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Trabalho De Portugues

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Por:   •  16/11/2014  •  633 Palavras (3 Páginas)  •  258 Visualizações

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Fita verde no cabelo (João Guimarães Rosa)

O conto abaixo foi publicado no jornal O Estado de São Paulo, com ilustração de Agi Strauss, mas não sei a data de publicação. Encontrei-o num recorte de jornal colado à contra capa da 6ª Edição de “Grande Sertão: Veredas” que herdei de meu tio paterno. Apenas para ter uma referência cronológica, a edição é de 1968, o livro foi comprado em 1969 e meu tio morreu em 1973. Ao menos sabemos em que intervalo de tempo isso aconteceu. Ao que parece, esse conto foi incluído no livro “Meus primeiros contos” (uma coletânea de vários autores, pela Nova Fronteira) e aqui http://fwd4.me/vxw.

Trascrevo-o.

FITA VERDE NO CABELO

Nova velha estória de João Guimarães Rosa

Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.

Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia. Fita-Verde partiu, sôbre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.

Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Então, ela, mesma, era quem se dizia: –”Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou”. A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são. E ela mesma resolveu escolher tomar êste caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vindo-lhe correndo, em pós. Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeiínhas flôres, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa. Vinha sobejamente.

Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu: — “Quem é?”.

–”Sou eu…” — e Fita-Verde descansou a voz. — “Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou”.

Vai, a avó, difícil, disse: — “Puxa o ferrôlho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençôe”. Fita-Verde assim fêz, e entrou e olhou.

A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: — “Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo”. Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grnade fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almôço. Ela perguntou:

– “Vovòzinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!”

– “É porque não vou poder nunca mais te abraçar,

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