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Por:   •  4/8/2013  •  Tese  •  1.770 Palavras (8 Páginas)  •  529 Visualizações

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Leia o texto a seguir, publicado na revista Carta na Escola, em fevereiro de 2013. Em seguida, responda ao que se pede.

Um futuro amargo

Saber os caminhos dos carboidratos no nosso organismo ajuda a entender por que o excesso de açúcar na alimentação pode ser prejudicial

Hoje, o consumo de refrigerantes vem sendo destacado como um dos principais fatores responsáveis pela obesidade em crianças e jovens. É fácil observar o quanto o mercado incentiva esse consumo, pois o produto é exposto nos lugares mais visíveis das lojas e suas embalagens têm vários tamanhos, encaixando-se em qualquer refeição do dia e adequando-se a qualquer quantidade de pessoas. O médico Dráuzio Varella, em seu artigo Inimigo Público, publicado originalmente em Carta Capital, traz uma discussão ocorrida sobre a indicação do refrigerante como um dos principais responsáveis pela obesidade infantil, mostrando opiniões contra e a favor da taxação. Há dados que apontam que o consumo de refrigerantes vem aumentando significativamente no Brasil.

O refrigerante é uma bebida composta de açúcares, também denominados carboidratos, glicídios ou sacarídeos. Esse grupo de nutrientes é encontrado também em diversos alimentos, principalmente de origem vegetal, como arroz, feijão, mandioca, trigo, milho, farinha, açúcar de adição nos alimentos (sacarose), mel e frutas.

Para que servem os carboidratos? O que fazem em nosso organismo? Os carboidratos funcionam como uma forma de energia para o nosso corpo após serem reproduzidos a monossacarídeos, como a glicose. Dentro da célula, ela é quebrada formando um composto denominado ácido pirúvico, que é a matéria-prima para processos que produzem um composto altamente energético, o trifosfato de adenosina (ATP). Dessa forma, o carboidrato ingerido transforma-se em outra substância que entrega sua energia às nossas células.

O sangue transporta oxigênio graças à presença da hemoglobina, proteína que se encontra dentro das hemácias. A glicose ingerida com o refrigerante transita pela membrana das hemácias, mantendo contato com essa proteína. A partir dessa exposição, pode haver uma combinação irreversível entre glicose e hemoglobina, resultando na chamada hemoglobina glicosilada. Esse composto é bom indicador de saúde, pois, quando as taxas de glicose se mantêm altas por semanas seguidas, a hemoglobina glicosilada aparece em grande quantidade, mesmo que no momento do exame o nível da glicose no sangue não esteja elevado.

No entanto, do ponto de vista nutricional, os carboidratos não são todos iguais. Diferentes alimentos contribuem de maneira desigual para a elevação do nível de glicose no sangue (glicemia), ou seja, cada carboidrato possui certo índice glicêmico (UG). Assim, diferentes carboidratos podem provocar elevação rápida ou lenta da glicemia. Os refrigerantes possuem IG elevado, o que significa rápida elevação da glicose no sangue logo após seu consumo. Alimentos desse tipo têm sido identificados como uma das razões para o desenvolvimento de problemas de intolerância à glicose e obesidade, primeiro passo em direção ao diabetes do tipo 2.

O que fazer para reduzir o risco de doenças ligadas à ingestão de grande quantidade de carboidratos? O primeiro passo é a adoção de uma alimentação saudável, reduzindo os produtos industrializados e buscando um consumo maior de comidas naturais, como frutas e verduras. O segundo passo consiste em reduzir a quantidade de carboidratos ingeridos, além de selecionar os melhores itens desse grupo. Lembre-se de que o carboidrato é importante e deve ser consumido diariamente, porém, na sua forma mais natural e integral possível, a exemplo dos grãos integrais e alimentos in natura.

Um fator de proteção para a saúde em relação ao consumo de carboidratos é ingestão de fibras. As fibras são compostos alimentares não digeríveis. Há dois tipos de fibra alimentar: solúveis e insolúveis. As fibras insolúveis, como a celulose, são aquelas que não dissolvem em água, e dentre suas propriedades benéficas está o estímulo ao trânsito dos alimentos pelo intestino. Já as solúveis em água, presentes em alimentos como o feijão e os grãos de leguminosas em geral, são conhecidas também como nutrientes probióticos, por serem digeridas pelas bactérias que colonizam o intestino. Essas têm reconhecido efeito benéfico na saúde, como, por exemplo, pela produção de vitaminas.

Além disso, a fibra solúvel vem sendo relacionada com a redução velocidade de adsorção da glicose (redução do IG), graças a dois motivos principais: o retardo do esvaziamento gástrico e a adsorção da glicose (redução do IG), graças a dois motivos principais: o retardo do esvaziamento gástrico e a adsorção (retenção de partes de uma substância líquida ou gasosa na superfície de outra sólida) dos carboidratos digeridos. Os alimentos ricos em fibras solúveis têm uma digestão mais lenta, o que vai retardar o esvaziamento do estômago. As propriedades de adsorção da fibra solúvel deixam a glicose menos disponível para nosso organismo ao longo do trânsito intestinal. Esses dois efeitos combinados retardam a passagem da glicose para o sangue, reduzindo a velocidade de elevação da glicemia.

A ingestão de fibras é de suma importância. No adulto, ela deve ser de 20 a 30 gramas por dia. Para isso, deve-se garantir a ingestão de alimentos como acelga, alface, pepino, quiabo, cenoura, beterraba, repolho, feijão, lentilha, grão-de-bico, linhaça, e frutas, alimentos que, além das fibras, fornecem minerais e vitaminas, nutrientes necessários para uma dieta saudável.

As previsões mundiais sobre o diabetes no cenário de 2015 são alarmantes. Os jovens podem apresentar diabetes do tipo 1, que se diferencia daquele que aparece mais tardiamente, o tipo 2. A primeira é uma doença que pode aparecer até na infância e se caracteriza por altos níveis de glicose no sangue. A explicação para isso é a insuficiência de um hormônio produzido pelo pâncreas, a insulina.

O tratamento do diabetes tipo 1 baseia-se na suplementação diária desse hormônio por via medicamentos e no controle da alimentação. Outro tipo de diabetes pode aparecer mais adiante na vida, após os 40 anos, e está associado ao sedentarismo e à obesidade. A causa do diabetes tipo 2 é mais complexa e está ligada ao fato de as células, principalmente as adiposas, tornarem-se pouco sensíveis à insulina, que continua a ser produzida. De 60% a 90% das pessoas com diabetes tipo 2 são obesas. Nesses casos, quando tratadas logo no início, a educação alimentar e a atividade física podem oferecer bons resultados, e mesmo evitar a necessidade de medicamentos.

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