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AGUALUSA E A LÍNGUA PORTUGUESA

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Por:   •  24/2/2015  •  1.890 Palavras (8 Páginas)  •  445 Visualizações

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AGUALUSA E A LÍNGUA PORTUGUESA

Gilmara Fonseca Rodrigues

gilmarafonseca@unp.edu.br

Gustavo de Matos

gustavomts7@gmail.com

Nathalie Nadja Costa

nathalie_tchie@hotmail.com

Thiago Sousa da Silva

thyttosousa@hotmail.com

Resumo: Este trabalho aborda a escrita de José Eduardo Agualusa, a história da Angola, focando em nossa língua materna, independência do país e suas influências dos escritos literários do autor pós-colonialista. Será analisado o conto Discurso Sobre o Fulgor da Língua, relacionando-o com as geografias e a admiração à língua portuguesa.

Palavras-chave: Angola; Agualusa; Língua Portuguesa.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como foco a análise e do conto Discurso Sobre o Fulgor da Língua, do escritor angolano José Eduardo Agualusa, que nasceu nos anos 60 enquanto seu país ainda estava em guerra na busca de sua independência de Portugal. A Angola conquista sua independência em 1975, quando Agualusa ainda tinha quinze anos de idade, mas estava longe da paz, pois a guerra continuou, com as três frentes de libertação angolanas em busca do governo da nação. Esse contexto de fortes acontecimentos mais uma família de diferentes países e uma língua em comum entre essas nacionalidades proporcionaram ao escritor ricas fontes de inspiração e histórias das quais uma delas será brevemente contextualizada neste artigo.

2. DA COLONIZAÇÃO À INDEPENDÊNCIA

A língua portuguesa é a quinta mais falada no mundo atualmente, aproximadamente 250 milhões de pessoas no mundo falam português. Existem dez países no mundo oficialmente lusófonos, e a Angola é um deles com mais de 21 milhões de habitantes, estimando-se que 70% do povo seja falante da língua portuguesa. Além deles, há ainda os lugares que utilizam a língua de forma não oficial, assim o idioma é falado por uma parcela da população, são eles: Macau, Goa e Timor Leste na Oceania.

Foi durante o reinado de D. João II, em 1484, que os portugueses subindo pelo rio Zaire começam a conquista da região que incluiria Angola, que foi colonizada, e como costuma acontecer durante uma colonização teve a língua dos colonizadores adotada como oficial. A língua portuguesa permanece sendo falada no país até hoje, além de contar com seis línguas africanas reconhecidas como línguas nacionais, o ucôkwe, o kikongo, o kimbundu, o umbundu, o nganguela e o ukwanyama, e mais outras línguas africanas e inúmeros dialetos.

Na década de 1930 o desenvolvimento econômico do país teve um grande crescimento, quando se incrementa a produção de café, sisal, cana de açúcar e milho. Na década de 50 desenvolveu-se também a extração de minério de ferro. O desenvolvimento destas explorações e explosões econômicas foi acompanhado por vagas de imigrantes incentivados e apoiados pelo próprio Estado. Entre 1941 e 1950, saíram de Portugal cerca de 110 mil imigrantes com destino às colônias, e a maioria fixou-se na Angola. A mistura de povos aumentava cada vez mais, mas não parava por aí o fluxo imigratório, que prosseguiu nos anos 1950 e 60. Nessa década de 60 foi desencadeada uma luta armada contra o colonialismo português por três movimentos de libertação da Angola. Em 1968 inicia-se ainda, em Cabinda, também a exploração do petróleo, elevando mais ainda a potencialidade do país e aquecendo os ânimos. Imediatamente após a derrubada da ditadura em Portugal, em 25 de Abril de 1974, o novo governo revolucionário negocia com os principais movimentos de libertação da Angola e é implantado um regime democrático em 1975. Os três movimentos de libertação passaram então a lutarem entre si pelo controle do País. Na década de 80 a guerra continuava e em 89 após vários acontecimentos é feito um acordo de paz, mas que só durou dois meses. Em 1991 o Governo acaba com o monopartidarismo e marca as eleições para o ano seguinte, pondo um fim a guerra, mas em 92 um dos lados não reconhece os resultados eleitorais, reiniciando o conflito armado. A guerra se oficializa em 1998, e só parou em 2002, com a morte do líder do movimento que não reconhecera a derrota nas eleições.

3. INDEPENDÊNCIA DA ANGOLA NA ESCRITA AGUALUSIANA

Neste contexto que nasce e cresce José Eduardo Agualusa Alves da Cunha, em 1960, na cidade de Huambo, de família brasileira e portuguesa. É um escritor de raízes angolana, portuguesa e brasileira, e orgulhoso de suas de suas referências culturais definindo-se como afro-luso-brasileiro. Começou a dedicar-se intensivamente à literatura na década de 90, altura em que foi considerado um dos escritores da nova literatura africana, tanto no romance, como no conto e poesia. Agualusa é jornalista, sendo colaborador do jornal Público e da RDP-África (Emissora da Radiodifusão Portuguesa para os países africanos lusófonos), reside no Rio de Janeiro, Brasil, e é membro da União de Escritores Angolanos. Em língua portuguesa é um dos autores mais importantes surgidos em Angola, dividindo-se entre os três continentes, o angolano, que é jornalista e estudou Agronomia e Silvicultura em Lisboa, imprime em sua obra o destaque à relação cultural entre os países lusófonos, através da fusão das influências de cada um deles.

4. APAGANDO FRONTEIRAS COM “DISCURSO SOBRE O FULGOR DA LÍNGUA”

A narrativa se passa no Brasil e pela descrição no conto entende-se que se no passado não mais que poucos anos. O narrador é em primeira pessoa, um angolano que chegara ao Brasil e se instalara próximo ao alfarrábio de um certo Firmino Carrapato, velho alfarrabista. A terceira personagem é um português que aparece já no meio do conto e é descrito como

um homem franzino, e no entanto sólido e elegante, com o crânio raspado, uma barbicha rala, bem desenhada, uns óculos de aros redondos, em prata, que deviam ser herança de algum remoto antepassado. (AGUALUSA, 2009, p. 163)

O autor inicia sua homenagem à língua logo nas primeiras linhas, introduzindo por meio do alfarrabista que subia e descia as escadas de seu comércio cantando poesias com alto grau de musicalidade por suas aliterações:

O Velho Firmino rondava-nos vagamente por ali, sempre absorto, extraviado, soprando no ar ensopado misteriosas ladainhas. Eu via-o descer as escadas

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