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Lingua Portuguesa

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Por:   •  22/9/2014  •  1.641 Palavras (7 Páginas)  •  396 Visualizações

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ATIVIDADE – AULA 4 (1,25)

Você deverá responder as questões e enviá-las por meio do Portfólio - ferramenta do ambiente de aprendizagem UNIGRAN Virtual. Em caso de dúvidas, envie mensagem no QUADRO DE AVISOS.

Você entendeu o conteúdo da aula 4? Percebeu como é importante conhecer os fatores de textualidade? Faça agora, a leitura de um artigo que contribuirá para sua maior compreensão sobre o assunto. A seguir, procure uma charge atual em um site e produza uma análise interpretativa. Não se esqueça de copiar e colar a charge que você irá interpretar.

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GHILARDI, Maria Inês. A charge jornalística e a questão da informatividade. In: AMARANTE, Maria de Fátima (Org.). Letras. Revista do Instituto de Letras da PUCCAMP. dez. 1996. n. 1 e 2. vol. 15. p. 5-11.

A CHARGE JORNALÍSTICA E A QUESTÃO DA INFORMATIVIDADE

Maria Inês Ghilardi - (Instituto de Letras - PUCCAMP)

A charge jornalística, hoje, faz parte da maioria dos jornais, dos mais conceituados aos menos poderosos, e estudá-la pode ser uma das tantas formas de conhecer esse veículo de comunicação e a sociedade à qual ele se destina.

Complementando uma pesquisa sobre a informatividade nos textos jornalísticos2 , voltamos o olhar à charge com o objetivo de investigar a carga de informações nela contida e o tipo de informação que transmite. Seu caráter informativo difere de outros desenhos, como a história em quadrinhos, pois está sempre ligada às notícias do jornal que a publica. Portanto, sem o contexto criado pelo conteúdo das notícias, não é possível interpretá-la, "ler" sua mensagem, perceber a crítica que há por trás do quadro.

Quanto à informatividade, sabemos que todo texto transmite alguma informação, pois há informações conhecidas e novas para o leitor. O sucesso do ato de comunicação é medido pela quantidade (e/ou qualidade) de informações inusitadas e inesperadas que apresenta. "Há, então, a necessidade de uma certa dose de imprevisibilidade para que um texto seja considerado aceitável pelo seu receptor. Por outro lado, para que possa ser entendido e interpretado, ele deve ter informações conhecidas, que serão o ponto de partida para a compreensão das não conhecidas". (Ghilardi, 1994: 6).

A informatividade, então, deve ser entendida como a capacidade de se acrescentar ao conhecimento do receptor informações novas e, talvez, inesperadas, conforme coloca Val (1991), ou seja, a capacidade que tem um texto de efetivamente informar o seu leitor. Constitui, assim, um dos fatores responsáveis pela intertextualidade (conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto), como aponta a Lingüística Textual, ao tomar por base para estudo o texto e não a frase isolada (Koch, 1989).

O critério de informatividade pode ser também examinado com relação à charge, visto que ela transmite alguma informação, ou mais que isso, revela uma crítica a fatos ocorridos na sociedade e relatados nas reportagens.

Como dissemos, todo texto necessita de informações novas e conhecidas; estas para estabelecer um ponto de partida ao entendimento do leitor e aquelas para efetivamente informá-lo. Levando-se em conta as charges analisadas nesta pesquisa, pode-se dizer que as informações conhecidas vêm das notícias publicadas pelo jornal e as novas são constituídas pela crítica dos fatos noticiados. Logo, há uma certa dose de imprevisibilidade necessária à aceitação do texto pelo leitor, se for observado que nem sempre a notícia jornalística vem acompanhada da crítica aos fatos.

A informação nova necessária à aceitação do texto não-verbal - o desenho da charge -, de acordo com o critério de informatividade, é, além da crítica feita aos acontecimentos, o humor gerado pela maneira como os fatos são tratados. Considerando assim, o discurso da charge classifica-se na segunda ordem de informatividade (Beaugrande e Dressler, 1981), aquela em que há um equilíbrio entre o original e o previsível.

Não poderia, por suas características de rapidez de entendimento, espaço reduzido e tipo de linguagem, enquadrar-se entre os textos de alta informatividade e imprevisibilidade, da terceira ordem, o que dificultaria sua própria compreensão.

Naturalmente, pelo aqui exposto, a charge também não se enquadraria na primeira ordem de informatividade, na qual a previsibilidade é grande e, portanto, a informatividade é baixa; nessa categoria encontra-se textos que trazem, em sua maioria, informações conhecidas, óbvias, que não despertam o interesse do leitor justamente por não transmitir, realmente, conhecimento novo.

A charge, apesar de utilizar as informações veiculadas pelas notícias, desperta o interesse pelo humor, pelas idéias implícitas, pela crítica não permitida em outros tipos de textos do próprio jornal, enfim, por revelar, possivelmente, a ideologia subjacente aos discursos sociais.

É imprescindível, ainda, "que o desenho tenha suficiência de dados, fornecidos pelos detalhes. Os estudos semióticos revelam a importância de tudo que produz significação, seja um simples traço, uma linha reta ou curva, um ponto no espaço, a luminosidade e as formas do desenho. A caracterização do ambiente e dos personagens, assim como marcas simbolizando o assunto tratado são suportes necessários à interpretação adequada. São esses os dados explícitos que vão possibilitar a leitura dos implícitos" (Ghilardi, 1995: 20). O desenho, portanto, deve ter "todos os elementos necessários à sua compreensão, explícitos ou inferíveis das informações explícitas" (Val, 1991: 31).

Ilustramos com a charge publicada no jornal O Estado de São Paulo, sobre a viagem do ex-presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, à Argentina, onde esteve com o presidente Carlos Menem. As matérias jornalísticas da época enfocaram, dentre outros temas, o da reeleição, quando o nosso governante falou, pela primeira vez (informação nova), como provável candidato às eleições de 1998. Informaram, ainda, que Menem defendeu a reeleição do colega brasileiro, chamando-o de "excelente estadista", que daria ao Brasil "a possibilidade de continuar crescendo até se converter em uma das maiores potências da Terra"3.

Enquanto as reportagens relataram o fato, inclusive com fotografias dos dois governantes, num clima amistoso, a charge (v. fig. 1) indica a intenção, de Fernando Henrique Cardoso, de espelhar-se no colega argentino, reeleito. O quadro mostra Menem colocando "minhocas na cabeça" do governante, transcrita no pessoal, ao contrário da afirmação

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