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Atomnaya bomba - gensibakudan

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Por:   •  1/4/2014  •  Resenha  •  6.815 Palavras (28 Páginas)  •  241 Visualizações

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Bomba atômica – genshibakudan

A bomba atômica é um ícone da Era Contemporânea. Ela não foi criada pelos japoneses, mas foi no Japão que ela foi pela primeira vez usada contra pessoas, durante a 2ª Guerra Mundial, em agosto de 1945. Desde então a bomba atômica tornou-se símbolo negativo do engenho humano e brinquedo predileto almejado por líderes políticos do mundo, sendo que o povo japonês detém até hoje o trágico recorde de ter sido a única nação a experimentar na carne os efeitos de um bombardeio atômico. O que é a bomba atômica e como ela se incorporou à cultura de um povo é algo que Cristiane A. Sato, colaboradora do Cultura Japonesa, apresentará nesta matéria.

AVISO: esta matéria contém algumas imagens de forte impacto. Recomenda-se ao leitor discernimento ao prosseguir na consulta.

6 de agosto

Na história da humanidade poucas efemérides são tão importantes, ou celebradas com tanta tristeza como a data de 6 de agosto.

Em 6 de agosto de 1945, a primeira bomba atômica feita pelo homem e usada contra a própria humanidade explodiu na cidade japonesa de Hiroshima. Em 9 de agosto de 1945, foi a vez de outra cidade: Nagasaki – a maior comunidade cristã do Japão. Estima-se que 70 mil pessoas morreram na hora ou poucas horas depois das explosões. Outras 130 mil morreram nos 5 anos subseqüentes, em função de ferimentos e doenças causadas pela exposição à radiação. Assim, calcula-se que 200 mil pessoas teriam sido o custo pago pela passagem da humanidade para a Era Nuclear, mas estas são cifras mínimas estimadas. A verdade é que nunca se saberá ao certo quantas centenas de milhares de vidas foram tomadas ou afetadas para sempre com apenas duas explosões.

Todos os anos, no dia 6 de agosto em Hiroshima, e 9 de agosto em Nagasaki, são realizadas enormes cerimônias em memória aos mortos das bombas atômicas, com a presença do Imperador e da Imperatriz. As cidades podem ter sido reconstruídas, mas o trauma é permanente. Cada um dos sobreviventes tem uma história de dor e terror, e uma tristeza que nunca desaparece. Muitos não conseguem sequer falar sobre o assunto, mesmo décadas depois. Os poucos que conseguem, mesmo após tanto tempo, não conseguem evitar a voz trêmula e as lágrimas. Em comum, cada hibakusha (sobrevivente da bomba) tem a esperança de que aquilo que aconteceu com eles nunca mais se repita.

Numa época em que a ameaça de que a tecnologia das armas nucleares caia em mãos de grupos extremistas terroristas, e na qual um crescente número de nações almeja a posse de tal tecnologia, apesar dos já conhecidos enormes riscos e poucos benefícios que a energia nuclear oferece, é essencial relembrar Hiroshima e Nagasaki. Paz mundial não é uma utopia, mas uma necessidade para a sobrevivência da humanidade. O slogan “Hiroshima Nunca Mais” permanece tão atual quanto na época em que foi criado.

Escrever sobre a Bomba Atômica possui dois aspectos distintos, como no filme “Titanic”. Assim, neste artigo, o assunto está dividido em duas partes – uma objetiva e outra subjetiva, como no filme. A primeira parte, de caráter mais técnico e histórico, trata da bomba em si e de detalhes do bombardeio. A segunda parte trata do impacto humano, de histórias e questões dos sobreviventes, e de como a bomba gerou questionamentos éticos e políticos até nossos dias, incorporando-se à cultura contemporânea.

Breve história da bomba atômica

O texto a seguir foi compilado do livro “História em Revista – A Arte da Guerra”, publicado pela Time-Life e Abril Livros em 1993.

“Desde os primeiros anos do século XX, os cientistas sabiam que poderosas forças habitavam o mundo invisível do átomo. Em 1938, dois cientistas alemães conseguiram romper o núcleo do maior átomo da natureza: o do urânio. Nesse processo, houve desprendimento de energia – numa quantidade imensamente maior do que a gerada por reações químicas. (Cálculos subseqüentes indicaram que a fissão nuclear, como o processo de ruptura do núcleo do átomo ficou conhecido, podia produzir 40 milhões de vezes mais energia do que o máximo obtido por meios químicos, inclusive a combustão das bombas convencionais).

Notícias do que os alemães haviam conseguido espalharam-se rapidamente e em breve os físicos da Inglaterra, França, Estados Unidos e Japão engajavam-se em experiências similares. Em 1939, na Universidade de Columbia, na cidade de Nova York, Leo Szilard, refugiado húngaro que abandonara seu país para escapar aos nazistas, demonstrou que a fissão nuclear liberava nêutrons, partículas subatômicas que podem romper o núcleo de outros átomos, liberando ainda mais nêutrons – e assim por diante, em uma reação em cadeia auto-sustentável. “Nessa noite”, afirmou Szilard, “eu soube que o mundo se cobriria de tristeza”.

Entretanto, logo os físicos descobriram que a fissão auto-sustentável só era possível com o U-235, um isótopo que constituía uma ínfima fração do urânio de ocorrência natural, ou com um novo elemento chamado plutônio, que podia ser criado bombardeando com nêutrons o principal isótopo de urânio, o U-238. A obtenção de quantidades significativas de qualquer das duas substâncias propunha um problema incrívelmente difícil à física, à química e à engenharia. Durante os anos da guerra, somente os Estados Unidos dispunham de recursos e de meios científicos (sem contar a capacidade intelectual de dezenas de físicos que haviam fugido ao nazismo) para a tarefa. O esforço americano, conhecido como Projeto Manhattan, custou mais de 2 bilhões de dólares e, em seu auge, empregou mais de 600 mil pessoas, trabalhando sob condições cuidadosamente planejadas para manter o segredo.

Às 5:30 do dia 16 de julho de 1945, uma bomba atômica feita de plutônio foi testada com sucesso no campo de Alamogordo, no Novo México. A centenas de quilômetros de distância, as pessoas acharam que havia ocorrido um terremoto, ou que um meteorito gigante caíra nas proximidades. A luz da explosão poderia ter sido vista até em Marte. No mesmo momento, o presidente Harry Truman estava em Potsdam – nos arredores de Berlim – discutindo a política do pós-guerra com Winston Churchill e Joseph Stalin. Quando foi confidencialmente informado por sua equipe do sucesso da explosão no Novo México, ele referiu-se à bomba como a “maior coisa da história”. Ele tencionava usá-la para pôr fim à guerra com o Japão. (…)

No início

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