A Telenovela Atual
Trabalho Universitário: A Telenovela Atual. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: yannay • 8/11/2014 • 2.083 Palavras (9 Páginas) • 222 Visualizações
A busca pela qualidade e inovação
Por Tcharly Magalhães Briglia em 29/07/2014 na edição 809
A telenovela é o produto de maior sucesso e repercussão da televisão brasileira desde a década de 1970. Comparada à paixão nacional pelo futebol, a novela continua sendo um elemento cultural identificador do nosso povo. A ascensão de novas mídias e as mudanças no comportamento do público, no entanto, mostram que o nível de abrangência dos folhetins eletrônicos tem diminuído gradativamente. As histórias campeãs de audiência não alcançam mais a mesma repercussão. Cada ponto da pesquisa Ibope, que equivale a 65 mil telespectadores, é buscado com a mesma intensidade, uma vez que as metas idealizadas pela Rede Globo não se concretizam há muito tempo.
Tal situação põe em xeque o espaço da telenovela na vida do brasileiro? Em parte, sim. Embora seja evidente que muitos ainda não possuem acesso à televisão por assinatura e ainda vejam a Globo como única referência de TV no país, a cada ano os números da audiência têm mostrado a migração do público para outras mídias e outros canais.
Desde que assumiu a direção-geral da Globo, Carlos Henrique Schröder anunciou que não existem mais metas numéricas, mas sim, a busca pela qualidade e inovação. Ementrevista concedida ao jornal O Globo no início do ano, Schröder falou sobre a aposta em formatos mais curtos, como as séries semanais com episódios continuados (caso de O Caçador) e em novelas e minisséries com tons mais inovadores, a exemplo da possibilidade de uma novela inédita entrar no ar na faixa das 23h, em 2015. É louvável a iniciativa da inovação se sobrepor à audiência, mas a “fuga” do público é digna de estudo e cautela. Em pouco tempo, tem se visto um afastamento cada vez mais intenso do telespectador.
Antes de discutir a situação da Globo, Record e SBT também se mostram como painéis importantes para análise. Silvio Santos conquistou o mérito de fazer da sua emissora o espaço-mor para as tramas infantis. O sucesso de Carrossel e Chiquititas comprova o potencial do público mirim para o consumo de produtos midiáticos. Não por acaso, o SBT tem se favorecido com os números da audiência na faixa das 20h30.
A Record, por sua vez, vive uma situação bem diferente e não muito agradável.
Poucos atores têm renovado os seus contratos e o casting da emissora está cada vez mais seleto. Seja por opção da casa ou por escolha do artista, os contratos da segunda maior produtora de novelas do Brasil estão sendo encerrados e as perspectivas para o futuro da emissora são desanimadoras. Vitória, a atual trama no ar, no horário das 21h15, além de ter como difícil missão a concorrência direta com a novela das 21h da Globo, estreou em período de Copa e com protagonistas, em geral, de pouco carisma, fatores que trouxeram a atmosfera de fracasso. Embora seja escrita por uma das mais competentes dramaturgas do canal, Cristianne Fridman, Vitória teve a má-sorte de estrear em uma fase marcada pelo descaso da Record com a dramaturgia. Não faltam profissionais de talento na emissora, mas falta uma política de divulgação dos produtos e investimento em novos formatos e em horários que tragam o devido retorno. A Record de hoje em nada se assemelha com a emissora que abalou a hegemonia de novelas da Globo na década passada. Ainda em 2014, haverá a estreia de Plano Alto, do talentoso Marcílio Moraes, autor da bem-sucedida Vidas Opostas (2006) Trata-se de uma minissérie de temática política que pode agradar em cheio, caso não seja colocada em um horário ingrato e diminuída com a estreia da nova edição do reality A Fazenda. As minisséries bíblicas encontram um espaço e um público tímidos. No ano que vem, será a vez de estrear a primeira novela com temática religiosa, Os Dez Mandamentos. Ultrapassar os dez pontos de audiência, para a Record, no quesito novelas, já seria um marco e tanto para o quadro atual.
Narrativa capaz de convencer
Na Globo, os ares são de intensa reformulação. As novelas das 18h nunca viveram um movimento tão grande de tramas curtas e diferentes, em tese, uma das outras. A espinha dorsal do melodrama se mantém em todas elas, mas nota-se uma tentativa desenfreada de agradar todo e qualquer público. A “antiga” meta de 25 pontos não é atingida desdeFlor do Caribe (2013). De lá pra cá, os números oscilam de forma preocupante. De 2011 até hoje, tem se visto muitas histórias com potencial e popularidade, mas que em nada se comparam com o padrão de audiência que o horário já apresentou. A tentativa de inovação é a marca de todas elas. Com Cordel Encantado (2011), o universo fantástico nordestino ganhou ares de conto de fadas. A Vida da Gente (2011-2012) mostrou-se como uma grande crônica de costumes, em um estilo bem próximo dos bons tempos de Manoel Carlos. A autora, Lícia Manzo, volta em 2015 com uma nova história. Amor, eterno amor (2012) foi mais uma novela de temática espírita que nada trouxe de novo.Lado a Lado (2012-2013) ganhou o Emmy, mas não conquistou um grande público, apesar da reconhecida qualidade. Flor do Caribe (2013) foi uma versão anos 2000 deTropicaliente. Joia Rara muito prometeu e pouco repercutiu.
Com Meu Pedacinho de Chão, remake da trama de Benedito Ruy Barbosa, Luiz Fernando Carvalho trouxe sim, muita inovação. A atual trama das 18h não é um sucesso de audiência, mas fez uma revolução no horário, ao rever os limites da verossimilhança e exacerbar nas doses de onirismo. A novela é uma fábula colorida, leve, moderna e tradicional ao mesmo tempo e movimentou o público fã do gênero. Foi uma das grandes inovações já vistas nas novelas globais, nos últimos anos. Ao sair de cena no dia 1º de agosto, vai ser lembrada como uma trama que cumpriu com seu dever de entreter com qualidade. Para substitui-la, Ruy Vilhena chega com seu primeiro voo-solo no Brasil:Boogie Oggie, que chama a atenção pelas chamadas criativas e pelo revival das danceterias, algo que pode conquistar o público sedento de grandes histórias. Aliás, o departamento de publicidade da Globo merece o reconhecimento pelas chamadas de novelas, cada vez melhores.
Às 19h, a emissora tem se dado ao luxo de fazer experiências cada vez mais questionáveis e com baixa repercussão. Há muito tempo não se chega à marca dos 30 pontos (considerando a Grande São Paulo). Desde o término de Sangue Bom (2013), o horário não apresenta uma trama típica das comédias “açucaradas do horário”. Inovar é preciso, mas exagerar é um risco. A novela que acabou em maio, Além do Horizonte, não convenceu o público, embora a narrativa de aventura construída
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