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Espiritismo

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Por:   •  17/4/2014  •  Artigo  •  2.280 Palavras (10 Páginas)  •  389 Visualizações

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O período Imperial[editar | editar código-fonte]

Elias da Silva, pioneiro espírita no Brasil.

Bezerra de Menezes.

Na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, as primeiras sessões espíritas foram realizadas por franceses, muitos deles exilados políticos do regime de Napoleão III de França (1852-1870), na década de 1860. Alguns desses pioneiros foram o jornalista Adolphe Hubert, editor do periódico "Courrier do Brésil", o professor Casimir Lieutaud, e a médium psicógrafa, Madame Perret Collard.7

Em 1860, o professor Casimir Lieutaud, fundador e diretor do Colégio Francês no Rio de Janeiro, publicou a tradução, em língua portuguesa, das obras "Os tempos são chegados" (""Les Temps sont arrivés") e "O Espiritismo na sua mais simples expressão" ("Le Spiritisme à sa plus simple expression").8 ,9

O primeiro periódico publicar trechos traduzidos das obras de Allan Kardec foi o "A Verdadeira Medicina Física e Espiritual associada a Cirurgia: jornal cientifico sobre as ciências ocultas e especialmente de propaganda magnetotherapia", publicado de janeiro a abril de 1861 pelo Dr. Eduardo Monteggia, não por que se considerasse espírita, mas sim um democrata.

No mesmo período, o Jornal do Commercio, tradicional periódico da então capital brasileira, em artigo publicado em 23 de setembro de 1863 na seção "Crónicas de Paris", abordou os espetáculos acerca dos espíritos então populares nos teatros de Paris e, em seguida, passava a tecer comentários em torno do Espiritismo. Esse artigo é citado pela "Revue Spirite", onde Kardec comenta que o autor do artigo não se aprofundou no estudo do Espiritismo, de cuja parte teórica ignorava os processos. Elogia-lhe, porém, o comportamento sensato diante dos fatos, para a explicação dos quais não levantara teorias temerárias. "Pelo menos" - referiu Kardec - "ele não julga pelo que não sabe."10 E complementa:

"Verificamos, com satisfação que a ideia espírita faz progressos sensíveis no Rio de Janeiro, onde ela conta com numerosos representantes, fervorosos e devotados. A pequena brochura "Le Spiritisme à sa plus simple expression", publicada em língua portuguesa, contribuiu, não pouco, para ali espalhar os verdadeiros princípios da Doutrina."

Nesta capital, a primeira instituição espírita a ser fundada foi a Sociedade de Estudos Espiríticos - Grupo Confúcio, em 1873. Conforme previsto em seus estatutos, devia seguir os princípios e as formalidades expostos em O Livro dos Espíritos e em O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec. As suas atividades incluíam ainda o receituário gratuito de homeopatia e a aplicação de passes aos necessitados. A sua maior virtude, entretanto, foi a de promover a tradução das obras básicas de Kardec para a língua portuguesa. A reação na imprensa da época expressa-se, por exemplo, num comentário veiculado nas páginas do Jornal do Commercio, acusando o Espiritismo de fabricar "loucos" e pedindo a interferência da polícia, concluindo: "É uma epidemia mais perigosa que a febre amarela..." (Jornal do Commercio, 13 de dezembro de 1874)

Em 1875, o Grupo Confúcio lançou o segundo periódico espírita do país (primeiro no Rio de Janeiro), a "Revista Espírita", dirigida por Antônio da Silva Neto.

A este grupo estiveram ligados nomes expressivos como o de Joaquim Carlos Travassos que, ainda em 1875 apresentou a primeira tradução de "O Livro dos Espíritos" para a língua portuguesa a Bezerra de Menezes.

O Grupo extinguiu-se em 1876, dando lugar à Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade, sob a direção de Francisco Leite de Bittencourt Sampaio. No seu programa doutrinário, em que a obra codificada por Allan Kardec era parte essencial, compreendia-se o estudo da obra Os Quatro Evangelhos, de Jean-Baptiste Roustaing.

Divergências ideológicas entre os que preconizavam um espiritismo "científico" e outros que sustentavam um espiritismo "místico",11 entretanto, conduzirão a dissidências da Sociedade de Estudos. Inicialmente, em 1877 um grupo se separou para constituir a Congregação Espírita Anjo Ismael (20 de maio). No ano seguinte (1878), outro grupo constituiu o Grupo Espírita Caridade (8 de junho). Ambos tiveram efêmera duração, estando desaparecidos já em 1879. Nesse mesmo ano, a Sociedade de Estudos deu lugar à Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade (3 de outubro de 1879), atendendo à orientação do grupo "cientificista", contrário ao caráter religioso da Doutrina. Em consequência, um último grupo, sob a liderança do médium João Gonçalves do Nascimento, de acordo com a tradição sob a inspiração do próprio espírito Ismael, constituiu uma nova agremiação que se denominou Grupo Espírita Fraternidade (1880).

Ainda nesse contexto, Antônio Luís Sayão que debalde tentara conciliar a "Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade" com o "Grupo Espírita Fraternidade", fundou, com Frederico Pereira Júnior, João Gonçalves do Nascimento, Francisco Leite de Bittencourt Sampaio e outros, o chamado "Grupo dos Humildes", popularmente conhecido como "Grupo do Sayão" (15 de julho de 1880). Este grupo, numa primeira fase, que durou cerca de um ano, realizou proveitosas reuniões. Mais tarde o grupo veio a chamar-se "Grupo Ismael", vindo a integrar-se na Federação Espírita Brasileira, onde existe até aos nossos dias12

Também em 1880, Augusto Elias da Silva, futuro fundador do Reformador e da Federação Espírita Brasileira (FEB), funda a União dos Espíritas do Brasil, a que preside.

Sobre esse conturbado momento, referiu o pesquisador Pedro Richard:

"Por essa época ocorreu um fato bem significativo: Os espíritas, ou por discordância de idéias, ou por criminosa pretensão, criaram considerável número de grupos, cujos membros, em sua maioria, desconheciam os preceitos mais rudimentares da Doutrina. Qualquer espírita formava um grupo, só para satisfazer a vaidade de dar-lhe por título um nome que ele venerava. De grupos produtivos apenas se contavam alguns, em número por demais reduzido."

No ano seguinte (1881), como um desdobramento do "Grupo Fraternidade" foi fundado o Grupo Espírita Humildade e Fraternidade, com apoio de Francisco Raimundo Ewerton Quadros, que viria a ser, anos mais tarde, um dos fundadores da FEB e

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