FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - CÂMPUS FRANCA
Por: Osmar Miyagi • 14/9/2020 • Trabalho acadêmico • 1.161 Palavras (5 Páginas) • 259 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA "JÚLIO DE MESQUITA FILHO"
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - CÂMPUS FRANCA
DISCIPLINA: Teoria política
CURSO: Relações internacionais ANO/SEMESTRE: 2º ano / 3º Semestre
RESENHA CRÍTICA
FICHAMENTO DO TEXTO: A elite do poder; Capítulos 1, 2 E 12.
AUTOR: C. Wright Mills
Ao longo dos capítulos - 1, 2 e 12 - o sociólogo C. Wright Mills visa, de forma instrutiva e coesa, apresentar a estrutura das elites estadunidenses e os alicerces sobre os quais se sustentam, assim como algumas dissidências entre diferentes nichos dentro da classe. As relações de poder - e como estas se moldam de acordo com as condições sociais e históricas - são, em suma, o ponto central de discussão do texto.
Para compreender de forma íntegra as questões abordadas no escrito é fundamental assimilar as três principais esferas de poder dentro da sociedade: Econômica, militar e política. Em outras palavras, fazem parte da elite do poder, grosseiramente, "os senhores da guerra, os chefes de empresas e o diretório político." (MILLS, 1981, p. 17).
Ainda sobre poder, é válido evidenciar o quão estreito são os laços que interligam esses três principais pilares de poder. Historicamente, essas áreas aumentaram e se centralizaram, para que houvesse assim uma melhor organização e, com isso, maior dinamicidade em suas respectivas atividades. Com isso, aumentou-se, também, a inferência de suas ações e a interseccionalidade entre essas esferas tornou-se corriqueira. Por conseguinte, não se pode mais discutir a influência de uma dessas instituições de poder sem considerar a preponderância advinda das demais.
Os poderes não só são concomitantes dentro da sociedade, como também cumulativos dentre a elite. Pode-se dizer que entre as altas e seletas rodas da sociedade, onde as decisões de significância capital são tomadas, é comum que ocorram permuta de cargos. A seletividade existente entre o alto escalão do poder faz com que o número de participantes desses ambientes seja enxuto, o que permite a elite um poder de organização e vínculos muito mais eficazes quando comparados a massa da população. Em outros termos, desde Napoleão Bonaparte, passando pela indicação de militares para a composição do gabinete de Donald Trump e até a cadeira vice-presidencial brasileira, por exemplo, não é novidade alguma, perante os olhos dos homens comuns, que membros influentes de um âmbito participem simultaneamente de outra área de poder.
É conveniente ressaltar o modo como as restritivas rodas do poder se arranjam para que a elite seja perpetuada. Além da organização característica citada anteriormente, o modus operandi da sociedade permite que o seleto grupo seja visto como dotado de alguma superioridade de valores, e que, consequentemente, é digno de poder[1].
Um acontecimento - dos muitos exemplos - em que a coalizão entre os três principais pilares da elite fica explícita é no cerne e decorrer das guerras. É impossível efetivar uma guerra sem que essas três instâncias estejam minimamente alinhadas. De fato, cada guerra tem primazias singulares dentro de cada uma das esferas em discussão, entretanto, não se pode negar que todas são intrínsecas a busca de ampliação e/ou perpetuação de poder. Tomando como exemplo a mais longa guerra dos Estados Unidos da América, a guerra do Afeganistão[2], fica claro o aval de todas essas áreas.
Com o propósito de elucidar o abismo entre a elite de poder e os homens comuns, logo nos parágrafos iniciais, é apresentada ao leitor a dura realidade da quase irrelevância do homem individual perante àqueles que dirigem as grandes instituições. Isto é, um grupo minoritário ocupa e controla as principais posições de poder e/ou prestígio, tendo assim, consequentemente, um enorme controle sobre o rumo de incontáveis vidas individuais, não raramente, maior do que estas têm sobre si mesmas. Traçando um paralelo com a sociedade brasileira, é possível observar de forma concreta esta mesma realidade. Um nítido exemplo disso foi a lei nº 13.415/2017[3]. Além das alterações de natureza questionável, outro ponto que merece destaque é a completa falta de diálogo com os principais envolvidos na problemática, que são os alunos e professores, explicitando assim a distância entre quem de fato toma as decisões e aqueles que sofrem diretamente seus impactos.
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