uma profissão raríssima, e que tende à extinção: a de construtor de uma nação, mesmo nunca tendo se ocupado da atividade política.

Perto de seus 90 anos, poliglota autodidata, aprendeu sozinho russo, inglês, alemão, francês, italiano e espanhol, e adquiriu noções básicas de grego.

Eliezer Batista é um engenheiro cuja visão o fez ser pioneiro na gestão de empresas com desenvolvimento sustentável além de catalisar um mix de logística que abriu a exportação mineral para países do mundo todo (entre eles o Japão) e fez emergir uma das maiores empresas do mundo, a Vale.

2 BIOGRAFIA E VIDA PROFISSIONAL

Eliezer Batista da Silva é um engenheiro e administrador de empresas brasileiro, nasceu em Barra Mansa no Rio de Janeiro em 2 de maio de 1924. Filho de José Batista da Silva e de Maria da Natividade Pereira. É formado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Paraná, onde se graduou em 1948. Eliezer se notabilizou na presidência da Vale (na época, Companhia Vale do Rio Doce) que a exerceu por duas vezes, e por sua atuação no Programa Grande Carajás, a primeira iniciativa de exploração das riquezas da província mineral dos Carajás, abrangendo áreas do Pará, Tocantins (na época ainda pertencente a Goiás) e Maranhão.

Em 1949, foi contratado pela Companhia Vale do Rio Doce, então uma empresa inexpressiva, como engenheiro ferroviário e graças ao seu desempenho na construção da ferrovia Vitória-Minas, tornou-se durante muito tempo o principal estrategista da companhia. Tornou-se o primeiro presidente da mineradora oriundo dos quadros da empresa, tendo assumido sua presidência em 1961.

Em 1962, durante o governo João Goulart, a Companhia Vale do Rio Doce, à época uma acanhada mineradora, deu a arrancada para a construção do porto de Tubarão, no Espírito Santo, que marcaria a abertura de uma nova fase nas relações externas do Brasil. A obra foi capitaneada pelo engenheiro Eliezer Batista, primeiro presidente da Vale do Rio Doce oriundo dos quadros da empresa.

Tubarão não só garantiu o crescimento futuro da Vale do Rio Doce, construindo uma ponte entre a mineradora e o resto do mundo, como permitiu aumentar significativamente as exportações brasileiras. O empreendimento deu credibilidade ao Brasil, à época 'desmoralizado' frente à comunidade internacional. Batista anteviu no projeto uma chance estratégica para o país. Ele conseguiu fechar contrato entre a Vale e 11 usinas de aço do Japão. O acordo previa a construção de um porto no Brasil (Tubarão) e de três grandes portos no Japão, os quais receberiam navios acima de 100 mil toneladas, inexistentes até então.

O Brasil tinha minério em abundância, mas ninguém queria comprá-lo. O Japão precisava do minério para reerguer a sua indústria siderúrgica, quase destruída na II Guerra. Europa e Estados Unidos viam com preocupação a reconstrução do parque siderúrgico japonês, pois ainda prevalecia um clima belicoso. Foi nesse contexto que o então presidente da Vale viu a oportunidade para o Brasil: viu a necessidade dos japoneses de expandir a siderurgia, praticamente destruída na segunda guerra, e criou o conceito inédito de "distância econômica", o que permitiu à Vale entregar minério de ferro ao Japão, a maior distância possível do Brasil, a preços competitivos com o das minas da Austrália, bem mais próximas dos nipônicos.

A empresa tinha, na época, um programa anual de produção de 1,5 milhão de toneladas, mas no fim dos anos 50 produzia 3 milhões a 4 milhões/ano, o que ainda era muito pouco dado o baixo valor do minério de ferro.

O primeiro contrato assinado com os japoneses era válido por 15 anos e previa a venda de 5 milhões de toneladas por ano. Os japoneses compraram 40% do minério CIF (categoria que inclui o próprio produto, mais frete e seguro), o que permitiu à Vale criar a Docenave, empresa que chegou a ser a terceira maior companhia de navegação marítima de granéis do mundo.

Com o contrato assinado, Eliezer muniu-se de coragem e foi aos Estados Unidos pedir empréstimo ao Eximbank para construir o porto de Tubarão. Voltou de mãos vazias, pois o banco americano não dava crédito nem ao Brasil, nem à Vale, muito menos às usinas japonesas.

Ao retornar dos EUA, encontrou apoio do então ministro da Fazenda, Santiago Dantas. O porto de Tubarão foi inteiramente financiado pelo governo brasileiro, que àquela época já tinha necessidade de exportar para melhorar suas contas externas.

O porto ficou pronto em 1966 e produziu uma grande confiança do Japão em relação ao Brasil. A consequência foi uma enxurrada de investimentos japoneses no país nas décadas seguintes, incluindo a construção da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), a instalação no país de usinas de pelotização, de várias companhias de mineração, como a Mineração Serra Geral com a Kawasaki, além da Albrás e da Alunorte (alumínio) e da Cenibra (celulose).

Um dos legados do projeto de Tubarão, na visão de Batista, foi a revolução que causou no mundo da navegação. A parceria com os japoneses levou à construção de navios de grande porte (180 mil toneladas na primeira fase), mudando o paradigma logístico dos graneleiros em escala mundial.

Novas oportunidades surgidas na navegação marítima levaram a Vale a construir um porto em Bakar, na Iugoslávia, com dinheiro do governo iugoslavo, para atingir o centro da Europa com cargas graneleiras. O marechal Tito esteve no Brasil e encontrou-se com Batista, que ficou com pecha de 'comunista' por falar em russo com o líder iugoslavo. Batista fala sete idiomas (português, espanhol, francês, italiano, alemão, inglês e russo).

Foi ministro das Minas e Energia do gabinete Hermes Lima (1962 - 1963) no governo do presidente João Goulart (1961 - 1964). Ainda como ministro, exerceu o cargo de presidente do Conselho Nacional de Minas e Energia e da Comissão de Exportação de Materiais Estratégicos. Com a deposição de João Goulart, em 1964, ele escapou por pouco da cassação, teve de deixar a Vale e foi dirigir a MBR, mineradora ligada à Caemi, na qual foi gestado o projeto do porto de Sepetiba, no sul fluminense, outra de suas paixões profissionais.

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