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Homosexualismo

Por:   •  7/6/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.725 Palavras (11 Páginas)  •  307 Visualizações

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Texto introdutório: De que Gênero Estamos Falando? (MARIA LUIZA HEILBORN) – (JOAO)

A estratégia em recortar e definir as dimensões da realidade humana e social está presente na formulação da noção de gênero, que surge nos anos 70, embalada pela crítica feminista. Gênero é um conceito das ciências sociais que, grosso modo ,se refere à construção social do sexo. Significa dizer que, no jargão da análise sociológica, a palavra sexo designa agora a caracterização anátomo-fisiológica dos seres humanos e, no máximo, a atividade sexual propriamente dita. O conceito de gênero ambiciona, portanto, distinguir entre o fato do dimorfismo sexual da espécie humana e a caracterização de masculino e feminino que acompanham nas culturas a presença de dois sexos na natureza. Este raciocínio apóia-se na idéia de que há machos e fêmeas na espécie humana, mas a qualidade de ser homem e ser mulher é condição realizada pela cultura. Tal formulação representou um avanço. Com ela abandonou-se a definição mais tradicional de papéis sexuais, valorizando-se cada vez mais a dimensão de relatividade entre o indicador anatômico e a elaboração cultural.

Variadas formulações do conceito e um intenso debate sobre a sua operacionalidade enraizam-se em tensões peculiares às ciências sociais. Estas abrigam duas grandes matrizes de interpetração dos fenômenos que debatem entre si a possibilidade de entendimento do real, o que implica profundas distinções na aplicabilidade do conceito. De um lado, temos a tradição do nominalismo/ empirismo e de outro, o racionalismo/ intelectualismo.

Existem argumentos em prol de que gênero constitui-se apenas em um modo particular de organizar cada universo social, mas não teria caráter de proposição mais geral na estruturação das relações entre os níveis anátomo-fisiológico e cultural.

A antropóloga britânica Marilyn Strathern (1992) sustenta por exemplo que gênero seria apenas um meio de aglutinar em uma determinada sociedade o modo como se organizam as práticas e as idéias em tornos dos sexos e dos objetos sexuados. Cada análise de uma cultura específica denominaria os fatos agrupados como gênero, sendo que tal arranjo não teria sentido como elemento estruturador/ unificador da pessoa, como detém na sociedade ocidental. Dito de outro modo, a afirmativa de que gênero é um atributo da pessoa careceria de maior fundamentação. Já para Strathern,  o gênero assim é uma categoria empírica, que assinala uma descontinuidade entre corpos, objetos, eventos etc. de uma ordem simbólica particular.

Um grande grupo de críticas que podem se agrupadas genericamnete sob a designação de posmodernas assinala que um dos problemas com o conceito de gênero é que ele se funda em uma distinção natureza / cultura como forma de explicação universal. Nesse sentido, ele seria um falso avanço. Uma parte considerável dessa produção ancora sua crítica na problematização da categoria de sexo, assinalando que tal idéia deveria ser submetida a um processo similar de deconstrução tal como se imagina fazê-lo com gênero. O sexo e sua radicação na natureza deveriam ser objetos de análises historicizadas, uma vez que tais termos constituem-se pressupostos de analise, sendo eles mesmos categorias de pensamento socialmente marcados. Nesse sentido, é questionado que o sexo como caracterização diferencial entre os humanos possa servir como um elemento universal para a comparação entre as culturas.

(WÉRICA)

Um grupo de proposições sustenta que o gênero expressa vetores de classificação social que transcendem o dominio das relações entre os sexos, e se imbricam em outras estruturas sociais tais como a diferenciação etária, esquema de privilégios, ordenação cosmológica. As desigualdades entre os sexos figuram e podem ser entendidas pela referência a desigualdades estruturais que organizam uma dada sociedade. A questão que permanece diz respeito ao grau de primazia que as classificações de gênero reteriam para o pensamento. Uma posição mais radical advoga a centralidade do gênero no sistema simbólico, premissa que se apóia na postulação de uma ordem mais abstrata de realidade (que se confunde com a própria possibilidade do pensamento humano), caracterizando-se por um universalismo sem sujeito, que no entanto depende de atualizações concretas para operacionalizar-se. Nesse caso, as categorias de gênero específicas de cada contexto social seriam representativas da atualização mencionada. O gênero é pensado como um vetor fundamental de organizar as relações sociais de modo assimétrico (Heilborn:1993) e que a classificação masculino e feminino serve para ordenar diversos domínios sociais.

Portanto, nessa perspectiva não se trata somente de afirmar que os gêneros possuem conteúdos contrastivos e complementares. Além de distintivos, a lógica interna ao domínio do gênero é hierárquica, fazendo com que os vetores simbólicos acima relacionados qualifiquem-se pelas propriedades de englobante e englobado. As propriedades simbólicas particulares à constituição do masculino e do feminino são fenômenos da relação hierárquica entre eles.

O Conceito de Gênero e as Análises sobre mulher e trabalho: Notas Sobre Impasses Teóricos (Mary Garcia Castro)

  • O PARADIGMA DA DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO

É consenso que o paradigma da divisão sexual do trabalho em muito enriqueceu o debate sobre o trabalho da mulher nos espaços ditos público e privado. Lobo (1991: 200) avança nessa discussão, ao tempo que reconhece que a divisão sexual do trabalho é uma das divisões nas relações de trabalhos e sublinha que tal paradigma contribuiria ao exorcismo da sociologia do trabalho, seu viés produtivista e generalista.

Guimarães e Castro (1987) resenham posições teóricas diferenciadas sobre os enfoques da divisão social e sexual do trabalho, na literatura feminista até meados da década de 80. Citam no plano do debate teórico, entre outros, Hartman (1976), para quem "a extensão de uma divisão do trabalho ordenada sexualmente, baseia-se na capacidade de controle do chefe da família sobre o trabalho da mulher ou dos filhos, identificando-se assim a base do poder masculino". Já outros autores, enfatizam o "controle da sexualidade e do poder reprodutivo feminino". Vários estudiosos relacionam o capitalismo e o controle de mercado com mudanças nas estruturas hierárquicas na família; passando, então, a discutir as "hierarquias do mercado de trabalho", e a diversificação de formas de divisão sexual do trabalho, já não mais "centralizadas na família".

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