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A fábula Dos Porcos Assados

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Por:   •  5/10/2013  •  1.825 Palavras (8 Páginas)  •  5.075 Visualizações

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A fábula dos porcos assados

(copiado da internet)

Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque. Os porcos que ali viviam foram assados pelo fogo e suas peles duras pururucaram, tornando-se apetitosamente crocantes. Os homens daquela região, habituados a comer carne crua, degustaram os porcos transformados em torresmos e acharam delicioso o sabor e o aroma da carne assada. A partir dessa revolucionária experiência gastronômica, toda vez que desejavam comer porco assado e torresmo incendiavam todo um bosque inteiro.

Os homens daquela região montaram um aparato técnico, científico e administrativo monumental para o assamento de porcos. Este aparato foi crescendo assustadoramente passando a envolver milhões de pessoas.

Foram desenvolvidas máquinas e equipamentos sofisticados para executar tarefas de diversos tipos; funcionários foram especialmente treinados para acender fogo e incendiar bosques e alocados em núcleos regionais para trabalhar em períodos diurnos e noturnos. Surgiram, ainda, especialistas em ventos, em chuvas, em árvores, em bosques, em pururuca e torresmo e, enfim, especialistas de todos os tipos possíveis e imagináveis. Os cargos foram surgindo sem parar: o de diretor geral de assamento, o de diretor de técnicas ígneas com seu Conselho de Assessores, o de administrador geral de reflorestamento, o de diretor disso e daquilo, além de centenas de cargos de chefia e sub-chefia. Foram criados departamentos para o treinamento profissional em Porcologia, institutos superiores de cultura e técnicas alimentícias e diversos centros responsáveis pelas reformas de caráter igneooperativo. Foi formulado um Plano Nacional para a Formação de Bosques, Planabo, cuja meta plurianual seria implantar bosques de acordo com as técnicas mais modernas de reflorestamento. Foram trazidos do exterior cientistas para o estudo e seleção das melhores variedades de árvores e sementes, para o estudo de fenômenos pluviométricos, para o estudo do fogo e de matrizes de porcos e para desenvolver pesquisas sobre o extraordinário fenômeno da pururucagem. Poderíamos ficar dezenas de anos seguidos descrevendo o faraônico aparato instituído para coordenar, implementar, controlar e manter todo o gigantesco processo.

Apesar da enorme soma de recursos públicos investidos no funcionamento deste gigantesco aparato, no processo de assamento os animais ficavam, ou parcialmente crus, ou demasiadamente tostados, desagradando milhões de paladares cada vez mais refinados.

As queixas eram justificadas: os impostos pagos para custear o aparato eram escorchantes, a poluição causada pelos incêndios e a qualidade da carne assada, devido, supostamente, à ampliação da escala de produção, cada vez piores. Foram aumentando os protestos na imprensa, crescendo as insatisfações na opinião pública, os políticos aproveitando para fazer promessas de campanha e as mobilizações da comunidade tornando consensual a necessidade urgente de reforma no modelo de assamento de porcos.

Congressos, seminários e conferências passaram a ser realizados na busca de uma solução para o problema. Apesar do extraordinário esforço empreendido por milhares de especialistas em assamento de porcos, inclusive com títulos de doutor obtidos no exterior, os resultados alcançados eram desanimadores. Repetiam-se, assim, os congressos, seminários e conferências. Os especialistas continuaram insistindo que as causas do mau funcionamento do sistema eram a indisciplina dos porcos, que não permaneciam onde deveriam ficar no momento do incêndio do bosque; a natureza indomável do fogo e dos ventos; e, ainda, a má seleção das variedades de árvores, muitas delas inadequadas para o assamento, a excessiva umidade da terra e o insatisfatório serviço de meteorologia que não fornecia informações exatas sobre o lugar, a hora e a quantidade da precipitação de chuvas. Os especialistas formaram correntes de pensamento e desenvolveram doutrinas que geraram disputas acirradas nas Universidades. Milhares de obras de cunho científico foram publicadas, lançadas revistas com prestígio internacional, criados cursos de pós-graduação para formar cientistas além de institutos para desenvolver pesquisas sobre porcos e assamento de porcos.

Até que, certo dia, João Bom-Senso, um incendiador categoria C, nível 4, classe INC, percebeu que o problema era de fácil solução. Bastava, primeiramente, matar, limpar e cortar o porco escolhido e, depois, colocar a carne numa armação metálica sobre carvão em brasa, até que, sob o efeito do calor, a carne ficasse assada. A grande vantagem desse método era a possibilidade de cada um temperar a carne de acordo com o seu paladar e assá-la em sua própria casa reunindo os amigos para beber, conversar, solidificar laços de cunho político, religioso, profissional e/ou apenas afetivo.

Tendo sido informado sobre as ideias subversivas deste perigoso funcionário, o diretor geral de assamento mandou chamá-lo ao seu gabinete e, depois de ouvi-lo pacientemente, disse-lhe em tom incisivo:

— Tudo o que o senhor me explicou é teoricamente muito bonito, diria até maravilhoso, mas jamais funcionaria na prática. O que o senhor faria, por exemplo, com os anemotécnicos, caso viéssemos a aplicar a sua bem intencionada idéia? Onde seriam empregados os pesquisadores que produzem todo o conhecimento necessário para aperfeiçoar as técnicas de incêndio e de reflorestamento?

— Não sei, disse João.

— E os especialistas em sementes? Em árvores importadas? E os desenhistas de instalações para porcos e os operadores de máquinas para destrinchar carne assada?

— Não sei.

— E os cientistas que ficaram anos seguidos especializando-se no exterior e cuja formação custou tantos recursos ao país? E os pesquisadores que têm trabalhado na elaboração do Programa de Reforma e Melhoramento do Sistema de Assamento de Porcos? O quê faço com eles se a solução que o senhor me traz resolver tudo?

— Não sei, repetiu João, encabulado.

— O senhor percebe que a sua “maravilhosa” idéia pode desencadear uma crise de proporções catastróficas no país? O senhor não vê que se tudo fosse tão simples, nossos especialistas já teriam encontrado a solução há muito, muito, tempo atrás? O senhor, com certeza, compreende que eu não posso simplesmente convocar os milhares de técnicos, engenheiros e pesquisadores com PhD e dizer-lhes que tudo se resume a utilizar brasinhas, sem chamas, para assar porcos, e bye-bye para todos vocês! O que o senhor espera que eu faça com os quilômetros e quilômetros quadrados de bosques já preparados, cujas árvores não dão frutos e nem têm folhas para dar sombra e abrigo aos pássaros?

— Não sei, não, senhor.

— O senhor não reconhece que nosso Instituto de Porcopirotecnia é constituído por personalidades científicas do mais extraordinário gabarito?

— Sim, eu acredito que sim.

— O que eu faria com figuras de tão grande importância para o país?

— Não sei.

— Viu? O senhor não sabe de nada! O que precisamos são soluções viáveis para problemas práticos específicos. Por exemplo, como melhorar as anemotécnicas atualmente utilizadas, como formar rapidamente profissionais para preencher as vagas existentes na região Oeste do país ou como construir instalações para porcos com mais de sete andares que sejam funcionais. Temos que caminhar muito ainda para aperfeiçoar o sistema, o senhor me entende? O que precisamos, acima de tudo, é de sensatez e não de belas intenções!

— Realmente, eu estou perplexo!, respondeu João.

— Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não saia espalhando por aí a sua insensata idéia. Pode ser muito perigoso. O problema é bem mais sério e complexo do que o senhor jamais poderia imaginar. Agora, entre nós, recomendo que não insista nessa sua idéia boba pois isso poderia trazer problemas para o senhor no seu cargo. Não por mim, o senhor entende. Eu falo isso para o seu próprio bem, porque o compreendo, entendo perfeitamente o seu posicionamento, mas o senhor sabe que pode encontrar outro superior menos compreensivo, não é mesmo?.

João Bom-Senso não falou mais um a. Meio atordoado, meio assustado, envergonhado por ter transmitido a sua estúpida idéia ao diretor geral, saiu de fininho e ninguém nunca mais o viu. Os boatos se espalharam e tornou-se hábito dizer em reuniões de Reforma do Sistema, em tom de chacota, de forma cínica até, que falta Bom-Senso.

Anarqui Liberdade

EXERCÍCIO PARA NOTA DE PARTICIPAÇÃO (1,0)

QUESTÕES PARA ANÁLISE DO TEXTO “A FÁBULA DOS PORCOS ASSADOS”

1- Qual a visão de ciência (conhecimento científico) que o texto transmite? Você concorda ou discorda? Por quê?

Resposta: Não concordo nesse texto como uma visão cientifica, pois a ciência procura métodos maneiras para realização de uma atividade que seja exercida várias vezes e que der certo e gera resultados de forma sistematizada e estudada e esse povo determinava funções e fazia assamentos de porcos de forma desestruturada.

2- Em sua opinião, no texto, o conhecimento popular ou do senso comum tem ou não tem, influência na construção do conhecimento científico ou ciência? Justifique sua resposta.

Resposta: De fato no texto o conhecimento popular influenciou e impulsionou as pessoas a criar maneiras planejadas para assar porcos sendo mal planejadas, decisão sem pensar direito, mas não concretizou pois se gerou problemas futuros que não foram solucionados porque foram criadas estratégias a curto prazo e não pensaram no futuro e nas mudanças que ocorreram no ambiente e no comportamento das pessoas.

3-Analisando o texto, até que ponto a ciência está à disposição da ideologia dos dominantes ou cientistas? Faça uma analogia com a ciência contemporânea.

Resposta: As pessoas aceitava ao que a ciência estava afirmando sobre a maneira de assar os porcos, a ideia de João fugia do que a ciência afirmava, e que as pessoas mesmo criticando aceitava , é o retrato que acontece no mundo atual onde a ciência é elevada em varias áreas da sociedade, e as teorias formuladas pelos cientistas são tidas como verdades e quando são questionadas não são aceitas, pois os mesmos acreditam que as suas verdades são absolutas.

4- Sabendo que o método é o caminho para se aproximar da verdade de determinado fenômeno. Qual o método que os doutores usavam e qual foi o novo método proposto? Justifique sua resposta.

Resposta: O método que os doutores usavam era egoísta, onde simplesmente apresentavam causas do problema, como o mau funcionamento do sistema, a indisciplina dos borcos, a má escolha das arvores, o clima, etc. Não importa a verdade é que eles não queriam chegar à verdade. Enquanto um simples funcionário apresentou a solução para tudo, com um método que pluralista que beneficiaria a todos.

5-Redija a moral da história (a mensagem que a fábula transmite).

Resposta: Analisando o texto podemos perceber que vários métodos foram utilizados para resolver a solução de como os porcos seriam assados, e que ficassem ao ponto em que todos gostassem, sem ter que incendiar o bosque todas as vezes.Diante de tantos métodos para chegar a desejada solução,nada servia.Mais a solução de todo o problema estava diante dos seus olhos. Bastava, primeiramente, matar, limpar e cortar o porco escolhido e, depois, colocar a carne numa armação metálica sobre carvão em brasa, até que, sob o efeito do calor, a carne ficasse assada. As vezes a solução de nossos problemas estão bem a nossa frente ,como era o caso dos porcos assados.É apenas questão de decisão certa na hora certa independente de conhecimentos e formação.

A moral da história é que nem sempre queremos saber a opinião das pessoas menos favorecidas, e muitas vezes tratamos com indiferença. Onde na verdade ela pode ser mais inteligente do que pensamos.

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