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CAROLINA

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Por:   •  5/12/2014  •  Resenha  •  1.022 Palavras (5 Páginas)  •  148 Visualizações

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Meu filho João,

Obrigado pelo seu retorno, isso é muito bom, pois fortalece nossa relação de alguma forma.

Vou lhe dizer, com alegria, o que disse a Julia e a Carol. Quando escrevo, trago comigo muito do sentimento dos escritores, dos poetas, que se encontram com entusiasmo com suas máquinas de escrever, enxergando nelas uma boa companheira e uma maneira positiva de se comunicar. Penso que até hoje não entenderam isso. Será o hiato das gerações? Pode ser... Peço-lhes, contudo, que me permitam continuar escrevendo, pois daqui vejo meu jardim, ouço meus pássaros e converso em paz.

O fato de escrever, meu filho, não impede, contudo, a conversa pessoal, pelo contrário, pode propiciar um enriquecimento e até uma boa abertura para o encontro pessoal.

Queria começar esta tréplica com um registro. Minha tristeza maior não está, definitivamente, no assunto de Carol, acreditem, está no fato de ter insistido com vocês se havia algo a me preocupar, tendo ouvido de todos uma resposta negativa. Não quero tratar de assuntos seus com sua mãe. Minha conversa diretamente com ela perdeu o sentido desde quando vocês se tornam adultos. Assim, gostaria muito que os assuntos futuros fossem comigo assim tratados.

Com relação ao assunto de Carol, independentemente do que penso sobre as escolhas sexuais de cada qual, trago comigo uma grande preocupação. Primeiro por acreditar conhecer meus filhos desde sempre. Como lhes disse, fiz uma escolha na vida: quis ser pai, tentei ser o melhor pai do mundo, mesmo tendo fracassado ao julgo de vocês! Por isso mesmo creio conhecer vocês mais além do que imaginam, pois dediquei atenção, afeto, carinho e amor nesta relação e nesta busca. Em segundo porque é uma escolha no mínimo delicada e difícil...

No dia seguinte do telefonema de sua mãe, procurei conversar com alguém lúcido, isento, neutro, e que conhecesse Carol a fundo. Como sua mãe havia me falado que Carol conversara com Dra. Rita, liguei e conversamos por quase uma hora. Ao relatar a conversa que tivera com sua mãe a respeito de Carol, ela me perguntou: “você acredita mesmo nessa estória?” Eu resumi para ela a vida como foi construída, sob os fatos e as coisas como aconteceram. Eu nunca havia sequer imaginado algo nessa direção.

Preocupava-me muito e sempre, sobretudo depois da separação em 2009, os inúmeros enfrentamento de Carol comigo. Estudo, amizades, trocar de escola sem conversar previamente; negar uma oportunidade que lhe dera no TPC sem antes conversar comigo sobre a sua desistência; o enfrentamento desrespeitoso na questão do orçamento da viagem à Londres, tendo, antes mesmo, reagido inacreditavelmente quando lhe propunha a Inglaterra em vez dos EUA.

A conversa com Dra. Rita, filho, deu-me um entendimento absolutamente alinhado com o que imaginava, tendo dela a concordância de muitos dos meus argumentos. Ela também acredita que isso pode ser um enfrentamento de Carol! Veja que não estou sozinho com meus sentimentos.

Assim sendo, depois da conversa com Dra. Rita, fui conversar com Carol. Ao contrário do que imaginava, discordante, também como o que menciona no seu e-mail abaixo, Carol fez questão de me afirmar (sic) ter se encontrado desde Londres e que estava feliz como nunca antes estivera!

Ora, junto as peças e vejo que poderia ser sim mais uma forma de atingir-me. Não fui eu quem insistiu para ela ir para Londres? Na minha idade filho, colocar o meu ego à frente não é algo inteligente. Não seria crível esperar que todo esse entendimento meu seria para acalentar uma questão egoísta de minha parte. Isso sim seria incorreto!

Filho, não sou psicólogo. Sou apenas um pai zeloso e preocupado, mas não posso deixar de ponderar que todas essas coisas “podem” fazer sentido considerando

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