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Por:   •  7/5/2014  •  Projeto de pesquisa  •  10.164 Palavras (41 Páginas)  •  184 Visualizações

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Introdução

José Maria Eça de Queirós nasceu na Póvoa de Varzim, a 25 de Novembro de 1845, e foi um dos mais importantes escritores da literatura portuguesa do século XIX.

No seu conjunto, as suas obras exibem formas e temas muito distintos. Isso não transmite apenas um sentido agudo de insatisfação estética (patente também no facto de o escritor ter submetido muitos dos seus textos a profundos trabalhos de reescrita), mas também uma grande capacidade para prever e até antecipar o sentido da evolução literária que no seu tempo Eça testemunhou e viveu.

Os Maias, após publicado, não foi muito bem aceite pela sociedade. No entanto, hoje em dia é uma das obras mais importantes da literatura portuguesa.

Pretendemos com este trabalho obter um conhecimento mais aprofundado sobre esta obra, mais especificamente sobre o espaço e a acção.

Neste trabalho, não só exploramos o espaço físico, social e psicológico, como também a acção principal, secundária, a tragicidade da acção, entre muitos outros aspectos d’Os Maias.

Espaço Físico

Nesta obra, as características do espaço físico são muito importantes uma vez que nos levam a concluir o modo de vida e as características das próprias personagens.

Os espaços físicos apresentados ao longo da obra são os seguintes:

Santa Olávia:

Santa Olávia era o solar da família, na margem esquerda do Douro, simbolizando a vida e a regeneração dos dois varões da família, o clima ameno que lá se faz sentir representa a purificação de Afonso.

Esta é o símbolo de vida, ligada à água que contrasta com Lisboa, “a cidade degradada”.

“Carlos passava as férias grandes em Lisboa, às vezes em Paris ou Londres; mas por Natais e Páscoas vinha sempre a Santa Olávia”. (capitulo IV)

“ (…) que o prendera mais a Santa Olávia fora a sua grande riqueza de águas vivas, nascentes, repuxos, tranquilo espelhar de águas paradas, fresco murmuro de águas regantes… E a esta viva tonificação de água atribuía ele o ter vindo assim, desde o começo do século, sem uma dor e sem uma doença, mantendo a rica tradição de saúde da sua família, duro, resistente aos desgostos e anos – que passavam por ele, tão em vão, como passavam em vão, pelos seus robles de Santa Olávia, anos e vendavais”. (capitulo I)

Lisboa

Lisboa concentra a alma de Portugal, a sua degradação moral, a ociosidade crónica dos portugueses, simbolizando a decadência nacional, metaforicamente representada pela estátua de Camões. Por ser a capital, centraliza a vida económica, literária e politica do país. O retrato social que este meio físico proporciona é-nos dado pelos “Episódios da vida romântica”.

Ramalhete:

O Ramalhete localizava-se em Lisboa, Bairro das Janelas Verdes, Rua de S. Francisco de Paula

De todos os cenários, este é o que tem maior densidade e virtualidades significativas.

O Ramalhete acompanha o desenvolvimento da intriga e as catástrofes.

Fachada:

A fachada do Ramalhete foi a única secção da casa que ainda se manteve intacta depois das obras.

“Sombrio casarão de paredes severas; Com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspecto tristonho de residência eclesiástica que competia a uma edificação dos tempos da S. D. Maria I, com uma sineta e com uma cruz no topo, assemelhar-se-ia a um colégio de jesuítas”.

Jardim:

“Ao fundo de um terraço de tijolo, um pobre quintal inculto, abandonado às ervas bravas, com um cipreste, um cedro, uma cascatazinha seca, um tanque entulhado, e uma estátua de mármore (onde Monsenhor reconheceu logo Vénus litereira) enegrecendo a um canto na lenta humidade das ramagens”

As obras:

As obras começaram sob o comando de um Esteves (amigo e compadre de Vilaça), a este artista vinham-lhe ideias como: O projecto de uma escada aparatosa, flanqueada por duas figuras simbolizando as conquistas da Guiné e da Índia; uma cascata de louça na sala de jantar.

Após a vinda de Carlos, e com ele a vinda de Jones Bules, um arquitecto – decorador londrino, os planos para o Ramalhete mudaram; as obras agora tinham o objectivo de ali criar um interior confortável, de luxo inteligente e sábio.

Após as obras

O pátio:

“com um pavimento quadrilhado de mármores brancos e vermelhos, plantas decorativas, vasos de Quimper, e dois longos bancos feudais que Carlos trouxera de Espanha, trabalhados em talha, solenes como coros de catedral”.

Antecâmara:

“Revestida como uma tenda de estofos do Oriente, todo o rumor de passos morria: e ornavam-na divãs cobertos de tapetes persas, largos pratos mouriscos com reflexos metálicos de cobre, uma harmonia de tons severos, onde destacava, na brancura imaculada do mármore, uma figura de rapariga friorenta, arrepiando-se, rindo, ao meter o pezinho na água”.

O Corredor:

“Da antecâmara surgia um amplo corredor ornado com as peças ricas de Benfica, arcas góticas, jarrões da Índia e antigos quadros devotos”.

O Salão Nobre:

“ (…) Todo em brocados de veludo cor de musgo de Outono, havia uma bela tela de Constable, o retrato da sogra de Afonso, a condessa de Runa, de tricorne de plumas e vestido escarlate de caçadora inglesa, sobre um fundo de paisagem enevoada”.

Numa sala mais pequena

“ (…) Tinha um ar de século XVIII com seus móveis enramalhetados de ouro, as suas sedas de ramagens brilhantes: duas tapeçarias de Gobelins desmaiadas, em tons cinzentos, cobriam as paredes de pastores e de arvoredos”.

“Defronte era o bilhar, forrado de um couro moderno trazido por Jones Bule, onde, por entre a desordem de ramagens verde-garrafa, esvoaçavam cegonhas prateadas”.

O “fumoir”:

“ (…) Cómoda do Ramalhete: as otomanas tinham a fofa vastidão de leitos; e o conchego quente e um pouco sombrio dos estofos escarlates e pretos era alegrado pelas cores cantantes de velhas

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