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ENSAIO SOBRE EXCALIBUR

Por:   •  25/9/2015  •  Ensaio  •  1.930 Palavras (8 Páginas)  •  631 Visualizações

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Ensaio – Excalibur

Neste ensaio trabalharemos as nuances e peculiaridades que contextualizam o filme Excalibur (1981) e as Novelas de Cavalaria. Mas para tanto, é necessário iniciarmos com uma sucinta abordagem sobre o Trovadorismo – manifestação literária (1189-1418) germinada em uma época marcada pelo clero católico, onde a visão teocêntrica predominava e o homem baseava suas atitudes no espiritualismo e em crenças supersticiosas, buscando a redenção e a salvação da alma. A produção literária do Trovadorismo foi profundamente contagiada pela poesia, a qual era representada pelas cantigas, sempre acompanhadas por algum instrumento musical (a cítara, a lira, a harpa, a viola, a gaita, a flauta e o alaúde). Os Trovadores tinham como inspiração mulheres da nobreza, principalmente as casadas e o amor era o tema central de suas obras. Mais tarde, as cantigas foram compiladas em Cancioneiros. Dividiram-se em dois tipos: líricas (de amor e de amigo) e satíricas (de escárnio e maldizer).

As cantigas líricas formaram a base da poesia lírica portuguesa e até brasileira. Já as cantigas satíricas, geralmente, tratavam de personalidades da época, numa linguagem popular e muitas vezes obscena. A prosa medieval retrata com mais detalhes aquela época histórica. A sua temática baseia-se à vida dos cavaleiros medievais e à religião. E foi dessa ambiência que as Novelas de Cavalaria foram forjadas, narrando o heroísmo de guerreiros destemidos e corajosos em defesa de seu rei e também (é claro) de sua rainha. De Portugal originou-se apenas as novelas do ciclo Bretão ou Arthuriano, esta sobre o rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda e a busca pelo Santo Graal (o cálice sagrado com que José de Arimatéia teria recolhido o sangue de Jesus Cristo). E é deste ponto que construiremos nosso trabalho ensaístico.

As Novelas de Cavalaria são, basicamente, romances medievais influenciadas no Trovadorismo, com narrativas ficcionais de acontecimentos históricos, relatos de combate e aventuras de cavaleiros medievais enfrentando provações físicas e morais em nome da HONRA e do AMOR. Decerto distingue-se da ÉPICA na medida em que não representa uma era heróica de guerras tribais, mas um período cortês e cavalheiresco, geralmente de boas maneiras e civilidade altamente desenvolvidas. Freqüentemente o interesse principal do enredo é o amor cortês, além de disputas em torneios e matanças de dragões e monstros pela honra da donzela e ainda, ideais de coragem, lealdade, honra, misericórdia para com um oponente. Na epopéia, acontecimentos sobrenaturais eram causados pela vontade e ação dos deuses; já nas Novelas de Cavalaria o sobrenatural é transferido para este mundo e tira proveito do misterioso efeito da magia, feitiços e encantamentos. Eis, pois, sensíveis diferenças entre o épico e os romances medievais.

A Lenda do Rei Arthur é, antes de tudo, um marco dos contos de ficção. Gênero do ciclo arthuriano, sua obra já foi narrada por dezenas de gerações de todas as classes e cleros. É, sem dúvida, uma obra prima. O filme Excalibur tem uma excepcional beleza, muito bem adaptado, criativo, rico em detalhes e possui excelentes interpretações, nos brindando com um delicioso trailler que mescla a já conhecida saga da “espada do poder” com uma pitada de humor, contudo sem perder sua essência mística. Embora seja uma produção relativamente antiga (1981), Excalibur ainda nos encanta, nos fascina e conquista a nossa imaginação.

Com a Bretanha imersa em guerras tribais, eis que surge o misterioso e enigmático mago Merlin com a missão de por fim às contendas. Para isso, seria preciso um líder, um rei que unisse aquele país de norte a sul. Merlin então decide encontrar esse rei, mas teria de ser um escolhido, alguém cuja força conseguisse dominar o poder supremo da lendária Excalibur, a espada da glória eterna que deve sempre ser usada para a reconstrução e não para a morte. A trama começa com Merlin concedendo a Uther Pendragon o uso provisório da espada e assim começar o domínio da Bretanha. Após empunhá-la às vistas de seus oponentes, Uther consegue tudo o que quer, porém sua lascívia não está saciada e ao vislumbrar Igraine, esposa do Duque Gorlois, termina apaixonando-se e por ela trava uma difícil batalha. Em desvantagem, Uther pede a ajuda de Merlin que reivindica algo em troca, algo valioso. Sem hesitar, Uther concorda e graças à feitiçaria do mago assume a forma de Gorlois e assim consegue possuir Igraine. Como resultado desse estranho adultério nasce Arthur. Merlin então reivindica a criança pelo pacto firmado e diz a Uther que o escolhido é seu filho. Merlin leva Arthur, mas Uther se arrepende de tê-lo dado e vai atrás, caindo em uma emboscada. Ferido e na iminência da morte, fincou Excalibur em uma pedra dizendo que o próximo rei seria quem conseguisse removê-la.

Os anos passam, contudo o escolhido não aparecia. Todos os grandes guerreiros tentaram, e passaram a organizar torneios anuais onde o vencedor receberia a chance de poder retirar a espada mágica da rocha. Nesse ínterim, Arthur foi criado por Ectório tornando-se seu filho mais novo (de criação), e ele, como acontecia na era medieval, era o Pajem de seu irmão mais velho. No tempo certo, Arthur removeu a espada da rocha, surpreendendo a todos. Merlin aparece e explica tudo ao jovem e relutante rei. Após diversas batalhas, Arthur se consolida como o senhor inconteste da Bretanha. Em uma luta fortuita com o Lancelot, a espada é quebrada pela nobreza de espírito do cavaleiro e Arthur aprende o verdadeiro valor da humildade. Dessa contenda surge uma profunda amizade entre Arthur e Lancelot, este jurando fidelidade incondicional ao Rei.

O Rei então decide se casar e a escolhida é Guinevere, pela qual se encantou. A rainha Guinevere foi o único e derradeiro amor de Arthur, entretanto a donzela apaixonou-se pelo melhor amigo de seu marido: Lancelot. Para o maior Cavaleiro da Távola Redonda tal paixão era uma traição imperdoável e por isso resistiu com todas as suas forças, mas mesmo assim a carne falou mais alto e em um impulso irrefreável Guinevere buscou os braços de Lancelot que também cedeu. Arthur, que já desconfiava da paixão, assim como todos em Camelot, teve a certeza através de Merlin e foi flagrá-los. Depois de consumada a decepção, Arthur abandonou a espada e introverteu-se profundamente. Nesse ínterim, Morgana engana Merlin, rouba seus poderes e, aproveitando-se do momento de fraqueza do seu meio-irmão, inebria-o e consuma o incesto que gerou um filho: Modred. Esses acontecimentos perpetuaram um período de depressão que alastrou-se pelo país durante longos anos. O polêmico amor havia decretado a ruína de Camelot. Cheios de culpa, Lancelot e Guenevere se reclusam: ela vai para um convento e ele torna-se um eremita e depois um tipo de monge/profeta.

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