Macroeconomia keynesiana
Seminário: Macroeconomia keynesiana. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: cirakinho • 10/5/2014 • Seminário • 9.069 Palavras (37 Páginas) • 432 Visualizações
Macroeconomia keynesiana: uma interpretação com
abordagem didática nos 70 anos da “Teoria Geral”
Ricardo Dathein*
Resumo:
A macroeconomia keynesiana continua sendo fundamental 70 anos depois da publicação
da “Teoria Geral” de Keynes. Os ciclos derivados de oscilações da Demanda Efetiva fazem
parte do dia-a-dia de todas as economias, e as políticas keynesianas continuam presentes,
eficientes e necessárias, assim como as instituições de regulação criadas como reações à
instabilidade do mercado. O objetivo deste texto é apresentar uma interpretação da teoria
keynesiana, de forma didática, dos modelos fixprice e flexprice, com suas críticas aos
modelos neoclássicos. Esta abordagem é feita acrescentando-se as contribuições de autores
keynesianos atuais e levando-se em conta a realidade presente, fazendo-se referência
também aos problemas específicos de países não desenvolvidos e sobre a necessidade da
adoção de políticas de desenvolvimento.
Palavras-chave: Teoria keynesiana; Macroeconomia; Emprego.
Abstract:
The Keynesian macroeconomics continues being fundamental 70 years after the
publication of the “General Theory” of Keynes. The cycles derived from oscillations of the
Effective Demand are part of the day-by-day of all economies, and the Keynesians policies
continues presents, efficient and necessaries, as well as the institutions of regulation
created as reactions against the instability of the market. The objective of this text is to
present an interpretation of the Keynesian theory, in didactic form, of the fix price and flex
price models, with its critics to the neoclassics models. This approach is made adding the
contributions of current Keynesians authors and taking account the present reality, making
reference also to the specifics problems of not developed countries and about the necessity
of the adoption of development policies.
Key words: Keynesian theory; Macroeconomics; Employment.
Introdução
Para Keynes, “... a evidência prova que o pleno emprego, ou mesmo o
aproximadamente pleno, é uma situação tão rara quanto efêmera” (Keynes, 1936, p. 173).
Esta afirmação demonstra a diferença, em relação aos autores neoclássicos, da percepção
de Keynes sobre a realidade, sendo a base da discordância teórica entre suas visões. Na
“Teoria Geral” de Keynes, uma das formas de entender o termo “geral”, do título, é de que
com esta teoria se conseguiria explicar tanto o pleno emprego quanto o desemprego
* Professor Adjunto do Departamento de Economia e do PPGE/UFRGS. E-mail: ricardo.dathein@ufrgs.br
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(involuntário), enquanto a teoria neoclássica conseguiria, em seu núcleo teórico básico,
explicar somente a situação de pleno emprego, sendo, portanto, parcial (Chick, 1989, p.
35-6).
A teoria keynesiana entende, em contraposição à visão neoclássica, que para se
explicar o desemprego não se deve começar a análise pelo estudo do Mercado de Trabalho,
de forma a praticamente resumir a discussão a questões microeconômicas. Ao contrário, a
determinação teórica vem do estudo sobre a dinâmica econômica mais geral e seus
impactos sobre o emprego, especificamente. A ordem causal é tomada inversamente,
aparecendo o “Mercado de Trabalho” no final da corrente1. Este é o motivo pelo qual se
pode explicar o relativamente pequeno estudo sobre o Mercado de Trabalho, em si, pelos
autores keynesianos. De maneira oposta, os autores neoclássicos, para os quais, em
princípio, não existe desemprego involuntário por causas endógenas, criam muitas teorias
para explicar o desemprego existente no mundo real, quase sempre circunscrevendo a
análise ao Mercado de Trabalho, de forma a preservar o seu núcleo teórico básico.
Para a compreensão do desemprego, tanto de trabalho quanto de capital,
entendido como o problema fundamental da economia na ótica keynesiana, é necessário
estudar primeiramente o seu reverso, ou seja, a teoria de Keynes sobre o emprego. Este
autor fez uma análise em dois estágios: o primeiro, nos dezoito capítulos iniciais da
“Teoria Geral”, tratou de um modelo particular, com o pressuposto de salários nominais
constantes (modelo fixprice); o segundo, nos capítulos 19 a 21, generalizou a análise,
considerando salários nominais flexíveis (modelo flexprice)2. Desta forma, o presente texto
apresenta um modelo simplificado da dinâmica econômica para explicar o desemprego
involuntário, segundo Keynes, e, após, a argumentação que permite estender o modelo
básico de Keynes para que este não fique dependente da existência de rigidez de preços ou
salários, o que demonstra sua contradição com as visões neoclássicas ditas de origem
keynesiana.
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