Racismo no Mundo
Por: Rafael Sparks • 1/3/2016 • Projeto de pesquisa • 2.372 Palavras (10 Páginas) • 567 Visualizações
Racismo no mundo
O racismo é disseminado ao redor do globo em proporções quase imensuráveis. Em muitos lugares, ele é condenado e escondido, em outros ele é aberto e aclamado como verdade. Preconceito, chacota, violência, subordinação, desdém, medo e maltrato são algumas das formas através das quais o racismo proliferou através da história, em cada época com sua justificativa, forma preferida e conformidade.
As origens do racismo são incertas, mas se considerarmos que ele existe quando grupos dominam, excluem ou tentam eliminar outros com base em diferenças hereditárias ou inalteráveis, podemos encontrar as primeiras pistas por volta do século XIII, onde era comum se escutar rumores do pacto entre Judeus, demônios e magia negra.
Ideologias e governos racistas se espalham ao redor do mundo, fincando ainda mais fundo a bandeira ariana, aprovando leis e incitando movimentos extremistas que marcaram a história da humanidade com uma mancha de sangue e continua até hoje a agir e influenciar a mente do homem moderno, mesmo de forma inconsciente.
É importante, então, que nos aprofundemos nas causas e efeitos dessa onda, as justificativas e as consequências que esses pensamentos e atos trouxeram para o mundo e as sociedades.
O Racismo Religioso
“Eles, que são tão diferentes, não podem ser descendentes de Adão e Eva”.
Até menos de dois séculos atrás, as justificativas para o racismo se encontravam quase que inteiramente na religião, uma conhecida arma de manipulação e execução da vontade de uma elite para moldar a sociedade à sua volta, que ditava e era fonte de razão para que atos brutais contra outras etnias e credos fossem executados por pessoas que mantinham suas consciências não somente limpas, mas até orgulhosas de trabalharem em nome de Deus e fazendo nada menos do que ele gostaria.
Quando os europeus entraram em contato maior com pessoas de pele escura, na África, Ásia e nas Américas, eles encontraram justificativa para julgá-los na religião, escravizando negros e índios simplesmente por serem pagãos. Outros foram mais afundo para se justificarem e usam passagens da Bíblia, como a de Cam, filho de Noé, que ao trair seu pai condenou seus descendentes negros a serem eternos servos. John Major, professor escocês, disse em 1510 que os índios eram escravos naturais, e justificava o uso da força para prepara-los para se converterem em cristãos.
Teorias religiosas também foram usadas quando, na Inglaterra, a demanda por açúcar e rum aumentou dramaticamente assim como seu consumo, levando consigo a demanda por escravos para trabalhar nas plantações de açúcar. Essa demanda por escravos e açúcar, aliada ao crescimento da indústria de manufatura foram os elementos para um formato de economia que produziu lucros imensos, deixando muitas pessoas ricas e fomentando fortunas. Os navios com manufaturados, como cerveja e têxteis, eram levados até a costa da África para trocar seus produtos por escravos que foram capturados no interior do continente e levados á força até os navios, onde eram dispostos uns sobre os outros e assim carregados para o Novo Mundo para serem novamente trocados por açúcar, tabaco e rum, que eram então levados de volta para a Inglaterra.
Esse mercado cruel de escravos foi parte significante do desenvolvimento da classe capitalista britânica, onde os lucros são quase incontáveis, com cerca de 21 milhões de escravos comprados e vendidos entre 1630 e 1807. Esse lucro foi investido principalmente nas indústrias de ferro, têxteis e as grandes conexões ferroviárias pela Inglaterra. As pessoas que lucravam com essas operações e eram os pilares de respeito da sociedade e em grande maioria patrocinadores da igreja, se sentiam satisfeitos com a justificativa de que os escravos, em teoria, poderiam ganhar sua liberdade se convertendo em cristãos, e mais satisfeitos ainda com a justificativa de que negros eram, por providência divina, inferiores e, portanto dignos desses abusos.
Os argumentos de inferioridade eram a princípio muito primitivos e esotéricos, os negros eram acusados de demonologia, magia negra, vodu, tudo isso misturado com medos sexuais e interesses comerciais. Foi especulado que as mulheres negras se reproduziam com macacos e que os negros praticavam canibalismo como uma expressão de amizade e praticavam sexo como animais e o debate foi cada vez mais tomando ares de pesquisa e estudo.
O Racismo “Cientifico”
No século XIX existiu uma corrente de publicações tentando explicar a história e cultura da humanidade com base nas diferenças raciais. A interpretação deturpada da teoria de Charles Darwin forneceu combustível para basear o pensamento racista através de algo mais do que a religião e a especulação, onde alguns escritores utilizavam as ideias de Darwin para formular uma nova lei do desenvolvimento social, instruindo a sobrevivência do mais forte, chamada de Darwinismo Social.
Darwinismo Social
Entende-se neste pensamento que as sociedades humanas são superiores umas as outras naturalmente, que a evolução de indivíduos mais fortes e, portanto, melhores garante o direito e até mesmo o dever de vassalagem sobre os mais fracos e menos desenvolvidos.
Um pensamento racionalmente defasado e repleto de preconceitos, o darwinismo social classifica as sociedades em três etapas evolutivas, e justifica a colonização de países bárbaros, como a África, por parte dos europeus tão civilizados. Ele justifica certos movimentos extremistas como o Nazismo, e quando usamos a palavra “justifica” no presente, é devido ao fato de que ainda existe um número considerável de pessoas que acredita nessa “evolução social” e dão vida à alguns grupos extremistas.
Claro que o darwinismo social não possui nenhuma legitimidade científica, mas nessa época do século XIX era parte da pseudociência levada em consideração por uma legião de pessoas e legitimado pelas ações provocadas por ele.
É importante ressaltar que Darwin, em seu pensamento original, em nenhum momento alegou que os indivíduos mais adaptados ao meio ambiente eram melhores do que os outros menos adaptados. Por vezes, o fato de um indivíduo ser mais fraco ou menor era exatamente o que permitia que ele sobrevivesse, mas isso foi convenientemente ignorado pelos pensadores racistas.
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