Funcirs Da Lunguagem
Trabalho Escolar: Funcirs Da Lunguagem. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 28/3/2014 • 2.389 Palavras (10 Páginas) • 200 Visualizações
Funções da Linguagem Aplicadas ao Discurso
No afã de encontrar fundamentos que indiquem ser a literatura uma modalidade específica da linguagem verbal, Roman Jakobson estabeleceu as funções da linguagem, e foi, pois, no meio do Formalismo Russo que se constituiu uma teoria para explicitar a literariedade do texto artístico.
O primeiro estudioso a propor uma teoria que diferenciava um sistema de linguagem prática e um sistema de linguagem poética foi Lev Jakubinskij, em 1916. Logo em seguida, em 1921, Roman Jakobson afirmava ser a poesia uma linguagem que se valia da função estética. A palavra aparecia aí como um valor autônomo. Já em 1933-1934, o mesmo autor identificava na poesia a função poética da linguagem, que se caracteriza como palavra e sintaxe que têm peso e valor próprio. Em 1935, numa série de conferências sobre o Formalismo Russo, Jakobson volta a afirmar ser da natureza da poesia o uso dominante da função poética da linguagem. Nesse caso, a linguagem se apresenta orientada para o signo enquanto tal. Na obra poética, outras funções subsidiárias aparecem, mas elas estão submetidas à função dominante. A função poética também pode aparecer em textos não literários, mas aí ela será mera coadjuvante.
É , no entanto, de 1960 o estudo de Roman Jakobson sobre “ Lingüística e poética” que retomou suas teorias da década de 20 sobre a função estética da linguagem. O quadro teórico foi desenvolvido com base na Lingüística Geral e na Teoria da Comunicação.
A comunicação verbal baseia-se na interação dos seguintes fatores: emissor, destinatário, contexto, mensagem, contato, código. Ainda que isoladamente, esses fatores dão origem a uma função. No entanto, uma delas predomina sobre as outras.
O que significa a palavra função?
Samira Chalhub em Funções da linguagem afirma que as mensagens mostram sua marca e traço no efeito que provocam, em seu modo de funcionamento. A linguagem estrutura-se em função do fator de comunicação (referente, emissor, receptor, canal, mensagem, código) a que se inclina. Veja-se o caso da propaganda cuja marca principal é a persuasão do receptor; a organização da mensagem neste caso, implicará traços conativos da linguagem utilizada.
Os fatores interessantes no ato de comunicação são:
• Remetente: emissor, destinador.
• Destinatário: receptor, ouvinte, leitor.
• Canal: meio (jornal, emissora de rádio ou televisão, carta, telegrama, fax, telefone, diálogo).
• Código: língua portuguesa, língua inglesa.
• Contexto: referente conceitual, ambiente em que se dá a comunicação.
• Mensagem: texto (a mensagem alude a um contexto extralingüístico, ou a um referente conceitual). A mensagem literária, no entanto, é autotélica, ou seja, refere-se a si mesma. Luísa, de O Primo Basílio, não existe senão no romance de Eça de Queiroz.
A mensagem não é neutra; ela tem um objetivo, uma finalidade: transmitir conteúdos intelectuais, exprimir emoções e desejos, hostilizar pessoas ou persuadi-las, incentivar ações, esconder ou publicar fatos, evitar o silêncio.
O sentido de uma mensagem advém em parte dos fatores de comunicação a que ela se dirige. Ou seja, o sentido depende em parte dos fatores de comunicação a que ela se dirige. Ou seja, o sentido depende em parte do elemento focalizado: o remetente? O destinatário? A mensagem? O código? O canal? O referente? Por isso, uma mensagem pode ter funções diferentes conforme o fator do processo de comunicação focalizado.
A linguagem pode ser utilizada para alcançar os mais diversos fins. Dependendo do objetivo, o emissor lançará mão de determinados elementos da linguagem. Função pode ser entendida como serventia. Assim, a linguagem serve para comunicar, para exprimir emoções, para levar o receptor a uma ação, para agradar, embelezar, para esclarecer algo da própria linguagem ou, simplesmente, para manter viva a comunicação.
Função referencial ou de comunicação
Fundamento de toda comunicação; sua principal preocupação é estabelecer relação entre a mensagem e o objeto a que se refere. Por isso, denota, referencia, informa. É uma função que procura essencialmente dar à linguagem qualidades de objetividade, verificabilidade, evitando ambigüidades e confusões entre a mensagem e a realidade codificada. O redator que privilegia esta função usa vocábulos precisos para que a comunicação se estabeleça e não haja concessão à expressividade. A linguagem é exata, clara, transparente, denotativa, centrada no referente. Neste caso, há informação bruta, enxuta, sem comentários nem juízos valorativos. Lingüisticamente, a função referencial é marcada pelo uso da terceira pessoa verbal, pela ausência de valoração (portanto, adjetivação comedida) e pela pontuação racional, evitando, assim, reticências, aspas, interrogações e exclamações. Dessa forma, enquanto função valorizada principalmente pela ciência, pela linguagem burocrática e técnica, pelo jornalismo, ela ainda encontra acolhida na literatura de características realistas.
A função referencial é utilizada para produzir textos impessoais, objetivos, que são projetados para veicular informações úteis ao leitor. São classificados como textos referenciais os informes (notas informativas, comunicados, relatórios administrativos ou financeiros), as resenhas (textos que remetem a referentes reais _ acontecimentos _ e textuais _ filmes, peças teatrais, livros).
Função expressiva ou emotiva
Estabelece relação entre a mensagem e o emissor. Quando utiliza esta função, o redator, embora também exponha idéias sobre o referente (função referencial), tem em vista, principalmente, exteriorizar emoções, apresentar sua atitude em relação ao objeto, que poderá ser bom, ruim, belo, feio, agradável, desagradável. Não há preocupação com o referente nem com o receptor, mas com as afirmações do eu. A função emotiva é marcada por interjeições, pontuação (exclamação, reticência, interrogação, aspas), manifestações de alegria, medo, dor, uso da primeira pessoa verbal, por adjetivos que revelam o ponto de vista do emissor, por advérbios. Exprime a atitude do emissor diante do conteúdo que quer transmitir, diante de seu mundo ambiente. Esta função serve para revelar a personalidade do emissor, por advérbios. Exprime a atitude do emissor diante do conteúdo que quer transmitir, diante de seu mundo ambiente. Esta função serve para revelar a personalidade do emissor. As canções populares desditosas, as novelas que se centram na expressão dramática de sentimentos para comover o receptor, a pintura expressionista são manifestações dessa função. No jornalismo moderno, os editoriais podem ser classificados como mensagens que se valem da função expressiva, pois neles é relevante a presença do remetente, de seus juízos, sentimentos, juízos valorativos, subjetivos, impressionistas.
Enquanto o Realismo valoriza a função referencial, o Romantismo prioriza a função emotiva. Essas funções, no entanto, podem aparecer em qualquer movimento artístico.
O lirismo e, conseqüentemente, o poética não é exclusivo do texto exposto em verso. Há prosas que são poéticas e textos em versos que são prosa. A função expressiva é fundamental, nesse aspecto, para distinguir um texto de outro.
Função apelativa ou conativa
É a função que está centrada no destinatário; tem como objetivo influenciar-lhe o comportamento ( o termo conatus do Latim significa procurar influenciar alguém por meio de esforço); estabelece entre a mensagem e o receptor, uma vez que toda comunicação objetiva obter do receptor uma reação. É representada gramaticalmente pela segunda pessoa verbal, pelo imperativo e vocativo. Quando a situação exige objetividade, atenção rigorosa do receptor e o emissor sente que é necessário influenciá-lo a tomar uma decisão, a função de linguagem mais indicada é a conativa. Ela se desvencilha da linguagem doce, repleta de subterfúgios e eufemismos e introduz elementos de ordem. Em vez de seria interessante que você providenciasse, utiliza: insistimos que você deve providenciar, ou: providencie a entrevista, respeitando a pauta estabelecida. Atualmente, é a função por excelência das mensagens publicitárias, já que é utilizada para produzir textos impressivos, persuasivos, sedutores.
O uso da função conativa é também comum na literatura, revelando sua preocupação pragmática desde os primórdios. Na tragédia grega, por meio do terror e da piedade, o artista buscava o efeito da purificação das emoções do espectador do drama teatral. Esse efeito é chamado de catarsis. Essa preocupação moralista estava implícita na arte grega, mas não na cultura romana, que se caracteriza pela normatividade e moralismo. A arte passa então a ser concebida como apresentação de modelos a serem seguidos, visando, pois modificar o comportamento do fruidor da obra de arte. Assim, assume a função de divertir e ensinar.
Também a música popular brasileira às vezes se vale da função conativa da linguagem.
Função poética ou estética
Função da linguagem que consiste na atualização das potencialidades estruturais da língua. Estabelece relação da mensagem consigo mesma. As caracterísitcas físicas do signo (som e visualização) são valorizadas; o sentido que daí advém não é previsto numa mensagem convencional, utilizada nas relações diárias. Em um texto que utiliza a função poética, valoriza-se a forma da mensagem. Exemplos: poesia, prosa literária, textos dramáticos.
Tomando, por exemplo, um poema, os sons produzidos serão valorizados, como a macieza das consoantes bilabiais, ou a sibilância das constritivas; também o desenho do poema, da letra, a imagem que provoca na imaginação, tudo isso é valorizado.
Na prosa literária, tanto quanto na poesia, o referente é a própria mensagem. O texto não remete o leitor a uma realidade extralingüística. A preocupação não é com a verdade, mas com a verossimilhança. Às vezes, na arte literária pode até ocorrer violação e transgressão intencional da norma padrão, uma vez que há nela a criação de uma linguagem nova. Pode haver ruptura da norma, mas não do código. A intenção é produzir um texto que emocione e não produzir um texto informativo.
A função poética centra-se na própria mensagem. Nela, o ritmo, a sonoridade e a estrutura da mensagem têm importância relevante, provocando um efeito de estranhamento (espanto) no destinatário. Além disso, ensina Jakobson que a função poética projeta o princípio de equivalência do eixo da seleção no eixo da combinação. Isto quer dizer que selecionar e combinar, as duas formas de elaborar uma mensagem verbal, correspondem ao paradigma e ao sintagma. Escolhem-se os sons ou as palavras (paradigma) e estes se combinam com outros sons e palavras (sintagma).
Função fática
O objetivo da função fática é estabelecer a comunicação, controlar sua eficácia, prender a atenção do receptor, ou cortar a comunicação. Está centrada no contato físico ou psicológico. Apenas aproxima receptor e emissor. Exemplos: alô, né, não é, sabe, bom dia!, você está me entendendo? A troca de palavras serve sobretudo para criar laços. A palavra é utilizada não para transmitir algo, mas como meio para curtir uma companhia. Cumprimentos são importantes particularmente porque indicam normalidade de relações, enquanto sua ausência pode significar estemecimento de relações das pessoas de um grupo. Assim, também, as palavras de cortesia que têm a função não de informar, mas de estabelecer contato, de reconhecimento da outra pessoa, de companheirismo. Os bate-papos de final de tarde num barzinho não têm finalidade outra que o contato; o conteúdo deles é irrelevante.
Nas mensagens escritas, o uso da função fática tem em vista facilitar a comunicação.Assim, há técnicas utilizadas na comunicação escrita que possibilitam maior legibilidade ao texto, como uso de itálico, sublinhado, negrito, caracteres maiúsculos, aspas, disposição do texto na folha de papel. Além desses elementos tipográficos, há os de construção, como escolha das palavras e estruturas frasais. Há palavras, por exemplo, que são mais rapidamente percebidas como as curtas, as antigas, as de formas simples, as polissêmicas. As palavras curtas (menos de três sílabas) são decodificadas muito mais rapidamente que as longas; as antigas, já de domínio estabelecido, também são facilmente reconhecidas; as de formas simples, sem prefixação, sufixação e composição, de igual modo, permitem rapidez na decodificação. Palavras com maior carga polissêmica, em geral, são utilizadas com mais freqüência que as de menor carga monossêmica ; por isso, aquelas têm utilização maior e são decodificadas com maior rapidez.
Numa comunicação que se deseja eficaz, como é o caso do jornalismo e da publicidade, também se devem evitar as palavras raras, especializadas (jargões), preciosas e as complexas (como inteligibilidade, razoabilidade, manutenibilidade). O redator, atento à função fática da linguagem, perceberá que certas redundâncias, estrategicamente colocadas, são necessárias à legibilidade do texto.
Quanto à construção da frase, jogam contra a legibilidade da mensagem as frases excessivamente longas, recheadas de orações subordinadas intermináveis. O limite da extensão da frase depende do público-alvo do texto, mas é de notar que melhor resultado colhem as frases bem articuladas, ou seja, as que apresentam com clareza sujeito, predicado, adjuntos. Assim, as palavras que estão intimamente ligadas não devem permanecer distantes umas das outras. Palavras importantes devem ocupar lugar estratégico dentro da oração. Freqüentemente, o início da frase é lugar de maior visibilidade que o fim. Inversões sintáticas arrojadas dificultam a leitura e a compreensão do texto. Os clichês tão malvistos quanto à inventividade são às vezes justificáveis em virtude da legibilidade. Evitem-se também o excesso de pormenores, de comparações sem fim.
Mensagens científicas, filosóficas ou literárias podem empobrecer-se se as técnicas apresentadas forem considerada; no entanto, no texto jornalístico, ou nas mensagens em que se tem em vista a eficácia, a contribuição delas é relevante.
Função metalingüística
Esta função está centrada no código, isto é, seu objeto é a própria linguagem e seu objetivo é definir o sentido dos signos que dificultam a compreensão do receptor.Serve para dar explicações ou precisar o código utilizado pelo emissor. Tem por objetivo a própria língua.
Enquanto o Classicismo via a arte como uma forma de conhecer o mundo, com estilo direto, redundância de pormenores, índices de realismo ingênuo, que procura apreender o real sem ambigüidade (função referencial); o Neoclassicismo privilegia a função conativa; o Romantismo interessa-se pela função emotiva; e o Modernismo privilegia o próprio código verbal; a preocupação do artista é distanciar-se do mundo, dando à palavra valor absoluto. Por isso, volta-se para a palavra, para o fazer poético ou literário.
Não apenas a literatura moderna se vale da função metalingüística; no jornalismo também é freqüente a utilização desta função.
Simultaneidade e transitividade das funções da linguagem
A simultaneidade e a transitividade aqui dizem respeito à coexistência de várias funções numa mesma mensagem. Uma função pode existir ao lado de outra. Ora, como para cada elemento do processo de comunicação corresponde uma função da linguagem e como em uma comunicação há mais de um objetivo, em uma mensagem sempre haverá uma superposição de funções, variando apenas o grau de evidência de cada uma delas, ou hierarquia delas. A determinação da função predominante depende da finalidade da comunicação.
A organização da mensagem enfatiza uma das funções conforme o objetivo, e as demais funções dialogam subsidiando a função principal. Assim, ao lado da função referencial, numa comunicação cotidiana, poderá haver a concorrências das funções expressiva e conativa. Aliás, é muito raro encontrar numa mensagem apenas uma dessas seis funções. Freqüentemente, elas se superpõem. Uma ou outra função será a dominante e determinará o tipo de mensagem (referencial, expressiva, conativa, fática, metalingüística, poética).
Bibliografia:
ANDRADE, Maria Margarida de & MEDEIROS, João Bosco. Curso de Língua portuguesa para a Área de Humanas. S.Paulo, Ed. Atlas, 1997.
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