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O Cortiço

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Por:   •  31/5/2014  •  475 Palavras (2 Páginas)  •  286 Visualizações

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O CORTiÇO, de Aluísio Azevedo (1890) – Roteiro de leitura

Realismo e naturalismo – Visão geral das correntes estéticas do final do século 19. A influência exercida pelos determinismos social e “natural”.

O romance retrata e problematiza um momento de fortes transformações na fisionomia urbana da corte, com a crise habitacional ocasionada pelo aumento da população e a falta de um planejamento adequado. A opção por retratar a cidade grande, seus problemas e a luta dos indivíduos contra ela reforça a tese de que o meio social age no sentido da degradação dos caracteres.

O cortiço constitui-se como um microcosmo social, imagem diminuída e concentrada da sociedade. Azevedo cria, a partir da força das descrições do lugar – que chega a se personalizar, quase atingindo a categoria de personagem – um romance de ambiente. Contribui para isso o fato de que os demais personagens mostram-se numa visão de conjunto, em que o meio é a causa da sua despersonalização. Dessa maneira, predominam os tipos humanos, vistos pela lente degradante dos seus problemas morais e comportamentais, tão cara aos naturalistas.

O tema mais importante da narrativa é a ambição e a luta pelo poder entre indivíduos da classe média (os portugueses João Romão e Miranda), que têm como conseqüência o rebaixamento dos miseráveis que vivem no cortiço. De um lado, Romão (apresentado como um self-made man sem escrúpulos, que se favoreceu de Bertoleza e a abandonou, induzindo-a ao suicídio) quer a riqueza, mesmo que a obtenha por meio da especulação, da exploração e do casamento vantajoso (com Zulmira, filha de Miranda). De outro, Miranda quer a nobreza, mesmo que seu preço seja viver uma relação de aparência – e desamor – com a mulher que o traiu (Estela).

Ao largo disso, vítima inconsciente da trama dos poderosos – sobretudo Romão – estão os pobres, vistos como “gentalha” e caracterizados pelo retrato do narrador como um conjunto de animais movidos pelo instinto e pela fome.

Nesse contexto, merece destaque a composição do triângulo Jerônimo – Rita Baiana – Firmo. O operário português, sofrendo os efeitos da adaptação ao clima degradado do cortiço, sensualiza-se e desmoraliza-se, abandonando a família – cuja filha, Senhorinha, acabará por se degradar em virtude da atitude do pai – tornando-se um malandro e um criminoso por obra da paixão que Rita lhe desperta. Ela é a imagem da mulher sensual e fácil, com os instintos sexuais à flor da pele, fruto do clima densamente erotizado do seu ambiente. Firmo é o malandro que reage violentamente à perda da amante e que sofre a vingança do oponente. A guerra entre os cortiços, provocada pela rivalidade entre Firmo e Jerônimo é o que decide o futuro do cortiço e de seus moradores. Também importante é a descrição do drama de Pombinha e sua metamorforse (sempre por força do meio) de moça e educada e respeitada em prostituta.

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