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Álvaro de Campos

Por:   •  12/10/2015  •  Resenha  •  2.060 Palavras (9 Páginas)  •  263 Visualizações

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Álvaro de Campos

(o poeta sensacionista)

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Trabalho realizado por:

Flávia [pic 6]

A biografia[pic 7][pic 8]

   Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, nasceu em Tavira a 15 de Outubro de 1890 e tinha como profissão a engenharia. Teve uma educação comum de liceu e depois foi para a Escócia, onde estudou engenharia (primeiro mecânica e de seguida naval) em Glasgow. Visitou o Oriente e durante essa visita, a bordo, no Canal do Suez, escreveu o poema “Opiário”, dedicado a Mário de Sá-Carneiro. Desiludido dessa visita, regressa a Portugal onde acaba por mergulhar num pessimismo decadentista. A partir daí, dá também início a um intenso percurso pelo sensacionismo e pelo futurismo. Espera-o, ainda, um cansaço e um sonambulismo poético como ele prevê no poema Opiário: “Volto à Europa descontente, e em sortes / De vir a ser um poeta sonambólico”.
  Conheceu o Mestre,
Alberto Caeiro, numa visita ao Ribatejo e tornou-se seu discípulo:

  “O que o mestre Caeiro me ensinou foi a ter clareza; equilíbrio, organismo no delírio e no desvairamento, e também me ensinou a não procurar ter filosofia nenhuma, mas com alma.”

   No entanto, este heterónimo de Fernando Pessoa, distancia-se em muito do Mestre, visto que se aproxima de movimentos modernistas, tais como o futurismo e o sensacionismo. Não se enquadra no objectivismo de Caeiro e percepciona as sensações distanciando-se do objecto e aproximando-se do sujeito caindo, obviamente, no subjectivismo e acabando por enveredar pela consciência do absurdo, pela experiência do tédio, da desilusão, da fadiga.

   

O seu surgimento [pic 9]

   Álvaro de Campos surgia quando Fernando Pessoa sentia “um súbito impulso para escrever” (sem saber bem o quê), exprimindo através dele "toda a emoção" que não dava nem a si nem à vida. O próprio Pessoa considera que Álvaro de Campos se encontra no “extremo oposto, inteiramente oposto, a Ricardo Reis”, apesar de ser como este um discípulo de Caeiro.

   Álvaro é o “filho indisciplinado da sensação” e, para ele, a sensação é tudo. O sensacionismo faz da sensação a realidade da vida e a base da arte. O eu poético tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir.

   Este heterónimo aprende de Caeiro a urgência de sentir, mas não lhe basta a “sensação das coisas como são” e procura a totalização das sensações e das percepções conforme as sente. Cantor do mundo moderno, este poeta procura incessantemente “sentir tudo de todas as maneiras”, sentir tudo numa histeria de sensações, que lhe permitam identificar-se com as coisas mais aberrantes, quer seja com a força explosiva dos mecanismos, ou com a velocidade, ou mesmo com o próprio desejo de partir.

A poesia [pic 10]

   Engenheiro naval e viajante, Álvaro de Campos é caracterizado “biograficamente” por Pessoa como vanguardista e cosmopolita, espelhando-se este seu perfil particularmente nos poemas em que exalta, em tom futurista, a civilização moderna e os valores do progresso.

   Álvaro de Campos foi um poeta modernista e sensacionista, foi o cantor das cidades e do cosmopolitismo (como podemos observar no poema “Ode Triunfal”) e também da vida marítima em todas as suas dimensões (que se pode comprovar em “Ode Marítima”). Foi o cultor das sensações sem limite, poeta do verso torrencial e livre e em que o tema do cansaço se tornara fulcral. Observava o quotidiano da cidade através do seu desencanto, adoptando sempre o ponto de vista do homem da cidade. A condição humana era partilhada entre o nada da realidade e o tudo dos sonhos (visto em “Tabacaria”). Foi o poeta da angústia existencial e também da auto-ironia.[pic 11]

As três fases poéticas[pic 12]

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   Onde muitos veem apenas um Campos existem, na realidade, uma variedade de Campos. Isto porque Álvaro de Campos evolui como poeta, mais ou menos ao lado de Fernando Pessoa-ele mesmo. De todos os heterónimos, Álvaro de Campos foi o único a manifestar fases poéticas diferentes. Houve três fases distintas na sua obra:

  • Primeira Fase – Decadentista

  Nesta primeira fase, Álvaro de Campos exprime o tédio, o cansaço, a náusea, o abatimento e a necessidade de novas sensações.

   O decadentismo surge como uma atitude estética de final de século, onde há a falta de um sentido para a vida e a necessidade de fugir àquela monotonia, com a ajuda de símbolos e imagens, sendo esta fase especialmente marcada pelo Simbolismo e Romantismo.

   No poema “Opiário”, o único que retrata esta fase na poesia de Campos, podemos observar que este está insatisfeito, amargurado pela sua própria vida e, declara-se mesmo um decadente ao longo do poema. Para além disso, Álvaro refere que tem pensado muito na morte e que tem “horror à vida”, talvez porque não consegue encontrar um rumo para esta: “Deixe-me estar aqui, nesta cadeira,/Até virem meter-me no caixão./Nasci para mandarim de condição”. Campos está cansado de viver (“É antes do ópio que a minh’alma é doente”; “Esta vida de bordo há-de matar-me”),há a necessidade de experienciar novas sensações e, talvez por isso, Campos se entregue ao consumo de estupefacientes (“Por isso eu tomo ópio. É um remédio/ Sou um convalescente do Momento.”), como forma de esquecimento de tudo, de escapar à monotonia. Trata-se, no fundo, de uma entrega total ao mundo das sensações.

   Neste poema, sob a influência do Simbolismo, há a preocupação com a métrica e a rima, havendo estrofes com quatro versos (quadras) e todos os versos decassilábicos.[pic 14]

“Deste desassossego que há em mim

                           E não há forma de se resolver”

  • Segunda Fase – Futurista/ Sensacionista

           Na segunda fase, há a celebração do êxito da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna. Nos poemas pode-se sentir uma grande atracção pelas máquinas, o grande símbolo da vida moderna. Álvaro de Campos apresenta a beleza das máquinas em funcionamento e da força destas por oposição à beleza tradicionalmente concebida e também exalta o progresso técnico. Esta intensidade e totalização das sensações podem ser observadas nos poemas “Ode Triunfal” e “Ode Marítima”.

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