O Crescimento Da Igreja Através Dos séculos
Monografias: O Crescimento Da Igreja Através Dos séculos. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: schiavetto • 21/7/2013 • 2.177 Palavras (9 Páginas) • 1.028 Visualizações
O crescimento da igreja através dos séculos
Alderi Souza de Matos
A igreja cristã nasceu com uma vocação para crescer e se tornar universal. Já havia algumas intimações de tal universalidade no Antigo Testamento (Sl 67.2; 117.1; Is 2.3; 42.6; 66.19; Am 9.12; Zc 2.11; 8.22s), mas essa ênfase se tornou explícita nos ensinos de Jesus Cristo e dos apóstolos. Ao confiar a “grande comissão” aos seus seguidores, Jesus foi muito claro: eles deviam fazer discípulos de todas as nações (Mt 28.19), ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura (Mc 16.15), pregar arrependimento para remissão de pecados a todas as nações (Lc 24.47), ser suas testemunhas em Jerusalém, na Judéia e Samaria, e até aos confins da terra (At 1.8). No livro de Atos e nas epístolas, os apóstolos e os discípulos se mostram zelosos no cumprimento desse mandado (At 8.4; Rm 15.19). E o livro do Apocalipse apresenta grandiosas visões dos redimidos que procedem de todas as tribos, povos, línguas e nações (Ap 5.9; 7.9; 14.6).
É verdade que, nos primeiros tempos, houve um sério obstáculo a ser transposto. Muitos cristãos judeus queriam que os conversos gentios praticassem a lei de Moisés, isto é, se tornassem prosélitos do judaísmo, para poderem se tornar cristãos. Somente crer em Cristo não era suficiente. O “concílio de Jerusalém”, descrito em Atos 15, resolveu o problema de maneira sábia e equilibrada, dizendo que os cristãos gentios não precisavam seguir a lei mosaica, mas apenas se abster de determinadas práticas, visando manter a comunhão com os seus irmãos judeus. Isso permitiu que o movimento cristão deixasse de ser uma simples seita dentro do judaísmo e abraçasse plenamente a sua vocação universal. Inicialmente restrito aos judeus, cada vez mais o evangelho passou a ser pregado deliberadamente aos gentios, fato que ocorreu de maneira ampla, pela primeira vez, na cidade de Antioquia da Síria (At 11.19-21). A partir de então, esse processo se tornou irreversível.
1. Os primeiros séculos
Nos três primeiros séculos a igreja experimentou uma notável expansão geográfica. As regiões atingidas até o final do primeiro século formavam um semicírculo em torno da extremidade oriental do Mar Mediterrâneo, indo desde Cirene (Líbia), ao sul, até a Itália central, ao norte, e incluindo todas as regiões intermediárias – Egito, Palestina, Síria, Ásia Menor, Grécia e Macedônia. As maiores concentrações de comunidades cristãs estavam na Palestina, na Síria e na chamada Ásia, o oeste da Ásia Menor, em torno da cidade de Éfeso. No segundo e no terceiro séculos, as novas regiões alcançadas incluíam, no Oriente, a Mesopotâmia (Iraque), a Pérsia e a Armênia, e no Ocidente, toda a Península Balcânica ao sul do rio Danúbio, a região ao sul do rio Reno (Tchecoslováquia, Iugoslávia, Albânia), toda a Península Itálica, partes da Alemanha, França, Espanha e Lusitânia (Portugal) e o sul da Britânia (a futura Inglaterra). No norte da África, um novo e florescente centro cristão foi a Numídia (a atual Tunísia) e sua capital Cartago. É verdade que em muitos desses lugares a presença cristã era ainda pequena, mas crescia continuamente.
Dois fatos se destacam nesse período antigo. Essa foi a época das perseguições sofridas pela igreja nas mãos do Império Romano. As perseguições não foram generalizadas nem contínuas, mas causaram consideráveis danos à igreja em algumas de suas regiões mais prósperas, como a Ásia Menor, Itália, Egito e sul da Gália. Todavia, a repressão não teve o efeito esperado, porque quando a mesma cessava, o exemplo dos mártires e outros que sofreram por sua fé inspiravam os cristãos a um esforço renovado pela difusão das boas novas. Daí as célebres palavras do escritor Tertuliano (cerca do ano 200): “O sangue dos mártires é semente”. Ele também fez a seguinte afirmação dirigida aos pagãos: “Nós somos um grupo novo, mas já penetramos em todas as áreas da vida imperial – nas cidades, ilhas, vilas, mercados, e até mesmo no campo, nas tribos, no palácio, no senado e no tribunal. Somente deixamos para vocês os seus templos” (Apologia 37). Outro dado importante é que, à exceção de Paulo, nenhum missionário se destacou nos três primeiros séculos da vida da igreja. O cristianismo crescia espontaneamente através do testemunho de cristãos anônimos que no seu dia-a-dia compartilhavam informalmente a fé com seus parentes, amigos, vizinhos, conhecidos e colegas de trabalho.
2. A igreja imperial
Alguns fatos novos muito importantes aconteceram a partir do início do quarto século. Para começar, pela primeira vez um imperador romano, Constantino, aderiu à fé cristã, com a conseqüente legalização do cristianismo e o fim das perseguições (ano 313). No final do mesmo século, outro imperador, Teodósio, oficializou a Igreja Católica (ano 380), tornando-a a única religião admitida no império. Isso fez com que grandes levas de pagãos ingressassem na igreja, nem sempre movidos pelas motivações mais corretas. O fato é que, no quarto e no quinto séculos, o cristianismo tornou-se a religião majoritária na parte sul do Império Romano. Com as migrações dos chamados povos bárbaros para dentro dos limites do império, os mesmos foram progressivamente cristianizados, a começar dos visigodos. A primeira tribo teutônica a aceitar a fé católica, ou seja, trinitária, foi a dos francos, no final do quinto século.
O cristianismo sofreu um golpe terrível no sexto século com o advento do islamismo, que, em algumas regiões em torno do Mediterrâneo, deteve a marcha vitoriosa da igreja. Importantes regiões e centros cristãos de grande influência foram perdidos definitivamente, como foi o caso da Síria, Palestina, Mesopotâmia, Egito, Líbia e Numídia (Cartago). Mais tarde, os turcos, também convertidos ao islamismo, haveriam de causar grandes danos à igreja grega ou oriental, com a progressiva absorção da Ásia Menor e de certas partes dos Bálcãs, até a conquista da magnífica cidade cristã de Constantinopla, em 1453. Outras regiões cristãs ocupadas pelos muçulmanos por longo tempo foram eventualmente reconquistadas pelos cristãos, notadamente a Península Ibérica. As Cruzadas, grandes campanhas militares promovidas pelos cristãos europeus com a finalidade de recuperar os lugares sagrados do cristianismo que haviam caído em mãos maometanas, fizeram muito mais mal do que bem, deixando ressentimentos que perduram até o presente. Alguém se referiu a elas como a mais trágica distorção das missões cristãs em toda a história da igreja.
Em compensação, até
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