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Arcadismo Português

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Por:   •  15/11/2014  •  1.349 Palavras (6 Páginas)  •  494 Visualizações

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Introdução

Em uma época em o homem passava a valorizar mais a si e suas descobertas através da razão em detrimento aos ideais defendidos pela Igreja, e em que a burguesia alcançava um poder que se contrapunha e até superava o poder da nobreza, a arte passou a buscar exemplos na Antiguidade e nos modelos renascentistas. Surge então o Arcadismo ou Neoclassicismo.

Neste trabalho, além de apresentarmos as características do período, apresentaremos informações sobre os principais autores árcades portugueses e analisaremos uma obra de seu mais conhecido artista: Bocage.

O Arcadismo

No século XVIII, o fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos filósofos iluministas formam um novo quadro sócio-político-cultural, que necessita de outras formas de expressão.

Combate-se a mentalidade religiosa criada pela Contra-Reforma, nega-se a educação jesuítica praticada nas escolas, valoriza-se o estudo científico e as atividades humanas, num verdadeiro retorno à cultura renascentista. A literatura tem por objetivo restaurar o equilíbrio por meio da razão.

Dentro deste contexto do surgimento e fortalecimento do Iluminismo, a influência neoclássica penetrou em todos os setores da vida artística européia, dando origem ao que hoje conhecemos como Arcadismo. O nome inspirou-se na lendária região da Grécia antiga, Arcádia, onde pastores viviam em harmonia com a natureza, gostavam de poesia e eram chefiados pelo deus Pã. Este período também é conhecido como Neoclassicismo, termo que é utilizado para explicitar a atitude que os escritores tinham em escrever como nos clássicos renascentistas.

O Arcadismo é um movimento de reação ao exagero barroco, que havia alcançado um ponto de saturação. Racionalmente, influenciados pelas idéias iluministas francesas, os poetas buscam a retomada da simplicidade e resgatam alguns princípios da Antiguidade, por considerarem ser este o período de maior equilíbrio e pureza. Há três princípios latinos básicos para a compreensão desse estilo de época:

• Carpe diem (aproveita o dia): máxima proposta pelo poeta latino Horácio. Significa viver o presente, aproveitando-o ao extremo, visto que o tempo passa rapidamente;

• Inutilia truncat (cortar o inútil): desejo de retirar dos textos tudo o que for excessivo, exagerado ou redundante;

• Fugere urbem (fugir da cidade): princípios de valorização da natureza, vista como lugar de perfeição e pureza, em oposição à cidade, onde tudo é conflito.

A partir destes três princípios fundamentais do Arcadismo, é possível compreender as demais características do período:

• Retomada da teoria aristotélica da arte como imitação da natureza, usando a razão. O poeta apreende o sentido de perfeição expresso pela natureza e tenta reproduzi-lo ao escrever;

• Respeito às teorias literárias dos antigos, utilizando as normas poéticas da Antiguidade;

• Simplicidade na forma e no conteúdo dos poemas; versos curtos; ausência de rimas em alguns versos;

• Bucolismo (exaltação da vida do campo, uso de cenários pastoris);

• Presença da mitologia, num retorno aos valores clássicos;

• Equilíbrio entre a razão e a fantasia, através de uma “disciplina literária” a ser estabelecida pelas Arcádias e seguida por seus membros;

• Uso de palavras simples, de fácil entendimento, sem serem vulgares;

• Desejo de dar à literatura uma função social, de caráter didático e doutrinário. A literatura deve ser acessível a todos;

• Preocupação com a finalidade moral da literatura;

• Desejo de mostrar uma realidade onde nada seja feio, idealizando-a.

O Arcadismo em Portugal e Bocage

O Arcadismo português vai desde 1756 (fundação da Arcádia Lusitana) até 1825, data da publicação do poema Camões, de Almeida Garrett, que marca o início do estilo de época seguinte – o Romantismo.

O principal autor do Arcadismo em Portugal é Bocage, que é considerado o melhor escritor português do século XVIII e, ao lado de Camões e de Antero de Quental, um dos três maiores sonetistas de toda a literatura portuguesa. Isso ocorreu porque sua obra traduz o momento transitório que viveu (1765-1805), ou seja, um período marcado por mudanças profundas, como a Revolução Francesa (1789) e o florescimento do Romantismo. Assim, a obra de Bocage, em sua totalidade, não é árcade nem romântica: é uma obra de transição, que apresenta simultaneamente aspectos dos dois movimentos literários. Foi na lírica, em especial nos sonetos, que Bocage atingiu o ponto alto de sua obra, embora também tenha se destacado como poeta satírico e erótico.

Manuel Maria Barbosa du Bocage, de origem francesa pelo lado materno, nasce em Setúbal, 1765, e falece em Lisboa, 1805. Muito cedo começa a escrever versos. Ingressa, em 1783, na Academia da Marinha, onde mantém contato com poetas e boêmios da época. Fixou-se em Lisboa, em 1790, ano que marca o início de sua atividade literária. Consegue renome, compondo uma elegia sobre a morte do filho do Marquês de Marialba. Nos últimos meses de sua vida, reconcilia-se com a religião e escreve os célebres sonetos: “Meu ser evaporei na lida insana” e “Já Bocage não sou”. Deixou-nos uma vasta obra – “Rimas” (1791 – 1804).

Pedro Antônio Correia Garção

Foi um dos fundadores e presidente da Arcádia Lusitana, também foi um dos principais doutrinadores e cultores da estética neoclássica, sendo notória na sua obra a influência de Horácio. Cultivou grande parte dos gêneros greco-latinos, destacando-se a sua célebre Cantata de Dido, recitada por Mafalda, uma das personagens de Assembleia ou Partida. Por outro lado, muitas das suas composições refletem gostos e ambientes burgueses, familiares, retratando situações cotidianas e passatempos caseiros, de forma realista. Foi um crítico da ostentação aristocrática do seu tempo, a que opôs

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