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História do Budismo

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Por:   •  9/11/2013  •  Seminário  •  1.758 Palavras (8 Páginas)  •  364 Visualizações

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A história do budismo desenvolve-se desde século VI a.C. até ao presente, começando com o nascimento de Siddhartha Gautama. Durante este período, a religião evoluiu à medida que encontrou diferentes países e culturas, acrescentando ao fundo indiano inicial elementos culturais oriundos do Helenismo, bem como da Ásia Central, do Sudeste asiático e Extremo Oriente. Segundo a tradição budista, Siddhartha Gautama, o buda histórico, nasceu no clã Shakya, no início do período Magadha (546-424 a.C.), nas planícies de Lumbini, no sul do Nepal.

Sidartha Gautama vivia isolado em seu palácio ao meio do luxo e da ostentação. Insatisfeito com a futilidade de sua condição, resolveu abandoná-la e, ao se deparar com o sofrimento, a velhice, a doença e a morte, que não conhecia, juntou-se aos monges brâmanes tornando-se um asceta errante. Por meio do jejum e da penitência queria encontrar respostas para o sofrimento universal.

A vida contemplativa, no entanto,não foi suficiente para responder a seus questionamentos sobre o sofrimento universal. Inquieto, Siddhartha abandonou os monges e passou a seguir seus próprios caminhos, de solidão e meditação, rejeitando o ascetismo e buscando um caminho intermediário entre o luxo e a automortificação, capaz de conduzi-lo à verdade.

Após sete semanas sentado ao pé de uma figueira, imperturbável diante das tentações do demônio Mara, encontrou finalmente as respostas que procurava, chegando assim à iluminação. Siddhartha alcançou assim o nirvana ("extinção da chama da paixão e dos desejos"). A partir desse momento, tornou-se Buda, o Iluminado, passando a questionar as verdades dos Vedas e seus ensinamentos.

Nos quarenta e cinco anos seguintes percorreu a planície do Ganges, na região central da Índia, ensinando as suas doutrinas a um grupo heterodoxo de pessoas.

Morreu aos 80 anos, na cidade de Kushinagar. Os Budistas chamam sua morte de paranirvana,o que significa que seu trabalho como buda foi concluído.

A sua relutância em nomear um sucessor ou em formalizar a sua doutrina levaria à formação de vários movimentos nos séculos seguintes. Em primeiro lugar surgiriam as escolas do budismo Nikaya (das quais só sobreviveu o Theravada) e mais tarde o Mahayana.

O budismo primitivo[editar]

Ver artigo principal: Budismo inicial

O budismo parece ter sido um fenômeno marginal, pouco se conhecendo dos seus primeiros tempos. Dois importantes concílios tiveram lugar, embora o que sabe deles baseia-se em fontes posteriores.

O Primeiro Concílio Budista ocorreu em Rajagriha pouco tempo depois da morte de Buda, sob o patrocínio de Ajatashatru, imperador de Magadha, tendo sido presidido por um monge chamado Mahakasyapa. O concílio tinha como objetivo registrar os ensinamentos orais do Buda (sutra) e codificar as regras monásticas (vinaya). A Ananda, primo de Buda e seu discípulo, foi pedido que recitasse os discursos do Buda e outro discípulo, Upali, recitou as regras da vida monástica. A recitação do vinaya por Upali foi aceita como o Vinaya Pitaka e a recitação do dhamma por Ananda ficou estabelecida como o Sutta Pitaka. Estes dois elementos, constituem a base do Cânone Pali, referência de ortodoxia em toda a história do budismo.

O Segundo Concílio Budista foi convocado pelo rei Kalasoka, tendo decorrido em Vaisali, na sequência de conflitos entre escolas tradicionais do budismo e um movimento de interpretação mais liberal conhecido como os Mahasamghikas. Para as escolas tradicionais, o Buda tinha sido um ser humano que alcançou o estado de iluminação, e este poderia ser facilmente alcançado pelos monges seguindo as regras monásticas. Para os Mahasamghikas esta perspectiva era demasiado individualista e egoísta, propondo como verdadeiro objetivo o atingir do estado de budeidade. Tornaram-se proponentes de regras monásticas menos rígidas, que pudessem apelar a um maior grupo de pessoas.

O proselitismo de Asoka[editar]

O rei Máuria Asoka converteu-se ao budismo após a conquista brutal que empreendeu do território de Kalinga (hoje Orissa), no leste da Índia. Arrependido pelos horrores provocados pelo conflito, o rei decidiu renunciar à violência e propagar a religião budista construindo estupas e pilares nos quais se apela à renúncia de toda violência contra as pessoas e os animais.

Este período corresponde à primeira expansão do budismo para fora da Índia. De acordo com os pilares e as placas deixadas por Asoka ("Éditos de Ashoka"), foram enviados missionários a vários territórios situado a oeste, como ao Reino Greco-Bactriano. É também possível que estas missões tenham alcançado o Mediterrâneo, segundo inscrições em pedras deixadas por Asoka.

O Terceiro Concílio Budista (c. 250 a.C.)[editar]

O Terceiro Concílio Budista foi convocado por Asoka em Pataliputra (Patna) por volta de 250 a.C., tendo sido presidido pelo monge Moggaliputta. O objectivo do concílio era tentar reconciliar as diferentes escolas budistas, purificar o movimento budista de facções oportunistas atraídas pelo patrocínio real e estabelecer as viagens de missionários budistas para todo o mundo.

O Cânone Pali (Tipitaka; em sânscrito Tripitaka, "os três cestos"), que compreende textos de referência do budismo tradicional e que se considera ter sido transmitido pelo Buda, foi formalizado nesta ocasião. É composto pela doutrina (Sutra Pitaka), pela disciplina monástica (Vinaya Pitaka) e por um novo corpo de textos de carácter filosófico (Abhidharma Pitaka).

As tentativas de Asoka para purificar o budismo, acabaram por produzir uma rejeição de movimentos budistas emergentes. Após 250 a.C. a escola Sarvastivada (rejeitada pelo Terceiro Concílio, segundo a tradição Theravada) e a escola Dharmaguptaka tornaram-se influentes no noroeste da Índia e na Ásia Central até à época do Império Kushana nos primeiros séculos da era comum. A escola Dharmaguptaka caracterizava-se por acreditar que o Buda era um ser que estava separado e acima da comunidade budista, enquanto que a escola Sarvastivadin acreditava que o passado, o presente e o futuro coexistiam ao mesmo tempo.

O mundo helenístico[editar]

Alguns do Éditos de Ashoka revelam o seu esforço em difundir o budismo pelo mundo helenístico, que na época formava um espaço coeso que ia da fronteira da Índia à Grécia. Os Éditos mostram um claro entendimento da organização política do mundo helenístico: os nomes e a localização dos principais monarcas da época são indicados. Os monarcas helenísticos Antíoco II do Império Selêucida, Ptolemeu II Filadelfo do Egipto, Antígono Gónatas da Macedónia, Magas de Cirene e Alexandre II de Épiro são apresentados como alvos da mensagem budista.

Para além disso, de acordo com as fontes em pali, alguns dos emissários de Asoka era monges budistas de origem grega, o que revela intercâmbios culturais entre as duas culturas.

Não se sabe até que ponto estes contactos podem ter sido influentes, mas alguns autores apontam para a existência na época de um certo sincretismo entre o pensamento helenístico e o budismo. É conhecida a existência de comunidades budistas em cidades do mundo helenístico como Alexandria e aponta-se influências do budismo Theravada na ordem dos Therapeutae.

Expansão asiática[editar]

Nas regiões a este do subcontinente indiano (aquilo que corresponde actualmente ao Myanmar), a cultura indiana viria a influenciar o povo Mons. Este povo teria sido convertido ao budismo por volta de 200 a.C. graças à influência proselitista de Asoka, antes do cisma entre o budismo Mahayana e o budismo Hinayana. Os templos budistas Mon mais antigos têm sido datados como pertencentes a um período entre o século I e o século V da era comum.

A arte budista dos Mons foi influenciada pela arte indiana do período Gupta e pós-Gupta, tendo o seu estilo maneirista se difundido pelo sudeste asiático em resultado da expansão do reino Mon entre os séculos V e VIII. A tradição Theravada espalhou-se pela região norte do sudeste asiático sob influência Mon, até ao século VI quando foi começou a ser substituída pela tradição Mahayana.

O budismo teria chegado ao Sri Lanka no século II a.C. devido à acção de um dos filhos de Asoka, Mahinda, que por ali teria passado acompanhado com com mais seis homens. O grupo teria convertido o rei Devanampiya Tissa e muitos nobres. Foi nesta época que foi construído o monastério de Mahavihara, centro da ortodoxia cingalesa.

A perseguição da dinastia Sunga[editar]

A dinastia Sunga (185-73 a.C.) surgiu em 185 a.C., cerca de cinquenta anos depois da morte de Asoka. Após ter deposto o rei Brhadrata (último representante dos Máurias) o militar Pusyamitra Sunga conquistou o trono. Sunga era um brâmane ortodoxo que alegadamente era hostil ao budismo, o qual teria perseguido. Segundo relatos, ele teria destruído mosteiros e mandado matar monges. Em locais como Nalanda, Bodhgaya, Sarnath, e Mathura grande parte dos mosteiros budistas teriam sido convertidos em templos hindus.

Interacção greco-budista (século II a.C. - século I a.C.)[editar]

Ver artigo principal: Greco-budismo

Nas regiões a ocidente do subcontinente indiano existiam reinos gregos na Báctria (norte do Afeganistão) desde o tempo da conquista de Alexandre Magno em 326 a.C.. Cronologicamente surgiria primeiro o reino dos Selêucidas e mais tarde o Reino Greco-Bactriano (a partir de 250 a.C.).

O rei greco-bactriano Demétrio I invadiu a Índia até Pataliputra em 180 a.C., tendo estabelecido um Reino Indo-Grego que duraria em partes do norte da Índia até o século I a.C..

O rei indo-greco Menandro I (rei entre 160-135 a.C.) teria se convertido ao budismo. As moedas deste rei apresentam a referência "Rei Salvador" em grego e por vezes desenhos da "roda do dharma". Após a sua morte, a honra de partilhar os seus restos mortais foi disputada pelas cidades que governou, tendo sido os seus restos colocados em stupas. Os sucessores de Menandro inscreveram a fórmula "Seguidor do Dharma" em várias moedas e retrataram-se realizando a mudra vitarka.

A interacção entre a cultura helenística e budista pode ter tido alguma influência sobre a evolução do Mahayana, pois esta tradição apresenta uma perspectiva filosófica e um tratamento do Buda como um deus que faz lembrar os deuses gregos. É também por esta altura que surgem as primeiras representações antropomórficas de Buda.

A ascensão do budismo Mahayana[editar]

A ascensão do budismo Mahayana a partir do século I a.C. está relacionada com as complexas mudanças políticas ocorridas no noroeste da Índia. Os reinos indo-gregos foram gradualmente aniquilados e a culturas destes absorvida pelos Citas e mais tarde pelos Yuezhi, fundadores do Império Kushana (12 a.C.).

Os Kushanas apoiaram o budismo e um Quarto Concílio Budista seria mesmo convocado pelo imperador Kanishka por volta do ano 100 a.C. em Jalandhar ou em Caxemira. Esta concílio está associado à emergência do budismo Mahayana e à separação deste da tradição Theravada, que não reconhece a validade do concílio, o qual denomina como "concílio dos monges heréticos".

Kanishka teria juntado quinhentos monges em Caxemira, liderados por Vasumitra, para editar o Tripitaka.

Esta nova forma de budismo caracterizava-se por tratar o Buda quase como um deus e pela ideia de que todos os seres possuem uma natureza de Buda.

A expansão do budismo Mahayana (século I - século X)[editar]

A partir de então e no período de alguns séculos, o budismo Mahayana floresceu e espalhou-se a este, da Índia ao sudeste asiático e em direcção à Ásia Central, China, Coreia e Japão (em 538).

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