O Que é Espiritismo
Seminário: O Que é Espiritismo. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: marcelodimas2009 • 23/5/2014 • Seminário • 1.047 Palavras (5 Páginas) • 197 Visualizações
Renovando os fastos e as fogueiras da Idade Média, o
bispo de Barcelona fez queimar em praça pública, pela mão do
carrasco, as obras incriminadas.
Eis aqui, a título de documento histórico, o processo
verbal dessa infâmia clerical:
“Aos nove dias de outubro de mil oitocentos e sessenta e um,
às dez horas e meia da manhã, na esplanada da cidade de Barcelona,
no lugar em que são executados os criminosos condenados à pena
última, por ordem do bispo desta cidade foram queimados trezentos
volumes e brochuras sobre o Espiritismo, a saber:
“A Revista Espírita, diretor Allan Kardec;
“A Revista Espiritualista, diretor Piérart;
“O Livro dos Espíritos, por Allan Kardec;
“O Livro dos Médiuns, pelo mesmo;
“O que é o Espiritismo, pelo mesmo;
“Fragmento de Sonata, ditado pelo Espírito de Mozart;
“Carta de um católico sobre o Espiritismo, pelo
Doutor Grand;
“A História de Joana d'Arc, por ela mesma ditada a
Mlle. Ermance Dufaux;
“A realidade dos Espíritos demonstrada pela escrita
direta, pelo Barão de Guldenstubbé.
“Assistiram ao auto-de-fé:
“Um padre revestido de hábitos sacerdotais, trazendo
em uma das mãos a cruz e, na outra, uma tocha;
“Um tabelião encarregado de redigir o processo
verbal do auto-de-fé;
“O escrevente do tabelião;
“Um empregado superior da administração das
alfândegas;
“Três mozos (serventes) da alfândega, encarregados
de alimentar o fogo;
“Um agente da alfândega, representando o
proprietário das obras condenadas pelo bispo;
“Uma multidão incalculável aglomerava-se nos
passeios e cobria a esplanada em que ardia a fogueira.
“Quando o fogo consumiu os trezentos volumes e
brochuras espíritas, o padre e os seus ajudantes se retiraram
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cobertos pelos apupos e as maldições dos numerosos
assistentes, que gritavam: Abaixo a Inquisição!
“Em seguida muitas pessoas se acercaram da fogueira
e apanharam cinzas.”
Seria diminuir o horror de tais atos, acompanhá-los com
a narrativa dos comentários; constatemos somente que ao clarão
dessa fogueira o Espiritismo tomou um incremento inesperado em
toda a Espanha e, como o haviam os Espíritos previsto,
conquistou, aí, um número incalculável de adeptos. Só podemos,
pois, como o fez Allan Kardec, alegrar-nos com o grande reclamo
que esse ato odioso operou em favor do Espiritismo. A propósito,
porém, da propaganda que nós mesmos devemos fazer da nossa
filosofia, nunca deveremos esquecer estes conselhos do Mestre
(Revista Espírita, 1863, pág. 367):
“O Espiritismo se dirige aos que não crêem ou que
duvidam, e não aos que têm fé e a quem essa fé é suficiente; ele
não diz a ninguém que renuncie às suas crenças para adotar as
nossas, e nisto é conseqüente com os princípios de tolerância e de
liberdade de consciência que professa. Por esse motivo não
poderíamos aprovar as tentativas feitas por certas pessoas para
converter às nossas idéias o clero, de qualquer comunhão que seja.
Repetiremos, pois, a todos os espíritas: acolhei com solicitude os
homens de boa-vontade; oferecei a luz aos que a procuram, porque
com os que crêem não sereis bem sucedidos; não façais violência à
fé de ninguém, muito mais quanto ao clero que aos seculares,
porque semeareis em campos áridos; ponde a luz em evidência,
para que a vejam os que quiserem ver; mostrai os frutos da árvore
e deles dai de comer aos que têm fome e não aos que se dizem
saciados.”
Estes conselhos, como todos os de Allan Kardec, são
claros, simples e sobretudo práticos; cumpre que deles nos
recordemos e os aproveitemos oportunamente.
*
O ano de 1862 foi fértil em trabalhos favoráveis à
difusão do Espiritismo. No dia 15 de janeiro apareceu a
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pequenina e excelente brochura de propaganda: O Espiritismo
em sua mais simples expressão. “O fim desta publicação, diz
Allan Kardec, é apresentar, em quadro muito resumido, um
histórico do Espiritismo e uma idéia suficiente da doutrina dos
Espíritos, para
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