Tudo Sorte
Trabalho Universitário: Tudo Sorte. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Kekaum • 28/5/2014 • 4.503 Palavras (19 Páginas) • 376 Visualizações
Com os dólares que juntou nesse período, veio tentar a vida no Brasil, chegando aqui no fim da década de 20 do século passado. Aos 22 anos iniciou sua vida no Rio de Janeiro, ainda capital do país, como condutor de bonde – carro 50/90. Álvaro, um então rapaz impetuoso, brigou com um fiscal da linha de bondes, socando-o. Deixou o emprego, arrumou suas coisas e voltou para Portugal. Mas ele tinha grandes sonhos e sua terra natal não lhe oferecia, naquele momento pós-guerra, condições de conquistá-los, por isso voltou sozinho para a terra que assumiu como sua até a morte, em 30 de abril de 1993, aos 88 anos de idade.
Pessoa de forte personalidade, modesto e muito inteligente, logo mostrou seu lado empreendedor.
Estabeleceu-se no bairro de Olaria, comprou uma vila de casa na rua Uranos, para alugá-las, porém teve muitos problemas com inquilinos, logo vendendo-a . Unindo-se a seu compadre em sociedade, compraram uma padaria em Olaria, padaria Globo – negócio comum aos portugueses que vinham tentar melhorar de vida no Brasil. Não custou a indenizar seu sócio e tocar o negócio sozinho.
Casou-se com Edith, da família Rego, que dá nome a várias ruas de Olaria. Teve duas filhas, Maria Rita e Leopoldina no início da década de 30. Separou-se e logo depois se uniu a Nisete, que trabalhava em sua primeira padaria, com quem viveu até o fim de sua vida.
Apesar da pouca instrução, era muito arrojado, começou a transformar suas padarias em confeitarias de luxo e dar nome a elas de lugares e casas suntuosas de Lisboa. Foram Tivolí, Carmoly, Rivolí entre outras. Suas padarias eram um sucesso e pessoas de vários bairros vinham procurar doces e sorvetes oferecidos somente nelas.
Atraído pelo ramo da construção civil, comprou um grande terreno na esquina da Praça do Carmo (entre a Av. Brás de Pina e Estrada Vicente de Carvalho) e no final da década de 40, início da de 50, construiu o primeiro grande edifício naquele local, então um lugarejo de passagem e sem muito valor comercial, na época essa que a Av. Brás de Pina ainda não era calçada e, em um dos seus lados, passava um valão de águas poluídas e o bonde da Light, ainda corria sobre os trilhos, no percurso Penha Vaz Lobo e Penha Madureira, na Estrada Vicente de Carvalho.
Deu-se início através desse primeiro prédio de luxo, que ainda contava com 29 lojas comerciais no térreo, o progresso da localidade, pois surgiram compradores de todas as partes da cidade, inclusive da região serrana do Rio de Janeiro. Seu empreendimento seguinte foi comprar três terrenos que ligavam os fundos do prédio construído junto à Estr. Vicente de Carvalho, onde ergueu um grande cinema, mais lojas e apartamentos, praticamente tomando todo o quarteirão.
Com sua pouca experiência ainda nesse ramo, algumas vezes teve que valer-se de sua criatividade, quando por exemplo quando comprou uma enorme quantidade de azulejos diversos e coloridos. O volume era muito grande e não combinavam com a arquitetura imperante, porém resolveu usá-los e dizer aos compradores que era a última moda no Canadá.
Álvaro da Costa Mello2Acima, Álvaro da Costa Mello é terceiro da esquerda para a direita sentado assinando uma escritura.
Nessa época, o senhor Mello já contava com o auxílio de seu fiel escudeiro, que o acompanhou por quase toda vida, seu secretário Eduardo Farinha, que nos relatou todos esses fatos.
Agitado e sem paciência para esperar a evolução das suas construções, uniu-se em sociedade com seu melhor amigo, senhor Wilson Xavier, para a construção de lojas nas estações de trem da Estrada de Ferro da Leopoldina, tendo construído lojas em praticamente todas as estações da linha férrea.
Perspicaz, resolveu então voltar-se para Bonsucesso, já que o bairro mais valorizado da zona da Leopoldina era Ramos. Começou a construção de edifícios (Av. Teixeira de Castro, 10, Rua Bonsucesso, 280 / 290 / 440, Rua Cardoso de Moraes, 173, Rua Bonsucesso, 161, Av. Teixeira de Castro, 51, Rua Cardoso de Moraes, 118 / 80), todos prédios de até seis pavimentos. Incitado por um amigo que afirmou que ele só construía fugareiros – prédios pequenos – ele resolveu construir o maior edifício da Leopoldina, com quatorze pavimentos, na Rua Cardoso de Moraes, 221, ainda hoje conhecido nas redondezas com Mellão.
As construções não paravam e seguiram-se prédios comerciais, residenciais e um edifício garagem em Bonsucesso e além de vários outros, em diversos bairros da Leopoldina. Essas edificações podem ser reconhecidas na sua maioria pelas cores azul e branco, fruto do seu amor pelo Olaria Atlético Clube. Segundo alguns, o grande visionário, construiu e realmente transformou Bonsucesso, um alagadiço existente até meados do século, em um bairro.
Do Mello Tênis Clube foi um dos fundadores a 52 anos atrás. Como nos conta o Vice-Presidente do Clube, Ricardo Tavares, logo na primeira reunião dos amigos da Praça do Carmo, com a intenção construírem um lugar onde pudessem divertir-se com suas famílias, resolveram que o nome do futuro clube seria em sua homenagem. O sr. Álvaro, sempre irriquieto, juntou-se a empresários da localidade e construiu o maior clube social daquele lugar, que nada devia em instalações, praças esportivas, piscinas e tudo que era preciso para a grande clube.
Em 01/02/1955 assinou a compra do terreno do clube. Com sua ajuda, inclusive financeira, o clube hoje tem 4800 sócios, quadra de tênis, piscinas, salão de festas, entre outros atrativos para a comunidade da Vila da Penha. Além da participação ativa no clube, ajudava oferecendo aos compradores de seus apartamentos, títulos de sócio proprietário.
Foi Patrono, Presidente e Vice-Presidente, entre outros cargos no Olaria Atlético Clube. É uma pessoa muito querida e lembrada até hoje por todos, pois demonstrava sempre bom humor e consideração. Contam-nos os funcionários que com ele conviveram que, quando ele entrou para o clube, o Olaria era apenas um terreno sem muros e já estava afastado da Federação. Ele então programou uma festa e com sua influência convidou o doutor João Lyra Filho, então presidente da CDB (Confederação Brasileira de Desportos) e pediu que o clube voltasse a figurar entre os federados. O dr. Lyra Filho garantiu-lhe a volta do clube, se ele murasse e construísse uma arquibancada.
Pedido feito, pedido cumprido e o Olaria voltava a participar dos quadros da Federação Esportiva.
Como patrono do Olaria Atlético Clube e do Mello Tênis Clube, nunca deixou de prestigiá-los, apesar de, como bom português,
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