A Sociologia: Resenha Do Filme Que Horas Ela Volta

Que Horas Ela Volta?, é um drama brasileiro de 2015, escrito e produzido por Anna Muylaert, onde apresenta uma proposta social brasileira que representa de forma densa e complexa a diferença entre classes, papéis sociais já pré-determinados, conflitos de geração e uma relação paralela entre mães e filha real.

Somos apresentados a uma família de classe média alta brasileira típica,onde dentro dessa realidade “bem sucedida” há uma casa de boa qualidade, uma empregada de confiança que está sempre disposta a agradar aos seus patrões e uma relação familiar que possui uma rotina regular com um “q” disfuncional. Porém essa rotina é interrompida com a chegada da filha desta empregada, de personalidade questionadora e curiosa que além de desestabilizar essa harmonia, põe à prova tudo o que a empregada sentia sobre seu lugar na casa.

Val (Regina Casé) é uma empregada doméstica nordestina que mora integralmente na casa de seus patrões, num pequeno quarto,quente, apertado na lavanderia, Val originalmente foi babá de Fabinho (Michel Joelsas), e por sempre estar lá, tornou-se sua referência moral e maternal, transferindo inconscientemente todo seu amor por sua filha Jéssica (Camila Márdila) no filho único do casal. A doméstica mantém fiel a seu propósito de tentar dar uma vida melhor à sua filha durante 14 anos, aguentando tudo e sofrendo as consequência de sua escolha .

Um filme com impecáveis atuações, um roteiro bem trabalhado que nos dá uma aula de história, expõe uma realidade de desigualdade social, regional; cultura escravagista, inserção da mulher no mercado de trabalho, maternidade e Brasil patriarcal. Que Horas ela Volta?, nos mostra a figura da mulher nordestina pobre que sai de seu lar e deixa sua família para ir para São Paulo, para dar oportunidades melhores de vida à seus familiares, Val é mais uma vítima do patriarcado na sociedade, dominada por situações injustas de trabalho e classe social onde no filme nos mostram com cenas cruas e fáceis de enxergar, cenas onde Jéssica balança a cabeça de sua mãe e dos patrões dela, que com suas opiniões fomentadas por seus professores que deram a ela a necessidade de reflexão de seu lugar no mundo imposto desde seu nascimento. Afinal de contas, existe sim esse conflito de gerações entre Jéssica e Val, onde a referida está presa nessa relação de necessidade, submissão e posse,a empregada se tornou parte da decoração.

Entender os problemas abordados e os conflitos é conseguir enxergar a beleza que está por trás do longa, o filme tem seus altos e baixos, cenas com significados fortes que trazem aflição ao nosso coração mas também cenas que são balsâmicas á alma, cenas onde mostra shows de atuação acompanhadas por uma trilha sonoro que bem encaixa.