Os incomodados que se convertam (Se incomode!)

Os incomodados que se convertam (Se incomode!)

Chegou um dos tempos litúrgicos mais marcantes na vida da igreja. Tempo em que um monte de gente se torna vegetariano , deixa de “tomar umas”, fica sem facebook ou faz algum outro sacrifício, buscando penitência.  São irmãos e irmãs que ao tomarem as rédeas da vontade, buscam, a exemplo de Cristo no deserto, resistir às tentações. “Aqui tem coragem”... Sim, precisa de muita coragem e força de vontade para poder se sacrificar, já que o mundo parece não conhecer mais o significado dessa palavra, por que ninguém merece sofrer e a vida tem que ser uma vida facebooquiana, onde todo mundo é feliz, onde só tem curtição, onde não há dor e tudo gira em torno do prazer e onde ninguém quer ficar por baixo. [pic 1]

Esse tempo é a Quaresma. O termo quaresma vem do latim “quadragésima dies”, o quadragésimo dia antes da Páscoa, é preparação para a Paixão, Morte e Ressureição do Senhor. Tem seu início na Quarta-Feira de cinzas e termina na Missa de Instituição da Eucaristia, onde se inicia o Tríduo Pascal da Paixão, morte e Ressurreição do Senhor. A cor litúrgica desse tempo é o Roxo. Esse é o tempo onde somos convidados a refletirmos como está nossa vida. É tempo de irmos para o deserto, e creia: a Palavra do Senhor testemunha que aqueles que foram para o deserto voltaram de lá livres. Porém, deserto é lugar da privação, da provação. É onde você encontrará a você mesmo e não há como fugir, onde o seu oponente será os seus desejos, os seus pensamentos, vontades e sentimentos. Por isso muita gente quando vai para o deserto doidão, pois não conhecendo a si, perde a luta para si mesmo e aí vai viver as ilusões.

Momentos como a quaresma é aquele tapinha nas costas que Deus nos dá para nos dizer “É, né... conversão faz bem...” Por isso, se é os incomodados quem devem se converter, os acomodados numa suposta santidade também deve, principalmente.  Então, incomode-se e não acomode-se na suas fraquezas, misérias e pecados. E para nos ajudar nessa reflexão é que a Igreja nos convida a fortificar os exercícios espirituais de Jejum, oração e Caridade. Lembrando que Jejum sem oração é dieta, oração sem caridade é fé sem obras e caridade sem oração é filantropia.

Ajuntemo-nos à Igreja penitente, voltemos ao Evangelho de Jesus e sigamos mais de perto os passos do Mestre. Deixemo-nos incomodar pela estranha sensação que pertencemos a uma outra pátria, a Celeste, e não essa. Pratiquemos a humildade, recordando que somos pó e a ele retornaremos. Voltemos para o Senhor, como todo nosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasguemos o nosso coração, e volvamos nossos passos a Deus, que é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia. Pois se grande é nosso Pecado, maior é o Amor de Deus.

“Converte-vos e Crede no evangelho”, diz-nos o Senhor.