Mercado De Capitais

6) Você saberia explicar por que o mercado de capitais normalmente não é inflacionário?

O mercado de capitais normalmente não é inflacionário, pois aloca os recursos de forma mais eficiente, transferindo a poupança aos segmentos mais importantes da economia, fazendo com que a produção cresça no mesmo ritmo da renda. Isso reduz o consumo desenfreado que acaba ocasionando o processo inflacionário e evita que se transfira renda do futuro para ser consumida no presente, ao contrário proporciona ao indivíduo o acúmulo de renda para o futuro.

Tendo em vista o fato de que num processo inflacionário intenso o valor da moeda deteriora-se rapidamente, ocorre um desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiro. As aplicações em poupança e títulos devem sofrer uma retração. Por outro lado, a inflação estimula a aplicação de recursos em bens de raiz, como terras e imóveis, que costumam valorizar-se.

No Brasil, essa distorção foi bastante minimizada pela instituição do mecanismo da correção monetária, pelo qual alguns papéis, como os títulos públicos, bem como as cadernetas de poupança e títulos privados, passaram a ser reajustados (ou indexidos) por índices que refletem aproximadamente o crescimento da inflação. Em épocas de aceleração da inflação isso tem contribuído para um verdadeiro desvio de recursos de investimentos no setor produtivo, para a aplicação no mercado financeiro.

O mercado de capitais, particularmente seu segmento acionário, tem tudo para se transformar em poderoso instrumento de desenvolvimento econômico e social do país. Setores que hoje vivem à mingua de recursos estáveis e de custos adequados, como a agricultura e a habitação - podem e devem ser impulsionados por um mercado de capitais amplo, vigoroso, acessível e competitivo.

Vários estudos já identificaram as amarras que impedem o mercado de capitais de exercer seu relevante papel no desenvolvimento econômico e social do Brasil. A remoção delas não é tarefa fácil, pois muitas dependem de reformas complexas e até mesmo de mudanças culturais, como no Judiciário. Infelizmente, algumas reformas têm sido lentas e seus efeitos distribuidos em longa transição, como é o caso da Previdência. Ainda quem nem todas as reformas necessárias se concretizem, é preciso que se assuma crescentemente a consciência sobre a importância do mercado de capitais para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.