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Por:   •  8/3/2015  •  1.300 Palavras (6 Páginas)  •  132 Visualizações

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QUANDO A MORTE SE TORNA UMA EXTENSÃO DA VIDA

Tudo começou em Maio. Para ser mais exata, em uma manhã ensolarada do dia 16. Há algum tempo hematomas na perna apareceram, mas eu não dei a devida importância na época. Sempre fui desastrada, do tipo que bate em qualquer quina quando passa. As dores de cabeça ficaram frequentes, mas só fiquei preocupada quando os vômitos apareceram. Então, decidi ir ao hospital mais próximo. Depois de vários exames e uma longa espera, o diagnóstico: leucemia aguda. Definitivamente não estava esperando por isso.

Acontece que quando te falam uma coisa muito ruim, você não acredita. A ficha demora a cair. E a minha, no caso, só caiu quando a Doutora Juliana disse: “Vamos te encaminhar para uma clinica especializada.”. Após alguns dias fui submetida ao primeiro ciclo de quimioterapia, a sensação é horrível. Esse ciclo durou mais ou menos 15 dias. Depois dessa primeira etapa, fiz vários exames cujos nomes são impossíveis de se lembrar e receitaram-me milhares de remédios. Parecia, à primeira vista, um progresso.

Em poucos dias eu estava totalmente careca, pálida e inchada. Durante um ano vivi deprimida e escondida em casa. Não suportava sair na rua ou ir para o colégio e encarar a cara de questionamento ou piedade das pessoas. Passava horas na cama, lendo o mesmo livro várias vezes e comendo quase nada. Sempre morei com minha mãe, já que meu pai foi vítima de um acidente de carro e faleceu logo quando eu completara cinco anos. Não me parece ser um destino bom para ela, perder as duas pessoas mais importantes da sua vida. A única coisa pior do que morrer ainda adolescente é ter um filho que vai morrer na adolescência.

Durante dezesseis meses alcancei uma relativa melhora. Voltei a estudar por conta própria e estava, mais do que nunca, super esperançosa. Sempre me interessei por arte e história e sempre quis fazer Arquitetura na faculdade. No começo é realmente difícil, sabe? Encarar o fato de que você vai morrer mais cedo do que esperava. Então você se revolta e xinga Deus e o mundo inteiro. Mas aí você se dá conta que é melhor aproveitar enquanto pode do que esperar algo acontecer do Além, algo como uma cura milagrosa. E foi isso que eu comecei a fazer.

Foi em uma quarta-feira que tudo mudou. Acordei mais tarde que o normal, depois de uma noite de sono interrompida por dores que eu sentira na cabeça e no estômago. Fui até a cozinha preparar algo para comer e percebi que minha mãe não estava em lugar algum da casa, o que era realmente estranho. Ao terminar meu chá senti uma leve tontura, mas como era um fato comum para uma pessoa leucêmica, não me importei. A última coisa que eu me lembro antes de desmaiar era de estar indo para o banheiro. Quando acordei, estava no hospital e a Drª Juliana já estava ao meu lado. Como de costume, com um sorriso afável ela perguntou como eu estava me sentindo.

- Estou bem, só com o corpo dolorido um pouco. O que houve?

-Bárbara, as notícias são ruins. Você tem apenas 17 anos, mas o tumor evoluiu com muita rapidez. Outros ciclos de quimioterapia não serão o suficiente para combater a doença Sinto muito, mas você é considerada uma paciente terminal. Precisamos de uma medula óssea urgente!

Então começaram os testes de compatibilidade. Os resultados não foram bons: ninguém da minha família poderia doar. Depois de três longas semanas, encontraram um doador. Não poderiam divulgar o nome dele, por causa da lei do sigilo e essas coisas, a única coisa que eu sabia é que eu teria que ir até Curitiba para realizar o transplante.

A viagem foi super tranqüila. Chegamos numa sexta feira e eu estava me sentindo surpreendentemente bem. Eu e minha mãe fomos de ônibus, já que o percurso todo durava apenas 3 horas. Eu prefiro viajar de ônibus, já que assim posso contemplar diferentes paisagens e relaxar escutando minhas músicas clássicas preferidas. Sim, eu gosto de músicas clássicas. Um pouco estranho uma adolescente curtir Chopin, eu sei. Mas é a única coisa que me acalma.

Nós ficamos em um bairro chamado Santa Felicidade, em um “Cama e Café” localizado próximo a Igreja Matriz de São José. A proprietária do lugar, Dona Rosa, era uma velhinha simpática de uns sessenta e poucos anos e nos recebeu super bem. O transplante ocorreria dali a uma semana, já que eu teria que fazer, mais uma vez, uma série de exames. Durante esse tempo disponível decidimos visitar alguns pontos turísticos recomendados por Dona Rosa.

O primeiro lugar que nós fomos foi à Casa das Pinturas. O nome diz respeito às pinturas feitas por imigrantes que se intercalam com as janelas na parede externa da casa. Achei bem interessante, já que estava tudo bem preservado.

No

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