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Endura

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Por:   •  6/9/2013  •  Resenha  •  483 Palavras (2 Páginas)  •  423 Visualizações

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Endura: Palavra occitânica: privação, jejum. Espécie de suicídio místico, de modo nenhum condenável: abandonar a vida por amor do ser sempre foi o desejo dos verdadeiros espirituais de todas as religiões. No século XIII, era frequente que os cátaros, odiando o mundo e tendo poucos dias de vida, se deixassem morrer de fome, depois de terem recebido o Consolamentum, porque já não estavam em condições de dizer o Pater, antes de comer e beber, e porque receavam, se caíssem novamente em pecado, perder o benefício da santificação relativa e provisória que tinham recebido de Deus e das circunstâncias, sem a ter «merecido» demasiado. A Endura consistia geralmente em se deixar morrer de inanição ou, mais raramente, de frio. Nunca foi estimulada pelos Perfeitos nem, com a maioria de razão, imposta por eles. De resto, só veio a divulgar-se no fim do século XIII e sobretudo no condado de Foix, sob a influência do pastor Pedro Autier, numa época em que a Inquisição se encarregava de tornar a vida impossível aos crentes.

Os estudiosos do catarismo referem que o seu principal rito era o famoso Consolamentum. Este era ministrado aos crentes desejosos de entrar na comunidade dos Perfeitos, bem como aos moribundos que ansiavam por uma boa morte. Tal rito visava permitir que o crente escapasse à sucessão de transmigrações, permitindo através desta forma, que se abrisse o caminho de acesso ao reino espiritual.

Acontecia então, que por vezes, os Perfeitos se deixavam morrer por Endura. “ A sua doutrina – afirma Otto Rahn na sua Cruzada Contra o Graal – permitia, como a dos druidas, o suicídio; exigindo todavia que se pusesse fim à vida não por lassitude de viver, por medo ou por dor, mas por um estado de perfeito desinteresse da matéria.” Ainda segundo o autor alemão, os cátaros efectuavam a endura a dois. “ O irmão, ao lado do qual o cátaro tinha passado, na mais ideal amizade, anos de esforços contínuos e de espiritualização intensiva, queria, ainda concertado com ele na outra vida, a verdadeira vida, gozar as belezas apenas pressentidas no Além e a revelação das leis divinas que movem os mundos”.

Para colocar um término aos seus dias escolhiam entre cinco géneros de morte: envenenamento, pela fome, cortando as veias, atirando-se de um precipício, ou então, através do mergulho em água gelada após um banho quente, o que provocaria uma congestão pulmonar. Todavia, ao que parece, a prática da Endura não serviria para conduzir inequivocamente à morte. Supõe-se que na maioria das vezes se tratasse de um jejum prolongado de purificação, com a duração de dois meses, intercalado por pequenas pausas, em que os ascetas apenas comiam pão e bebiam água.

Como supõe a grande maioria dos estudiosos, a Endura, com o fim último de levar à morte, acontecia essencialmente na época das perseguições, em que os cátaros após a recepção do Consolamentum se submetiam a este tipo de mors voluntaria.

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