A Revisão Radioproteção
Por: Larissa Bárbara • 26/11/2020 • Projeto de pesquisa • 1.820 Palavras (8 Páginas) • 81 Visualizações
A proteção radiológica refere-se ao conjunto de princípios e medidas que objetivam resguardar o ser humano, e o ecossistema, de possíveis efeitos indesejáveis decorrentes do uso de radiações ionizantes, através do planejamento e da implementação de protocolos de segurança, é possível compreender que o principal objetivo da radioproteção é proteger a sociedade, as equipes multidisciplinares que atuam no contexto da saúde, e os pacientes, dos efeitos nocivos iminentes no uso da radiação, principalmente durante a realização de exames.
O fato é que o avanço tecnológico, onde Mendes (2004), Bernardo, Almeida e Morgado (2016) destacam como sendo um processo praticamente irreversível, acabou impulsionando a criação de novas tecnologias, modernizando a realização de exames e diagnósticos, os equipamentos, as técnicas e as metodologias.
Bernardo, Almeida e Morgado (2016) afirmam que com o aprimoramento e a evolução tecnológica, que, consequentemente, facilitou a execução de exames radiológicos, como por exemplo a Tomografia Computadorizada (TC), ocorreu um aumento progressivo das solicitações e execuções desse tipo de exame.
Segundo os autores, mesmo com os exames radiológicos auxiliando em diagnósticos mais precisos, trazendo certo conforto e segurança aos médicos, assistentes e aos pacientes, o excesso deles tem causado preocupação no meio médico e científico, por causa do efeito cumulativo da radiação ionizante, principalmente quando os pacientes são crianças e adolescentes. (BERNARDO; ALMEIDA; MORGADO, 2016)
Bernardo, Almeida e Morgado (2016) descrevem que a preocupação com o efeito cumulativo da radiação ionizante em pacientes crianças e adolescentes, reside na questão fisiológica, por apresentarem nesta fase tecidos que ainda estão em desenvolvimento, e por terem mais sensibilidade estão mais expostos aos riscos dos efeitos da radiação.
De acordo com Bernardo, Almeida e Morgado (2016), quanto mais jovens os pacientes, maiores são os riscos. Os autores apontaram em seu estudo, que existem várias pesquisas pelo mundo que demonstram essa probabilidade, como por exemplo a pesquisa realizada em 1990 nos Estados Unidos, onde foi comparado o risco à crianças expostas a realização de exames como a Tomografia Computadorizada (TC) com crianças não expostas, que estimou um aumento de 0,18% no risco de morte por câncer de uma criança de 1 ano após a exposição à radiação de uma TC de abdome e o aumento de 0,07% após a exposição a uma TC de crânio, enfim, evidenciando a existência de riscos que não podem ser desconsiderados.
Este mesmo estudo, segundo os autores, apontou que nos Estados Unidos na década de 1990, foram realizadas cerca de 600 mil Tomografia Computadoriza (TC) de abdome ou de crânio por ano em crianças com menos de 15 anos. E deste total de crianças, 500 morreram de câncer atribuído ao exame. Riscos também apontados em pesquisas realizadas no Reino Unido (1985/2002) e na Austrália (2000/2005).
Ou seja, a realização excessiva de exames radiológicos, sem a devida observação dos parâmetros e protocolos de segurança, nacionais e internacionais, aumentam os riscos iminentes na assistência diagnóstica.
Nesse sentido, Mendes (2004) destaca em seu artigo que as ações e os protocolos de proteção radiológica também evoluíram, visando acompanhar o compasso da evolução tecnológica, e, a utilização crescente das radiações ionizantes, independente da área ou do segmento, não pode estar dissociada da conscientização sobre a necessidade de também se preocupar com o aperfeiçoamento dos parâmetros de proteção.
Segundo Mendes (2004), no passado não muito distante, a preocupação com a proteção radiológica era restrita à algumas áreas cientificas e, com o avanço do processo de globalização, houve a disseminação de discussões sobre as operações com a radiação ionizante, onde as instituições de diversas áreas passaram a debater sobre incorporação e à implementação de novas tecnologias de radioproteção, motivando a realização de várias pesquisas nesse sentido.
Como a pesquisa descrita por Bernardo, Almeida e Morgado (2016), realizada em hospital privado do Estado de São Paulo, entre 2012 e 2013, cooperado de um sistema de saúde suplementar, em específico na área de urgência e emergência pediátrica, por meio de acompanhamento do número de requisições de exames radiológicos.
O objetivo da pesquisa citada por Bernardo, Almeida e Morgado (2016) foi obter dados e informações que proporcionasse discussões sobre a implementação de medidas, por meio de uma estratégia de proposta de criação de uma Carteira de Radioproteção, para reduzir a exposição de crianças ao risco da radiação ionizante, estimulando a capacitação e a conscientização dos profissionais de saúde e dos familiares, sobre os perigos da radiação excessiva no hospital pesquisado.
A pesquisa, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), avaliou os atendimentos e a proporção de exames radiológicos solicitados, analisando o impacto sobre o serviço de saúde e sobre a clientela atendida.
De acordo com Bernardo, Almeida e Morgado (2016), entre o período da pesquisa e campanha foram distribuídas cerca de 17 mil Carteiras de Radioproteção, acompanhadas dos esclarecimentos, dados, informações e orientações sobre os exames radiológicos, e deveriam ser observadas e apresentadas todas vez que se procurasse atendimento médico.
A pesquisa e campanha, apresentada por Bernardo, Almeida e Morgado (2016), apontou que os pediatras entenderam, de forma gradual, que a Carteira de Radioproteção, ao longo do tempo se tornaria um instrumento muito útil na conscientização dos pais sobre a exposição dos filhos a exames desnecessários, que podem pôr em risco a sua saúde. Haja vista que muitos pais chegavam na consulta, no hospital, já solicitando e pressionando o médico a pedir exames radiológicos, sem noção do risco de exposição.
Após a campanha de reeducação, orientação e conscientização, os médicos pediatras, as equipes multidisciplinares, diretores, do quadro do hospital pesquisado, romperam antigas resistências, ao entenderem a necessidade de cruzar os muros da academia e observar a realidade da práxis diagnostica, propondo um repensar comportamental em busca de soluções executáveis.
O resultado após a campanha de orientação e conscientização sobre os efeitos e danos iminentes na exposição da radiação ionizante, foi uma racionalização considerável na realização dos exames radiológicos, evidenciada ao se comparar o número de exames feitos no setor de urgência e emergência pediátrica durante o período da pesquisa, o que, consequentemente, produziu efeitos positivos na proteção das crianças e adolescentes durante as intervenções clinicas, enquanto pacientes em tratamento. ( BERNARDO; ALMEIDA; MORGADO, 2016).
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