A Demonização De Uma Religião
Trabalho Escolar: A Demonização De Uma Religião. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: AporeleZaia • 26/3/2014 • 7.876 Palavras (32 Páginas) • 380 Visualizações
A demonização de uma religião
O mito do adversário, real ou imaginário, como base para um conceito totalitário
Robson Sciola
13/07/2008
O presente artigo foi motivado por uma chamada na Primeira Lista de Discussões sobre Umbanda da Internet[1] , para reflexão sobre o processo de demonização da Umbanda fomentado por alguns segmentos religiosos. Não se busca vilipendiar quaisquer das religiões citadas, mas sim vislumbrar prováveis evidências de que o processo de demonização é, antes de tudo, a necessidade tão presente na Humanidade de criar e estimular o mito do adversário, como forma de dar sustentação ao controle de um grupo social e assim exercer o poder sobre esse grupo ou membros desse grupo.
Os níveis desse processo de demonização podem ser encontrados, além do campo religioso, também no das ideologias políticas, da competitividade profissional e, inclusive, do relacionamento interpessoal, a mais comezinha faceta das relações humanas.
Tenta-se mostrar que tal processo acompanha a Humanidade desde priscas eras, onde se lida com a desqualificação do conceito da “verdade” para uma pessoa, um grupo, uma religião, um partido político, uma ideologia e até de sentimentos nacionalistas, segundo a “verdade” daqueles que pretendem algum tipo de hegemonia.
É razoavelmente plausível a consideração de que tal processo de demonização possa representar uma das mais antigas formas midiáticas de contra-informação que objetiva a derrocada daquilo e/ou daquele que passa a ser considerado como inimigo.
Visto por esse ângulo, o mito do adversário é empregado comumente nos alicerces da Guerra, seja entre nações, ou entre partidos de uma mesma nacionalidade ou de etnias diferentes, com o fim de impor supremacia ou salvaguardar interesses materiais ou ideológicos de forma hegemônica.
Definição[2]
Demônio
Acepções:
substantivo masculino
1 Rubrica: mitologia. espírito sobrenatural que na crença grega apresentava uma natureza intermediária entre a mortal e a divina, frequëntemente inspirando ou aconselhando os humanos
2 Rubrica: filosofia. a voz que ressoava na consciência do filósofo grego Sócrates guiando suas ações, atribuída por este, talvez ironicamente, ao espírito sobrenatural da crença grega
3 Rubrica: religião. cada uma das entidades sobrenaturais de natureza maléfica presentes na tradição judeo-cristã; diabo, lúcifer
3.1 Rubrica: religião.
na religião cristã, o anjo que se rebelou contra a autoridade divina, com uma legião de entidades malignas sob seu comando; o príncipe dos demônios Obs.: inicial por vezes maiúsc.
4 Derivação: sentido figurado.
- o sentimento ou a prática da maldade (em forma personificada)
- pessoa movida por sentimentos malignos ou que se comporta de forma cruel e destrutiva
- pessoa, freqüentemente de pouca idade, de comportamento irrequieto, turbulento
- indivíduo incômodo, de presença ou aparência desagradável; pessoa pronunciadamente antipática, grosseira, ou de aparência física desarmônica
- desejo intenso e poderoso; paixão
Obs.: forma geral não preferencial: demonho
Demonização
Acepções:
verbo transitivo direto e pronominal tornar(-se) demoníaco; transformar(-se) em demônio
Ex.: forças ocultas demonizaram aquele homem; enveredou para o mal e demonizou-se.
O Mito do Adversário
Quando se usa o termo demonização, busca-se atribuir a algo ou alguém características ou qualidades negativas, conforme determinada ótica de valores.
No caso da demonização de uma religião, se quer dizer a respeito de atitudes, atos ou ações, internas ou externas à própria religião, que acabam sendo interpretadas como sinonímia ao demônio da tradição judaico-cristã e, por extensão, ao Mal e/ou práticas de maldades ou malefícios, sortilégios, feitiçaria.
É preciso, neste momento, deixar claro que nem sempre o termo demônio, e por extensão demonizar e demonizado, significou aspectos negativos.
A etimologia da palavra demônio remete ao grego daimónion, ou, substantivação do neutro do adjetivo daimónios,a,on que significava na Antiguidade espírito, gênio, independente de qualificação. Foi adaptado ao latim daemonìum,ii, com o significado de espírito do mal,
demônio, diabo.
Faz-se referência à formação das palavras gregas e latinas, mas é importante ressaltar, antes de se embrenhar em conceitos religiosos judaico-cristãos, que essa forma discriminação é tão antiga quanto a Humanidade.
Pode-se citar, por exemplo, dois tipos de divindades no Hinduismo, uma das religiões mais antigas que se tem conhecimento: os Devas e os Asuras.
Os primeiros tinham funções de mensageiros dos deuses e auxiliadores da Humanidade; já os segundos, poderiam ter características positivas ou negativas.
Grosso modo e de maneira simplista, pode-se dizer que representavam de um lado o Bem e, de outro, o Mal.
Já no posterior Império Persa, em especial com o Zoroastrismo, a palavra que identificava uma de suas deidades era Ahura, da mesma raiz de Asura, porém representando o Bem; sua contrapartida é Daivas, da mesma raiz de Devas, contudo, representando o Mal.
Civilizações diferentes, praticamente os mesmos deuses em sua essência, porém com interpretações invertidas.
Cada qual com sua própria “verdade”. O que eram deuses para uma cultura, para outra eram demônios e vice-versa.
A História é repleta desse tipo de exemplo.
O que leva a outra consideração da diversidade de culturas e “verdades”: o conceito de adversário ou inimigo.
Os deuses transformados em inimigos
Quando
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