SOLIDAR TROT

TROTE SOLIDÁRIO

No primeiro dia, foram desenvolvidas atividades preventivas, como realizações de teste de glicemia capilar (dextro), aferição da pressão arterial, massagem, e em todas essas atividades os alunos veteranos, emitiam orientações, para o melhor bem estar da saúde, não substituindo a presença de um profissional, mas de forma educativa.

Já no segundo dia, teve-se a presença de professores e colaboradores do SAMU, ensinando prática de primeiros socorros, e como atuar em casos de Praia do Futuro, do diretor Karim Aïnouz, é um filme sobre um personagem que emerge das profundezas para a superfície, um brasileiro que se reinventa no exterior. É também um filme de contrastes: começa com uma morte e acaba como uma celebração da vida, e inicia-se no calor do Brasil e termina no frio da Alemanha.

A narrativa é dividida em capítulos e no primeiro, dois turistas alemães e parceiros de Motocross resolvem dar um mergulho na Praia do Futuro, no Ceará, e um deles acaba se afogando, apesar dos esforços do salva-vidas Donato (interpretado por Wagner Moura). Essa morte, no entanto, acaba modificando o destino de outras vidas. Sentindo-se culpado, Donato encontra o outro alemão, Konrad (Clemens Schick), dá a ele a notícia da morte do amigo e, não demora muito, os dois homens estão transando no banco de trás de um carro.

Com o tempo, Konrad se recupera do seu luto e volta para o seu país. No segundo capítulo, vemos Donato e Konrad juntos na Alemanha, para onde o brasileiro viajou, aparentemente num impulso, e ambos estão tentando construir uma vida a dois por lá. E no terceiro capítulo, o irmão mais novo de Donato, Ayrton (Jesuíta Barbosa), vai até a Alemanha para reencontrar o irmão, desencadeando um conflito familiar.

Tudo isso é narrado por Aïnouz com uma ênfase nas imagens e nas sensações que elas provocam. Em vários momentos do filme não há diálogos, e apenas as imagens fazem com que possamos compreender a história e os sentimentos dos personagens. É um filme que frequentemente deixa seus personagens sozinhos, e nesses momentos eles revelam suas emoções. Por exemplo, após o treino dos salva-vidas na beira da praia, Donato é o único a hesitar a entrar na água, expondo assim o seu temor e a culpa dele por não ter salvado o alemão. Depois, na Alemanha, a simples visão de um avião voando deixa clara a vontade de Donato em voltar para o Brasil.

Ele é brasileiro demais para se adaptar à Alemanha – em certo momento, diz a Konrad que não consegue viver num lugar “sem praia”. No entanto, o filme é hábil em retratar a mudança interior do personagem. Com o tempo, ele parece compreender – e aceitar – que não era realmente feliz no Brasil. É sutil o comentário feito pelo filme sobre a condição homossexual, afinal não deixa de ser curioso o fato de Donato só sentir realmente à vontade para viver sua sexualidade no exterior. Com o tempo, ele aprende a chamar a Alemanha de lar, pois é lá que ele pode ser quem realmente é.

Assim, os contrastes do filme se tornam ainda mais evidentes: de repente, o calor e a beleza das paisagens brasileiras se tornam meio opressivas e vazias, enquanto o personagem e seu amante só conseguem realmente serem felizes no frio alemão. Mesmo assim, o longa não cai no maniqueísmo: no terceiro capítulo, vemos que Donato ainda não deixou para trás completamente