A Indisciplina Na Escola
Exames: A Indisciplina Na Escola. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: ISRAELENOBRE • 1/10/2013 • 2.270 Palavras (10 Páginas) • 612 Visualizações
A INDISCIPLINA NA ESCOLA
A indisciplina na escola é caracterizada como falta de controle de impulsos e baixa tolerância a frustrações; comportamentos inadequados, como agressões a colegas e professores, desrespeito e dificuldades de aceitação e cumprimento das normas e regras disciplinares, muitas vezes, desacato à autoridade dos professores e destruição do patrimônio escolar (BÖCK, 1996; REGO, 1996).
As regras que implicam valores e formas de conduta estão relacionadas aos limites. Estes devem ser interpretados como o que não pode ser feito ou ultrapassado e também como no sentido de situar, dar consciência da posição ocupada dentro de um espaço social: a família, a escola, a sociedade como um todo (LA TAILLE, 1998). Assim, a indisciplina seria característica daquele que não tem limites, que não respeita a opinião e sentimentos alheios, que apresenta dificuldades em entender o ponto de vista do outro, que não consegue dialogar e conviver de modo cooperativo com seus pares (REGO, 1996).
As relações familiares são muito importantes no desenvolvimento humano consequentemente, o estilo educativo tem grande influencia na formação educacional (OLIVEIRA, 1995). Baumrind (apud PREDEBON, 2005), desenvolveu pesquisas sobre os estilos educativos parentais e nomeou uma tipologia de estilos parentais, classificando-os em: autoritário, autorizante e permissivo. O estilo autoritário caracteriza-se pela obediência, pelo respeito à autoridade, pelo trabalho, pela tradição dos pais e pela preservação da ordem. Não há estímulo à comunicação aberta e bidirecional entre pais e filhos. Os padrões são rígidos, utiliza-se a punição e, muitas vezes, a força física para disciplinar os filhos. Já o estilo educativo autorizante caracteriza-se pelo estabelecimento de limites e regras claras, com explicação sobre estas regras, suporte emocional, autonomia, comunicação clara, aberta e bidirecional, onde os pais estimulam os filhos à independência e individualidade. Por fim, o estilo educativo permissivo inclui pais muito tolerantes, pouco autoritários, que utilizam o mínimo de punição possível, fazem poucas exigências por comportamentos maduros e permite uma considerável auto regulação por parte dos filhos. Diante de situações de conflitos, não estabelecem limites e parâmetros.
Moreno e Cubero (apud Rego, 1996) se reportam às consequências de cada um destes estilos educativos. O estilo de uma educação familiar autoritária manifesta aspectos como a obediência e organização, timidez, apreensão, baixa autonomia e autoestima. Como são privadas de entender as justificativas para as normas impostas, tendem a orientar suas ações deforma a receber gratificações e evitar o castigo, demonstrando valores morais pobremente interiorizados. O estilo autorizante, mais democrático, proporciona aos filhos significativo autocontrole, melhor autoestima, capacidade de iniciativa, autonomia e facilidade nos relacionamentos. Demonstram a interiorização dos valores morais difundidos nas famílias e parecem ser capazes de assumir posturas mais por seus valores intrínsecos que por temor a sanções externas. Já o estilo permissivo, devido às poucas exigências e controle dos pais proporciona mais alegria e disposição às crianças, mas estas se mostram mais impulsivas e imaturas, e apresentam dificuldades para assumir responsabilidades. A escola completa a função educacional da família. Como agente de socialização, transmite conhecimentos, habilidades e atitudes necessários ao desenvolvimento e ajustamento do indivíduo à sociedade (OLIVEIRA, 1995). Para isso, precisa de normas e regras que orientem o seu funcionamento e a convivência entre seus membros. São compreendidas como condições necessárias ao convívio social, e sua internalização e obediência podem levar o indivíduo a uma atitude autônoma e libertadora, pois orienta e limita suas relações sociais (AQUINO, 2000).
A maneira de interpretar a indisciplina ou a disciplina acarreta implicações na prática pedagógica, pois fornece elementos que podem interferir nas interações estabelecidas com os alunos, na definição de critérios de avaliação de desempenho na escola e no estabelecimento de objetivos a alcançar. Também, a visão de professores, técnicos, pais e alunos, sobre as causas da indisciplina é um aspecto capaz de influenciar o processo educativo desenvolvido na escola (REGO, 1996). Os professores podem ver a indisciplina como um sinal dos tempos modernos, revelando saudosismo das práticas escolares e sociais que não davam margem à desobediência e inquietação por parte das crianças e adolescentes; ou como o reflexo da pobreza e da violência presente no contexto social, fomentada pelos meios de comunicação; ou como reflexo da educação recebida na família, assim como da dissolução do modelo nuclear familiar; ou ainda, como traços de personalidade dos alunos. Os alunos costumam dirigir suas críticas ao sistema escolar, e a indisciplina seria causada pelo autoritarismo nas relações escolares, a qualidade das aulas, a organização dos espaços e horários, o pouco tempo de recreio, a quantidade de matérias incompreensíveis, pouco significativas e desinteressantes, a aspereza de determinados professores, a falta de clareza dos educadores, as aulas monótonas, ausência de regras claras, etc.(REGO, 1996). Já outros profissionais da comunidade escolar, como diretores, coordenadores, etc., e muitos pais atribuem a responsabilidade pela indisciplina ao professor em sua falta de autoridade, ou poder de controle e aplicação de sanções A disciplina estaria ligada à ordem, submissão e respeito à hierarquia, e a ideia de autoridade se confunde com autoritarismo (DAVIS e LUNA apud REGO, 1996).
Para Aquino (2000) a indisciplina escolar deve ser analisada sob um prisma histórico baseado em condicionantes culturais ou sob uma matiz psicológica, em relação à influência das relações familiares. Do ponto de vista histórico, a disciplina desenvolvia-se basicamente na obediência e subordinação, e o professor era hierarquicamente superior, detinha o respeito alheio e, mais próximo da lei, tinha como prerrogativa a punição. Sua função principal era modelar moralmente os alunos, assegurar o cumprimento das regras e normas mais amplas, incluindo os deveres escolares. Com a democratização da sociedade, as relações sociais se transformaram e surgiu um novo sujeito histórico, mas como padrão pedagógico permanece a imagem do aluno submisso e temeroso. As escolas, com um caráter elitista e conservador, para classes mais abastadas, passaram a ser mais democráticas e o ensino expandiu-se para outras camadas sociais. Entretanto, esta escola continuaria num velho sistema não adaptado a este novo sujeito histórico. A indisciplina
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