Lingua Portuguesa
Trabalho Universitário: Lingua Portuguesa. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Carlos1434Robert • 30/8/2014 • 783 Palavras (4 Páginas) • 369 Visualizações
Leia o texto a seguir para responder às questões de 01 a
09.
Viver mata
Estamos criando um país de covardes.
Os muros do Brasil ficam cada vez mais altos - e
cada vez mais adornados por acessórios tétricos como fios
de alta tensão e lanças pontudas. Em São Paulo,
apartamentos ficaram mais caros que casas. Há cada vez
mais guaritas nas esquinas, cada vez mais grades nas
janelas, cada vez mais holofotes nas calçadas, cada vez
mais câmeras, cada vez mais voltas na fechadura e, o que
mais me assusta, cada vez menos crianças brincando na rua.
Os carros parecem cada dia mais com fortificações - são
como jipes de guerra, isolados do mundo por detestáveis
vidros fumê, que impossibilitam o contato visual. O Brasil
está com medo.
Por que será?
Afinal, em termos concretos, o país não está
ficando mais perigoso. Os índices de crimes violentos das
nossas grandes cidades, embora continuem altos o
suficiente para serem comparados sem muita desvantagem
com zonas de guerra, estão caindo rapidamente. Os últimos
15 anos, que foram de estabilidade econômica e de redução
da nossa astronômica desigualdade, foram também de
diminuição consistente da criminalidade em boa parte do
país. Mas a sensação de insegurança andou na contramão -
ela aumentou. Aumentou muito.
Como explicar isso?
Talvez uma parte da história seja o grande
aumento da classe média. Classe média é gente que tem
algo a perder - portanto tem medo. Talvez outra parte da
história seja a fixação mórbida que a sociedade da
informação tem com violência. O tempo todo ouvimos
histórias sanguinolentas, terríveis, assustadoras. Difícil não
ter medo depois de ficar sabendo dessas coisas.
Acontece que medo é um sentimento perigoso.
Mais gente com medo significa menos gente na rua -
portanto mais crime. Significa mais gente armada, mais
gente disposta a agredir os outros (porque comportamento
agressivo é típico de gente assustada). Enfim, medo não
funciona.
Eu morro de medo do efeito que esse medo pode
ter no nosso futuro. Será que estamos criando uma geração
de gente que não vai aprender a conviver com quem é
diferente dele? Uma geração de gente que não cresceu na
rua, que não teve que se virar gerenciando os riscos
inerentes à vida? Uma geração de gente que não se garante?
(...)
Viver é perigoso mesmo. Viver mata. Mas são os
riscos que fazem a vida valer a pena. As ruas estão cheias
de perigo - não nego isso. Mas é convivendo com esses
perigos, encarando-os de olho no olho, que a gente se torna
melhor, que a gente aprende a viver (”viver é conviver”,
sempre diz minha tia-avó). Se o Brasil aprender a vencer o
medo, tem uma baita oportunidade de servir de exemplo
para o mundo de convivência na diversidade. Se não
aprender, vai virar um país besta, sem nada de especial.
http://veja.abril.com.br/blog/denis-russo, 17/02/2010
1. Sobre o texto, atente para as afirmações abaixo.
I. Incondicionalmente,
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