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Dom Casmurro

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Por:   •  2/10/2014  •  446 Palavras (2 Páginas)  •  397 Visualizações

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A partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), e depois também com Quincas Borba (1891), Machado de Assis escreveu livros com temas e estilos diferentes de seus precedentes, a saber Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia. Esses novos romances, e aqui se inclui Dom Casmurro, são chamados de Realistas por possuírem atitude crítica, objetividade, contemporaneidade.12 Alguns críticos preferem chamar este romance de "realismo psicológico",13 por apresentar o interior, o pensamento, a ausência da ação aliada à densidade psicológica e filosófica.14 No entanto, também notamos em Dom Casmurro resíduos românticos, como a metáfora erótica em relação à Capitu, "olhos de cigana oblíquoa e dissimulada".12 Ian Watt escreveu que o realismo referia-se às experiências empíricas dos homens,15 mas a recriação do passado através da memória de Bentinho, suas “manchas” de recordação, aproximam o livro também de procedimentos do romance impressionista.16

Para John Gledson, Dom Casmurro "não é um romance realista no sentido de que nos apresenta abertamente os fatos, sob forma facilmente assimilável. Apresenta-se com eles, mas temos de ler contra a narrativa para descobri-los e conectá-los por nós mesmos. Na medida em que assim procedermos, descobriremos mais não só acerca dos personagens e dos acontecimentos descritos na história, mas também sobre o protagonista, Bento, o próprio narrador."17 Assim, podemos concluir que Dom Casmurro é um romance realista voltado para a análise (ou exposição) psicológica e que critica ironicamente a sociedade a partir do comportamento de determinados personagens, no caso da elite carioca.18 Os críticos também notam certos elementos do Modernismo em Dom Casmurro. Mesmo alguns, como Roberto Schwarz, arriscam considerar que este é o "primeiro romance modernista brasileiro".3 Isso deve-se fundamentalmente a seus capítulos curtos, a estrutura fragmentária não-linear, o gosto pelo elíptico e alusivo, a postura metalinguística de quem escreve e se vê escrevendo às intromissões na narrativa, livro que permite várias leituras ou interpretações — elementos anti-literários que só seriam popularizados com o modernismo décadas mais tarde.12

Outros ainda o vêem como um romance policial, onde o leitor teria que investigar os pormenores das ações desconfiando das visões do narrador para chegar a uma conclusão sobre a veracidade do adultério,19 já que "desde o início há incongruências, passos obscuros, ênfases desconcertantes, que formam um enigma."20 Entre essas pistas estariam: a metáfora dos "olhos de ressaca" e dos "olhos de cigana oblíqua e dissimulada", o paralelo com o drama shakespeariano de Otelo e Desdêmona, a aproximação com a ópera do tenor Marcolini (o duo, o trio e o quatuor), as "semelhanças esquisitas", as relações com Escobar no seminário, a lucidez de Capitu e o obscurantismo de Bentinho, a imaginação delirante e perversa do ex-seminarista, o preceito bíblico do Eclesiastes no final do livro.21

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