Inflação
Artigo: Inflação. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: j_niny • 2/3/2014 • Artigo • 1.435 Palavras (6 Páginas) • 435 Visualizações
INFLAÇÃO
A inflação é um aumento contínuo, persistente e generalizado dos preços. Portanto, oscilações de preços localizados ou sazonais não geram inflação. Vamos analisar as formas e as causas da inflação e identificá-las na economia brasileira.
Para os economistas clássicos, somente duas formas de inflação podem existir: a de demanda e a de custos. Como veremos a seguir, existem outras características para a inflação: uma própria e inerente ao Brasil e outra de países subdesenvolvidos.
A inflação de demanda é resultado do fenômeno monetário: aumento do volume de moeda em circulação eleva os níveis de preços.
Como, para os economistas clássicos, o produto sempre tenderia à situação de pleno emprego, as elevações no montante de moeda em circulação representariam pressões de demanda, traduzindo-se em elevação dos preços. Caso a economia não esteja em pleno emprego, o aumento da demanda - resultado do volume de moeda em circulação - seria atendido pela ocupação da capacidade ociosa, não resultando em pressão inflacionária.
Normalmente, a elevação do volume de moeda em circulação é fruto de descontrole das contas públicas expresso por déficits. Estes resultados negativos até podem ocorrer em uma economia desde que em níveis aceitáveis. O problema é quando se tornam constantes e elevados em relação ao PIB, o que fatalmente irá conduzir a economia para situação de utilização máxima de sua capacidade produtiva. A geração de déficits, a partir de 1930, quando o país decidiu industrializar-se, começou a resultar em inflação no início da década de 60, ou seja, 30 anos depois. A máscara para a inflação criada em 1967, expressa pela correção monetária, reduziu seu impacto e as medidas contracionistas implementadas sobre a demanda geraram capacidade ociosa. Estes mecanismos, aliados à organização do sistema financeiro, explicam o “Milagre Econômico” da década de 70. Já no início dos anos 80 (treze anos depois da crise de 67), os déficits voltaram a manifestar seus efeitos inflacionários. O equilíbrio da economia é dado pela igualdade entre a oferta e a demanda agregada. Portanto, quando ocorre um desequilíbrio pelo lado da demanda, ou se reduz esta demanda ou se aumenta a oferta. A impossibilidade de aumentar a oferta no curto prazo (novas fábricas, escritórios, etc) determina que o acréscimo se dê pelo aumento de importações (o plano real manteve a estabilidade dos preços até janeiro de 99 com este mecanismo). O período considerado, início dos anos 80, com as duas crises do petróleo e a recessão instalada no cenário internacional, cortando os fluxos de capitais e provocando déficits no balanço de pagamentos, gerou a necessidade de desvalorização cambial, o que impediu o mecanismo de elevação da oferta via importações. Logo, a década de 80 e o início dos anos 90 foram marcados por amplo processo inflacionário resultante dos déficits públicos. Em 1994, com o advento do Plano Real, ancorado em um período anterior de acúmulo de reservas internacionais proporcionado pela volta do país ao fluxo de capitais internacionais (pós crise internacional e moratória de 1986), foi possível estabelecer o equilíbrio via aumento da oferta através da importação. Paralelamente as reformas necessárias para dinamizar a economia e eliminar possíveis focos de déficit começaram a serem atacadas. Os países europeus que aderiram ao Euro estabeleceram como limite ao déficit público 3% do PIB para evitar a exportação de inflação. O déficit público do Brasil, ao longo da década de 80 esteve em torno de 10 a 13% do PIB.
Uma outra característica inerente ao Brasil, fruto de possuir uma estrutura de mercado oligopolizada, é a ocorrência de inflação de demanda sem a necessária utilização da capacidade produtiva. Como os setores oligopolizados trabalham sempre próximos da capacidade máxima e respondem pela produção de bens intermediários, pequenas elevações na demanda são respondidas por estes setores com aumento de preços, levando os demais setores a incorrerem em inflação de custos e a economia em inflação de demanda sem que esteja na capacidade produtiva máxima.
Conforme pode ser visto, a inflação de custo é o resultado de elevações nos preços de insumos básicos que necessariamente são repassados aos preços. Este mecanismo se torna mais propagado quando a economia apresenta instrumentos de indexação de preços e salários e alto grau de proteção. Os aumentos salariais baseados em indexação são repassados aos preços conjuntamente com os aumentos dos insumos e são mascarados pela “ilusão monetária”. Como a pressão da concorrência não existe, pelo expediente da proteção, não haverá nenhum concorrente “furando” o esquema através de uma renegociação com os fornecedores, forçando a absorção da elevação dos custos na margem, ou com os trabalhadores no sentido de que os aumentos ocorram em cima de produtividade representando aumentos reais que possibilitam o incremento no poder de compra e não somente uma reposição.
Neste ponto podemos incluir mais um componente da inflação brasileira, inerente somente a ela e fruto da indexação geral da economia incentivada pela criação da correção monetária. A chamada “Inflação Inercial” através da qual se repassa ao preço futuro a inflação passada com margem de segurança, gerando automaticamente uma inflação futura maior. Como o trabalhador recebe seu salário com a defasagem de um mês, normalmente quando ocorre a reposição, ele já perdeu alguns pontos percentuais no seu poder de compra. Como o trabalhador assalariado e o profissional liberal da classe média e baixa não podem se proteger dos efeitos inflacionários através do mercado financeiro, o que acontece é uma brutal transferência
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